Com Covid, clima econômico se deteriora rapidamente na AL

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O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina da Fundação Getulio Vargas (FGV) passou de 14,1 pontos negativos para 60,4 pontos negativos entre janeiro e abril de 2020, o pior resultado da série histórica desde janeiro de 1989. O menor nível anterior havia ocorrido em janeiro de 2009, logo após a crise financeira de 2008, quando o ICE havia atingindo 48,7 pontos negativos. O indicador, que vinha se mantendo em terreno negativo e em queda desde abril de 2018, havia recuperado um pouco das perdas na pesquisa de janeiro de 2020, na comparação com outubro de 2019, mas agora foi derrubado pelo efeito da Covid-19, que Covid-19 reverteu a tendência de melhora que se desenhava no início do ano e os indicadores de clima econômico da América Latina sugerem a entrada da região em uma fase recessiva. Apesar da piora ser generalizada, a grande dispersão dos indicadores de expectativas pode refletir as diferentes percepções de como a pandemia está sendo enfrentada em cada país.

O Índice de Situação Atual (ISA), que vinha se mantendo em patamar considerado desfavorável desde julho de 2012, havia registrado, uma ligeira melhora em janeiro de 2020, na comparação com outubro de 2019, ao passar de 63,0 pontos negativos para 53,8 pontos negativos. A pandemia interrompeu o ensaio de melhora do indicador fazendo com que ele atingisse 89,9 pontos negativos em abril, o pior resultado da série histórica iniciada em janeiro de 1989.

O Indicador de Expectativas (IE), que vinha apresentando resultados positivos desde julho de 2016, também despencou, para 23,1 pontos negativos, afetado pela deterioração das expectativas na América Latina.

Os resultados mostram que a América Latina estava numa fase de recuperação do ciclo econômico no começo de 2020, com o indicador de expectativa melhorando e positivo, e o da situação atual, negativo, mas melhorando. Os resultados de abril mostram que a pandemia levou a região direto para uma fase de recessão, com reversão de expectativas e uma piora muito expressiva nas avaliações sobre a situação atual.

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Com exceção do Chile e do Equador, todos os demais países selecionados para a sondagem da América Latina tinham apresentado melhora do clima econômico entre outubro de 2019 e janeiro de 2020. No entanto, somente Paraguai e Colômbia apresentavam ICE positivo. Nesse mesmo período, o ICE do Brasil passou de 25,0 pontos negativos para 2,0 pontos negativos. Peru e Uruguai mantiveram-se em níveis próximos aos do Brasil, com ICEs de -1,8 e -2,8 pontos respectivamente.

O resultado de abril de 2020 mostra deterioração do ICE em todos os países. Os maiores recuos ocorreram no Paraguai, de 28,0 pontos positivos para 70,4 pontos negativos, e no Brasil, de 2,0 negativos para 60,9 negativos no mesmo período. Indicadores negativos, mas abaixo de 50 pontos, foram registrados no Chile e na Colômbia.

Entre outubro de 2019 e janeiro de 2020 todos os países haviam registrado melhoras em seus indicadores de situação atual, exceto Bolívia, Chile, México e Peru. Apesar disso, a apenas a Colômbia já apresentava um saldo positivo. Em abril, todos os indicadores são negativos. O ISA do Brasil, que tinha passado de 75,0 pontos negativos para 52,2 pontos negativos entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, caiu para 90,9 pontos negativos em abril de 2020. Não é o pior resultado da série histórica. O ISA foi 100 pontos negativos (nenhuma resposta positiva) entre janeiro e abril de 1991 e no período de julho de 2015 a outubro de 2016. Com indicadores de situação atual piores que o do Brasil, em abril, temos o Chile, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela.

No Brasil, o IE subiu de 45,0 pontos para 65,2 pontos positivos entre outubro de 2019 e janeiro de 2020 e caiu para 22,7 pontos negativos em abril de 2020.

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