De acordo com deputados, o apagão nos dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é causado pela falta de verbas. Segundo o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP): o CNPq “tem sido alvo prioritário da política anticientífica do governo Bolsonaro. A agência sofre com cortes orçamentários irresponsáveis que resultam em seu desmonte. O objetivo é destruir o sistema nacional de C&T. Falsos patriotas”, escreveu em suas redes sociais.
O parlamentar lembrou ainda que o Congresso Nacional aprovou o PLC 135/20, que proíbe o contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), e denuncia, que, ilegalmente, o governo Bolsonaro continua mantendo a verba de R$ 5 bi presa para acelerar o desmonte do CNPq e da C&T.
O líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), concorda com a crítica de Orlando silva. Segundo Freixo, o apagão no CNPq é mais uma consequência da guerra de Bolsonaro contra a produção científica brasileira. “O orçamento do órgão para 2021 é o menor dos últimos 20 anos. Quando o Brasil mais precisa da ciência, bolsas e pesquisas estão paralisadas. É um projeto de destruição nacional”, criticou.
O deputado José Guimarães (PT-CE) considerou o apagão um fato gravíssimo. “Portal do CNPq fora do ar e possibilidade de apagão no currículo Lattes são reflexo do obscurantismo e do descaso do governo Bolsonaro com a educação e a produção científica no país. Falta investimento, reconhecimento e incentivo aos pesquisadores. Falta o básico”, protestou.
Apagão
Desde esta terça-feira, quem tentou a acessar a plataforma Lattes, onde ficam hospedadas todas as informações dos pesquisadores, bem como os seus trabalhos desenvolvidos, não consegue.
Em seu Facebook, o Prof. Dr. José Palazzo Moreira de Oliveira, titular do Instituto de Informática da UFRGS, publicou que “Sobre o CNPq, estamos desde sábado tratando de resolver com a Dell um apagão no controlador do sistema de TI. Não se trata de uma placa. Infelizmente, a recuperação da infraestrutura da instituição não tem como ser feita da noite para o dia. Há um ano estamos trabalhando focados na organização institucional, com recursos financeiros administrativos adequados. Obviamente, a pandemia com o trabalho remoto tem atrapalhado. O CNPq é estratégico para o presente e o futuro do país e contamos com a compreensão de toda a comunidade para as dificuldades nestes tempos difíceis.”
Segundo a revista Fórum, ao procurarem o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) professores e pesquisadores foram informados de que o “sistema Lattes estava fora do ar, pois, o servidor do CNPq ‘queimou’ e que não havia backup (cópia de segurança) da plataforma lattes e que ainda não é possível dimensionar a quantidade de dados que foram perdidos: ‘a placa do servidor que queimou não tinha backup, a gente não sabe exatamente o que a gente perdeu (de dados), se perdeu alguns segundos, minutos, horas, dias. A folha de pagamento também está comprometida, vai ter que fazer algum processo manual, enfim, está um caos no CNPq’, informa o Conselho.”
De acordo com a publicação, “em comunicado publicado nas redes sociais, o Governo Federal omite que pode ter perdido milhares de dados referentes à produção científica no Brasil: ‘O CNPq informa que segue em esforço conjunto com o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI) para o restabelecimento dos sistemas após evento que causou a indisponibilidade das plataformas’.
Segundo o CNPq, o problema que causou a indisponibilidade dos sistemas já havia sido diagnosticado em parceria com empresas contratadas e os procedimentos para sua reparação foram iniciados.
Em sua página oficial, é dito que “o CNPq já dispõe de novos equipamentos de TI e a migração dos dados foi iniciada antes do ocorrido. Independentemente dessa migração, existem backups cujos conteúdos estão apoiando o restabelecimento dos sistemas. Portanto, não há perda de dados da Plataforma Lattes.”
O CNPq explica ainda que o pagamento das bolsas implementadas não será afetado e todos os prazos de ações relacionadas ao fomento da agência federal ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, incluindo a prestação de contas, estão suspensos e, de ofício, serão prorrogados.
Hackers
Em abril deste ano, o portal da Biblioteca Nacional, uma das 10 maiores do mundo, ficou mais de 10 dias fora do ar por causa de um ataque de hackers.
Na ocasião, o jornal Correio do Povo publicou que “em nota publicada nas redes sociais, a BN reiterou que a administração “já havia sinalizado a prioridade no retorno de alguns desses serviços (notadamente a Hemeroteca Digital), e que esse retorno pudesse ser realizado na data de hoje (quarta), mas técnicos especializados informaram que a abertura nesta data poderia expor os arquivos a uma nova infecção, colocando em risco a integridade do acervo”.
Com informações da Revista Fórum, da EBC, Correio do Povo e Vermelho