Com esses juros, relação dívida/PIB passará de 108% em 2 anos

No Senado, Gabriel Galípolo ouve cobranças sobre as taxas de juros elevadas e efeito na relação dívida/PIB

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Gabriel Galípolo ouve senador na reunião da CAE do Senado
Gabriel Galípolo na CAE (foto de Saulo Cruz, Agência Senado)

Se o Brasil crescer 2% ao ano e continuar com essa taxa de juro, em 2027, a relação dívida bruta/PIB alcançará 108%, e a dívida líquida vai ser 86%. “Como é que fica isso? Nós vamos continuar ignorando?” questionou o senador Oriovisto Guimarães (PSDB-PR), confrontando o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao prestar contas em sua primeira audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) após ser aprovado pelo Senado, em outubro de 2024, para assumir a presidência do BC no quadriênio 2025-2028. Além de elevar a dívida pública, os juros reais de mais de 9% ao ano reduzem a atividade da economia, levando a um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) menor, o que piora a relação dívida/PIB.

Não foi a única das críticas aos juros altos que Galípolo teve de ouvir. Autora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 79/2019, que limita as taxas de juros cobradas por instituições financeiras em operações de crédito, a senadora Zenaide Maia (PSD-RN) também defendeu a redução dos juros.

“Nós temos uma PEC que limita os juros nos cartões de crédito, cheques especiais, a no máximo três vezes a taxa Selic. Nós não engessamos a política monetária. Agora a gente ver toda a sociedade brasileira ser extorquida por juros de até 400% por ao ano, isso dói. É assustador”, afirmou Zenaide.

Galípolo defendeu que a normalização da política monetária vai demandar uma série de reformas contínuas, entre elas a ampliação do acesso da população a um crédito de menor custo. Ele lembrou que o crédito rotativo não deveria ser utilizado de maneira frequente, mas apenas de forma emergencial, daí a importância de se pensar em instrumentos em que se possa oferecer mais garantias.

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Até o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), se somou às críticas e disse que “estamos deixando os juros altos no Brasil virar quase como um vício”.

Juros do BC: Robin Hood ao contrário

O senador Cid Gomes (PSB-CE) disse ser importante fazer o debate da política monetária. Ele destacou que, com a inflação alta, os pobres são os mais prejudicados, não os investidores e o mercado. E afirmou que o país vai chegar a 2026 com mais de R$ 10 trilhões de dívida pública. Segundo ele, “o sistema financeiro, os fundos de pensão, os investidores estrangeiros” é que ganham com isso.

“O Brasil precisa sair desse círculo vicioso. Eu não sei até quando o povo brasileiro, talvez pela ausência de debate, vai suportar um governo cumprindo um papel de Robin Hood ao contrário, porque, no final das contas, o Banco Central é governo, e é o Banco Central quem tira dos pobres, dos trabalhadores, dos que empreendem para dar aos especuladores. Isso, certamente, tem que ter um fim.”

Gabriel Galípolo afirmou que a normalização da política monetária vai demandar uma série de reformas contínuas.

Com informações da Agência Senado

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