Com ações no zero a zero, TC busca culpados da especulação

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Rafael Ferri. Imagem: Tc

As ações do Traders Club (TRAD3) chegaram a mínima de R$ 4,14 durante o pregão de hoje. Durante a tarde, os papéis recuperaram parte das perdas e estavam cotados a R$ 4,76, valor próximo ao fechamento de ontem (R$ 4,79). O movimento vendedor está relacionado à notícia dada ontem pela coluna de Lauro Jardim do jornal O Globo de que o TC estaria sob investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do BSM Supervisão de Mercados, por manipulação de cotação de ações, o que é ilegal. A nota foi publicada após a divulgação de um vídeo nas redes sociais, de autoria desconhecida, que faz sérias acusações à companhia, conforme matéria divulgada ontem pelo Monitor Mercantil.

A companhia divulgou no final do dia de ontem um Fato Relevante referente ao vídeo em que uma mulher maquiada de palhaça acusa a empresa de práticas ilegais e até da existência de estupro coletivo dentro de suas instalações. “Recentemente, a Companhia tem sido alvo de uma campanha de desinformação mais conhecida pela sigla “FUD” (fear, uncertainty and doubt; medo, incerteza e dúvida), normalmente utilizada para afetar negativamente a percepção das pessoas ao disseminar informações falsas, de forma a causar preocupação e dúvidas sobre a honestidade ou sobre reputação de outrem”, diz o documento.

O Fato Relevante do TC alerta que a divulgação desse tipo de informações, de autoria não identificada, sobre emissores de valores mobiliários pode ser uma forma de manipulação de mercado através da disseminação de notícias falsas em prejuízo do regular funcionamento do mercado de capitais e do público investidor.

“Este tipo de abordagem também pode configurar um tipo manipulação de mercado conhecido como “trash & cash” (“falar mal e embolsar o lucro”, numa tradução livre), tipificado como crime no art. 27-C da Lei 6.385/76 e como ilícito administrativo na resolução CVM nº 62, artigo 2º, inciso II. Ao disseminar informações falsas, o patrocinador de estratégias FUD tenta desencorajar outras pessoas a contratarem, fazerem negócios e até mesmo investirem na companhia alvo, neste caso o TC”.

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Ainda segundo o RI da empresa não há conhecimento de qualquer procedimento administrativo sancionador instaurado e em andamento perante a Comissão de Valores Mobiliários – CVM ou a BSM Supervisão de Mercados relacionado a eventuais ilícitos em mercado de capitais de qualquer natureza, seja em face da Companhia ou de seus colaboradores.

Boatos de mercado dão conta de que o vídeo foi feito por profissionais e que a mulher que apresenta as acusações na verdade é uma atriz contratada. Também se fala que sócios do TC estariam ameaçando pessoas no mercado em busca de encontrarem os autores do vídeo.

Bolha dos Alicates

Personagem de um dos casos mais icônicos do mercado, a bolha dos alicates, Rafael Ferri, passou anos afastado do mercado. O episódio envolveu as ações da fabricante gaúcha de alicates e talheres Mundial que saltaram de R$ 0,23 para R$ 7,01 de fevereiro a julho de 2011, uma alta de 2.950%, movimento que fez o papel negociar volumes superiores aos de Petrobras e Vale durante alguns dias. E, assim como subiu, o papel despencou, voltando para menos de R$ 1,00 em poucos pregões.

Ele retornou com o Traders Club e passou também a apresentar o Café com Ferri, onde despretensiosamente falava sobre ações em ponto de compra. As indicações inspiraram vários investidores recém-chegados ao mercado, mas muitas levaram os seguidores a prejuízos como as famosas “Conga é 15”, Vara é 30” e “BBDC é 30”.

O vídeo de Ferri no Instagram, publicado em 19 de julho de 2020 e que conta com 87.380 visualizações, se referia as ações da Cogna (COGN3), que eram cotadas a R$ 9,35 e hoje valem R$ 2,08. A Vara, como ele apelidou os papéis da Via Varejo (VVAR3), estava cotada a R$ 19,54 e hoje está abaixo de R$ 2,0. Já as ações do Bradesco PN valem atualmente R$ 17,36.

O vídeo lembra que este tipo de indicação pode se configurar como prática de front runner por parte dos sócios da TC, pois quando os sócios postam uma dica, milhares de pessoas os imitam. Tal prática faz os papéis das empresas subirem momentaneamente, já que as pessoas seguem a dica. Quando ocorre esse movimento, a pessoa que indicou a ação desfaz a posição embolsando o lucro.

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