Classe média ao alcance de todos

103

Os dois maiores desafios da sociedade brasileira são, pela ordem, promover o crescimento econômico e diminuir as desigualdades sociais. Sendo que o segundo desafio nada mais é que consequência do primeiro. No entanto, quando se cogita a possibilidade de diminuir o distanciamento entre as classes aqui no Brasil, infelizmente logo vem à mente dos mais privilegiados, a tal da distribuição de renda, que apesar de ser algo politicamente correto, nunca irá avante do modo que se prega, ou seja, tirando dos mais ricos para dar aos mais pobres, como fazia Robin Hood.
Todos falam em distribuir renda, mas a renda dos outros. O grande conflito por que passam os detentores de grandes fortunas e o empresariado de modo geral é optar pela razão ou pela emoção. A razão diz que é melhor dividir, mas a emoção nem sempre acompanha, diria nunca.
Vamos pensar no seguinte quadro: continuando esse distanciamento de classes do modo que está configurado ou piorando, a tendência é que haja uma revolução social. É nítido que as pessoas não aguentam mais serem alijadas do mercado consumidor quando os meios de comunicação as incitam às compras todos os dias. Pensam: Se eles têm, por que eu não posso ter? Isso gera revolta e a revolta gera descontrole e, muitas vezes, violência, ainda mais entre os jovens, com o sangue à flor da pele.
Não será melhor então tentarmos diminuir a pobreza e alargarmos a classe média no país? Parece que sim. Mas o lado emocional cisma em não querer dividir riqueza. E é nesse ponto que eu preciso tocar. Não creio também em Robin Hood, acredito numa solução, que por incrível que pareça, é óbvia e agrada a todos sem ser necessária uma revolução do proletariado, como defendia Karl Marx. Voltemos ao início do artigo. Lá eu defendo que a diminuição das desigualdades será consequência do crescimento da economia. E me parece nítido que seja esse o caminho. Aumentando o bolo de forma significativa, ao dividi-lo, as pessoas que vivem na pobreza ou mesmo na miséria, terão um padrão muito melhor. E isso é possível. A luta então muda de foco. Ao invés de patrões contra empregados, ambos devem se unir e cobrar de um terceiro, o governo, sem esquecer também de suas próprias responsabilidades. Às classes menos favorecidas e sindicatos de categoria, eu diria que o melhor é se engajar na luta pelo crescimento econômico ao invés de tentar ganhar migalhas através de greves, geralmente infundadas e que interferem de modo catastrófico na produção. Aos empresários e sindicatos patronais, conclamo maior coragem e velocidade para que tirem seus projetos rapidamente do papel e invistam diretamente na produção. A concorrência é um fator primordial nessa empreitada, já que obriga o empresário a melhorar cada vez mais a qualidade de seus produtos e força a queda dos preços. Antes era melhor produzir pouco, somente para uma classe abastada. Hoje em dia, a luta é para ganhar participação no mercado e somente com aumento de produção isso se torna viável.
Cumprindo suas obrigações, empregados e patrões devem cobrar do governo duas importantes medidas: baixar a carga de juros e fazer a reforma fiscal. A elevada carga tributária e os juros elevados afastam o pequeno investidor, mola mestra da economia. São eles que empregam mais e mantêm a nação andando. Essa união importante entre trabalhadores e empresários vai forçar o governo a dançar no mesmo tom, como estamos observando na negociação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O momento precisa ser de união. Ao invés de três posições contrárias, trabalhadores, empresários e governo devem se unir e buscar, juntos, o crescimento da economia e, aí sim, proclamar a Justiça Social.

José Arthur Assunção
Presidente do Sindicato das Financeiras dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo e diretor da ASB Financeira.

Espaço Publicitáriocnseg

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui