Com crise e sem crise, por que planejar nossa vida?

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Empresário trabalhando. Foto: divulgação
Empresário trabalhando (foto divulgação)

Desde a década de 1980, exércitos do enxugamento foram recrutados para cortar os que duplicavam funções, decorrentes das fusões e incorporações de empresas, e os que sobravam das reestruturações, das terceirizações, da automatização, provocando profundas mudanças no mercado de trabalho.

Os “açougueiros” – gestores e consultores “de resultados” – até fizeram um trabalho bem feito, com eficiência, sem, no entanto, importarem-se em apresentar e debater opções de trabalho, já que a metodologia, o objetivo e os resultados foram atendidos por quem os contratou. Entretanto, esqueceram o homem, cidadão e consumidor.

Claro, erraram também os governos por se preocuparem com o atendimento formal e o perfeito enquadramento na legislação, e não havendo infração imputável, tudo bem! Sem se preocuparem com as reformas, em adequar a legislação ao novo mundo do trabalho.

As instituições de ensino, profissional e acadêmico, continuaram educando e preparando para um mundo que não existe mais. Com isso, as vítimas contam-se por aí, desde os jovens que pretendem ingressar numa carreira até os adultos, desligados ou em vias de desligamento. A imprudência de uns e a ganância de outros criaram um cenário perverso e injusto.

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Pior ainda, com a exacerbação da atual crise planetária, a transformação do mundo do emprego para o do trabalho provocou nas empresas decomposição organizacional, espelhada, entre outros sintomas, na ausência de transparência dos negócios e de pertencimento, substituindo o vestir a camisa pelo desvestir assim que puder. Reduziu a motivação nos quadros corporativos.

Esqueceram todos que só reverteremos essa ausência total de responsabilidade agindo de forma organizada e planejada.

De fato a coisa toda começa bem lá atrás com o intenso e consistente investimento na criança, reforçado na adolescência e confirmado quando adulto. Exprime-se na infância e na juventude – quando se tem mais condições de absorção e aprendizado e de participação ativa nos trabalhos e atividades, conduzidos por mestres interessados não nas respostas às questões que formulam repetidamente ao longo dos anos, mas, antes, provocando o exercício do pensar, divergir, contradizer e discutir, reformulando-se os currículos. Questão de seriedade.

Muda-se também com incentivos governamentais à adoção pelas empresas de investimentos em educação do seu pessoal, em inovação, em pesquisa, em desenvolvimento da gestão brasileira, tal e qual devemos reaprender a jogar o nosso futebol brasileiro. Assim, poderiam elas, com orgulho e justiça, a cada final de exercício, estenderem-se num generoso parágrafo sobre as ações de Responsabilidade Social.

Ora, estaremos nós absolutamente inertes e indefesos em face das crises, das mudanças? Ao contrário, em face dessas pressões, quer nos crer que cabe a cada indivíduo a sua maior tarefa: decidir e programar sua própria rota, seu especial caminho, a partir de suas potencialidades e competências.

Com um plano de vida e carreira, que oriente e organize recursos, deixaremos de ser dirigidos pelos outros – vencendo a omissão, complacência e até preguiça – e passaremos a comandar o que só a nós pertence: desfrutar um destino escolhido por nós e por mais ninguém!

 

Luiz Affonso Romano é consultor, conselheiro consultivo da ABCO.

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