CNC diz que varejistas estão pessimistas pela primeira vez em quatro anos

Apesar disso, Instituto para Desenvolvimento do Varejo projeta aumento de vendas nominais de março a maio

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Shopping vazio (Foto: ABr/arquivo)
Shopping vazio (Foto: ABr/arquivo)

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) registrou queda de 2,6% em março em relação a fevereiro, marcando a quarta retração consecutiva e alcançando 99,2 pontos, o menor nível desde junho de 2021, quando foi de 98,4 pontos. A comparação anual também revelou tendência negativa mais intensa, com diminuição de 9,1% numa análise anual.

A pesquisa, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou que a Expectativa para a Economia (Icec) apresentou a maior queda, de 5,5%, atingindo 109,5 pontos, o nível mais baixo desde julho de 2020. Apesar de os empresários ainda manterem uma visão otimista sobre as perspectivas futuras, essa confiança está em patamar cada vez menor, refletindo a incerteza prevalente no cenário econômico atual.

“A redução da confiança continua em março assim como foi na pesquisa de fevereiro. É um termômetro de uma economia mais complexa e desafiadora que 2025 apresenta. Com isso, o empresariado vem tomando, cada vez mais, decisões cautelosas para os seus negócios”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

A Condição Atual da Economia também mostrou resultados desfavoráveis, com retração de 5,1%, permanecendo abaixo dos 100 pontos. Essa diminuição é acompanhada por uma queda de 26,8% na comparação anual, alinhando-se a um contexto de juros elevados e uma trajetória econômica complexa em comparação ao primeiro trimestre do ano passado.

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O subindicador de Intenções de Investimentos também apresentou recuo de 1,1% em relação ao mês anterior e de 2,2% em comparação a março de 2024, atingindo 98,1 pontos, o que indica preocupação crescente entre os comerciantes. Essa tendência é corroborada pela Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que registrou queda de 1,4% pelo sexto mês consecutivo.

“Diante desse cenário que a pesquisa nos apresenta, ressaltamos a necessidade de atenção às atuais tendências econômicas e de investimento para que sejam priorizadas medidas que visem à recuperação da confiança do empresariado e à melhoria das condições de consumo no País”, avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.

A retração na confiança do empresário do comércio foi observada em todos os segmentos, com destaque para o varejo de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos, que enfrentaram queda de 4,4%. O segmento de eletroeletrônicos, móveis e decorações, cine/foto/som, materiais de construção, veículos também experimentou recuo significativo, alcançando 97,2 pontos, pela primeira vez abaixo da marca de 100 pontos desde maio de 2021.

Todos os segmentos apresentaram piora nas expectativas, com o setor de bens não duráveis liderando a queda mensal com 5,3%. A Intenção de Investimentos nas Empresas também mostrou variação negativa em todos os segmentos, com ênfase em supermercados, farmácias e lojas de cosméticos, que atingiram 98,9 pontos.

Apesar disso, o Índice Antecedente de Vendas (IAV) do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) nominal, que considera a participação das atividades no volume total de vendas do comércio varejista medido pelo IBGE, apresenta previsão de crescimento de 5,2% em março, 6,4% em abril e 5% em maio, sempre em relação aos mesmos meses do ano anterior. Em fevereiro, houve alta de 3,6%.

Já os últimos dados apresentados pelo IAV-IDV ajustados pelo IPCA, de fevereiro/25, apontam queda de 0,3% em março, alta de 0,8% em abril e nova queda de 0,5% em maio. Em fevereiro, a variação nominal registrou queda de 1,4% em relação ao mesmo mês de 2024.

As projeções são feitas a partir dos dados individuais que cada associado do IDV informa em relação à sua expectativa de faturamento para os próximos três meses. Esse conjunto de empresas que compõem o índice possui representantes em todos os setores do varejo e corresponde a, aproximadamente, 20% das vendas no varejo brasileiro.

No setor de híper e supermercados, fevereiro teve alta de 0,7% em relação ao mesmo mês de 2024. Para março, abril e maio, as previsões são de crescimento de 6,8%, 8,5% e 5,4%, respectivamente.

No setor de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, fevereiro teve alta de 3,7% em relação ao mesmo mês de 2024. Para março, abril e maio, as previsões são de crescimento de 2,3%, 7% e 3,1%, respectivamente.

No setor de material de construção, fevereiro teve alta de 9,8% em relação ao mesmo mês de 2024. Para março, abril e maio, as previsões são de crescimento de 11,4%, 11,3% e 12,7%, respectivamente. No setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico, fevereiro teve alta de 11,3% em relação ao mesmo mês de 2024. Para março, abril e maio, as previsões são de crescimento de 10%, 11,7% e 11,7%, respectivamente. No setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, fevereiro teve alta de 10,9% em relação ao mesmo mês de 2024. Para março, abril e maio, as previsões são de crescimento de 10,4%, 9% e 10%, respectivamente.

No setor de móveis e eletrodomésticos, fevereiro teve alta de 16,2% em relação ao mesmo mês de 2024. Para março, abril e maio, as previsões são de crescimento de 14%, 13,7% e 16,5%, respectivamente. E no setor de tecidos, vestuário e alçados, fevereiro teve alta de 9,9% em relação ao mesmo mês de 2024. Para março, abril e maio, as previsões são de crescimento de 5,2%, 7,9% e 2,3%, respectivamente.

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