CNC aponta prejuízo de R$ 97 bi à economia com enchentes no RS

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Enchente no Rio Grande do Sul (RS)(Foto: Giulian Serafim/Prefeitura de Porto Alegre)
Enchente no Rio Grande do Sul (Foto: Giulian Serafim/Prefeitura de Porto Alegre)

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que a tragédia climática no Rio Grande do Sul, que completa três meses na próxima segunda-feira, pode causar perdas de até R$ 58 bilhões no Estado e R$ 38,9 bilhões em outros estados, totalizando cerca de R$ 97 bilhões para a economia brasileira em 2024. O impacto potencial no PIB do Rio Grande do Sul pode chegar a 9,86%, com efeito de até -1% no PIB brasileiro. A tragédia pode resultar na perda de 195 mil empregos no Rio Grande do Sul e 110 mil empregos em outros estados, totalizando 305 mil empregos, 7,19% do estoque de empregos formais no Rio Grande do Sul e 0,69% em nível nacional. Confira aqui a íntegra do estudo elaborado pela CNC.

Para mitigar os efeitos, o Governo Federal anunciou um pacote de apoio ao Rio Grande do Sul de R$ 46,1 bilhões, incluindo recursos, antecipações de benefícios e crédito. O estado avalia necessitar de R$ 19 bilhões para reconstruir sua infraestrutura. No entanto, esses esforços precisam ser complementados com outras ações. A CNC apresenta sugestões em três eixos temáticos: para preservação dos empregos (redução proporcional da jornada de trabalho e salários, suspensão temporária de contratos com compensação financeira, flexibilização do trabalho remoto, antecipação de férias e utilização de bancos de horas); acesso a crédito (programa de crédito para pagamento de folha salarial, standstill para linhas de crédito públicas, renegociação de dívidas tributárias e redução a zero do spread bancário do BNDES) e alívio tributário (diferimento de seis meses para pagamento do Simples Nacional e impostos federais e criação do Programa Perse-RS, com redução de alíquotas para o setor de turismo até 2027).

Conforme o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, tanto as estimativas quanto as sugestões da Confederação têm o objetivo de orientar a retomada econômica do Rio Grande do Sul e minimizar os impactos negativos da tragédia climática.

“A rápida implementação das medidas de auxílio é muito importante para evitar efeitos prolongados e danos adicionais à economia gaúcha e à brasileira como um todo”, reforça Tadros.

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O presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac-Rio Grande do Sul e 2º vice-presidente da CNC, Luiz Carlos Bohn, reitera a necessidade de que as medidas a serem traçadas tenham um viés de resiliência.

“O Rio Grande do Sul passou por uma tragédia histórica, com perdas que não se restringem apenas ao momento atual. Muita infraestrutura e muito capital privado de famílias e empresas foram destruídos. Para amenizar as perdas futuras, é necessário auxiliar todos que foram atingidos direta e indiretamente no Estado e, fundamentalmente, garantir que isso jamais se repita nas proporções vistas recentemente”, ressalta Bohn.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, afirma que “a reconstrução do Rio Grande do Sul exigirá esforços contínuos e investimentos substanciais para restaurar a economia e os empregos perdidos”. A tragédia tende a afetar a atividade econômica, inflação e dinâmica fiscal de todo o país. O comércio, os serviços e o turismo sofrerão duramente caso as medidas mitigatórias não sejam implantadas de maneira efetiva. O estudo aponta uma perda diária de R$ 5 bilhões no comércio, equivalente a 31,5% do valor previsto para maio. A infraestrutura e o abastecimento foram afetados, resultando em uma queda de 28% no fluxo de veículos de carga nas estradas. O Rio Grande do Sul representa 7% do volume de vendas no varejo brasileiro. As perdas no comércio podem chegar a R$ 10 bilhões, 5% do faturamento de 2023.

No turismo, a perspectiva é que o setor tenha perdas superiores a R$ 49 milhões por dia, acumulando até R$ 2 bilhões de perdas até junho de 2024 e podendo chegar a R$ 6 bilhões em 2024. O Rio Grande do Sul foi responsável por 6% do faturamento do turismo no Brasil, em 2023. A perda de faturamento pode representar até 21,4% do total faturado em 2023, no Estado. A infraestrutura de transporte comprometida é um grande risco, com a interrupção do fluxo de turistas, por conta do fechamento do aeroporto de Porto Alegre e rodovias afetadas.

Além disso, o Rio Grande do Sul é um grande produtor agrícola, responsável por cerca de 6% do PIB estadual, com a produção de arroz representando 1%. A indústria do estado relevante na transformação de máquinas, produtos químicos e veículos, também será afetada.

Ontem, a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha S/A recebeu financiamento de R$ 100 milhões do BNDES para garantir liquidez da empresa, afetada pelo evento climático extremo que atingiu o Rio Grande do Sul.

Os recursos serão destinados ao capital de giro para suporte às necessidades de liquidez mais imediatas da concessionária.

“A operação faz parte do esforço do Governo Federal para recuperação dos danos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A instituição financeira está comprometida em esforços com nossa rede parceira”, afirmou a diretora responsável pelo Programa Emergencial do BNDES para o Rio Grande do Sul, Maria Fernanda Ramos Coelho.

De acordo com a concessionária, em sua malha viária foram registrados pontos de bloqueio total de tráfego, bem como diversos tipos de danos à estrutura rodoviária, tais como deslizamentos de terra, afundamentos, fissuras e trincas no pavimento, queda de árvore, acúmulo de água na pista, erosão e obstrução de drenagem.

A concessionária explora 271,54 km que atravessam três serras – Serra de Farroupilha, Serra de Antônio Prado e Serra de Carlos Barbosa – e o Vale do Caí. A malha atende 18 municípios que tiveram o estado de calamidade pública decretado: Antônio Prado, Bento Gonçalves, Bom Princípio, Campestre da Serra, Capela de Santana, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Ipê, Montenegro, Portão, São Leopoldo, São Sebastião do Caí, São Vendelino, Triunfo e Vacaria.

“O BNDES, em seu esforço de apoiar a recuperação do Rio Grande do Sul, buscou com a operação garantir a continuidade das operações da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha”, ressaltou a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática, Luciana Costa.

A concessionária participou, no primeiro momento, da liberação emergencial do fluxo de veículos em sua malha rodoviária. A atuação se concentrou notadamente nas barreiras que desabaram sobre as rodovias, nas cabeceiras de pontes e nos sistemas de drenagem que não suportaram o volume das chuvas, na mobilização de todo seu efetivo operacional, bem como o reforço de pessoal terceirizado, máquinas e equipamentos contratados para estas tarefas.

Com informações da Agência Brasil

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