Com bandeira amarela, procura por energia solar cresceu em média 20%

Aumento na conta de luz poderia ser menor, com redução de cortes de fontes renováveis e menos impostos sobre baterias, alerta Absolar

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Painéis de energia solar em telhado, geração distribuída
Painéis de energia solar em telhado (Foto: José Cruz/ABr)

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) comunicou em julho que a conta de luz teria um aumento de R$ 1,88 a cada 100 kW/h consumidos. O acréscimo decorreu da bandeira tarifária amarela, referente a conexão das usinas térmicas, devido à escassez de chuvas e altas temperaturas no país. Agora, a partir de setembro, com a entrada da bandeira vermelha, haverá um custo extra de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.

“Este período é o mais propício a acontecer tais ajustes tarifários devido a efeitos climáticos. É uma forma de equilibrar o sistema de energia e incentivar um uso mais consciente. Essas oscilações impulsionam o crescimento e a busca por fontes alternativas e sustentáveis como os sistemas fotovoltaicos que são conectados a geração distribuída. Com a oscilação da bandeira em julho, tivemos um crescimento de 20% em relação ao mês anterior”, explica Junior Helte, CEO do Grupo HLT.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), até 2031 a geração distribuída que utiliza sistemas fotovoltaicos tem potencial para gerar uma economia líquida de mais de R$ 84,9 bilhões na conta de luz dos brasileiros.

Com a oscilação da bandeira tarifária e acesso ao crédito, Junior Helte ainda revela que na comparação com a geração solar, o payback da aquisição e instalação do sistema teve redução de retorno do investimento, atingindo pouco mais de três anos, algo inédito para o consumidor. “Considerando os valores atuais, o mercado com pleno emprego e as taxas de juros interessantes, é uma opção bastante atraente para quem tem residência, empresa ou está buscando sustentabilidade e a redução do custo de energia. Mas como citei anteriormente, considerando o cenário atual sem considerar os possíveis movimentos de mercado que podem ocorrer nos próximos meses”, avalia.

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Em maio, a capacidade instalada de energia solar fotovoltaica em sistemas próprios no Brasil ultrapassou 29 GW, segundo a Absolar. Mais de 3,7 milhões de unidades consumidoras no país já se beneficiam do uso da energia solar.

Na avaliação da Absolar, o aumento na conta de luz anunciado pela Aneel, com início em setembro da chamada “bandeira vermelha patamar 2”, a mais cara no setor, poderia ser menor se não fossem os cortes recorrentes nas usinas renováveis mais competitivas. O aumento nas tarifas ocorre por conta da falta de chuvas e acionamento de termelétricas fósseis, mais caras e poluentes, mas também poderia ser aliviado pela redução dos impostos nas tecnologias de armazenamento, capazes de aumentar a disponibilidade das fontes limpas.

Para a entidade, esse cenário acende um alerta para a necessidade de reforçar o planejamento e os investimentos na infraestrutura do setor elétrico, sobretudo em linhas de transmissão e novas formas de armazenar a energia limpa e renovável, gerada em abundância no país.

“Para isso, é fundamental aplicar para as tecnologias de armazenamento de energia elétrica o mesmo tratamento fiscal utilizado para a fontes renováveis, pois a carga tributária sobre baterias ultrapassa os 80% atualmente. O Brasil está 10 anos atrasado frente ao mundo no uso de baterias e isso prejudica o protagonismo do país na corrida pela transição energética e pela consolidação de uma economia cada vez mais robusta, competitiva e sustentável”, aponta Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar.

“Já em relação aos cortes de geração renovável (constrained-off ou curtailment), eles são determinados diretamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Ou seja, os empreendedores não possuem controle e nem responsabilidade sobre essas decisões, que já representam um desperdício acumulado de energia limpa de cerca de R$ 1 bilhão nos últimos dois anos. Trata-se de um grande contrassenso, pois o país aciona usinas mais caras e poluentes, ao mesmo tempo em que restringe a geração solar e eólica”, destaca Sauaia.

Para a entidade, o uso da energia solar e tecnologias de armazenamento pode aliviar a pressão sobre as tarifas de energia elétrica e o consequente aumento na inflação, que corrói o poder de compra das famílias e a competitividade dos setores produtivos.

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