Comentário de um leitor no site Conversa Afiada: “Se Pinheirinho fosse no mar, o Geraldo Alckmin ia dizer que não salvou o povo porque ele escorregou e caiu dentro de um bote.”
Soberano indeciso
Ex-diretor do Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos da França e diretor de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique e da presidência da Associação Francesa de Economia Política, o economista André Orleán, sustentou, em entrevista, ao jornal Le Monde esta semana, o que, embora óbvio, é indizível pela maioria dos seus pares: quem governa hoje a Europa é o mercado, mas, não o mercado de bens tangíveis, mas o de capitais: “O poder político se conforma às suas prioridades e teme suas avaliações”, observa, acrescentando que o mercado financeiro é um soberano indeciso e incoerente.
Fim da democracia
Orleán, que acaba de publicar o livro L”Empire de la Valeur, Refonder l”Economie, afirma que, historicamente, o primado da política sobre a economia se baseava no controle dos bancos centrais. Ou seja, os BCs eram diretamente submetidos ao poder político, o que deixou de ocorrer na Europa, onde o Banco Central Europeu (BCE) obedece apenas ao sistema financeiro internacional. Para Orléan, tal anomalia constitui-se numa ameaça de morte à democracia européia. E observa que a autonomia do BCE implica o fim da democracia na região.
Meu pirão primeiro
Até o meio-dia desta quarta-feira, mais de 30 mil portugueses já haviam assinado a petição online que pede a demissão do presidente da República, Cavaco Silva. Ele está sob pressão após cometer uma gafe ao reclamar dos efeitos dos cortes orçamentários e da recessão econômica sobre seus próprios ganhos. Estima-se que Cavaco Silva tenha um rendimento 11 vezes superior à média dos ganhos dos portugueses. Segundo o texto da petição, o presidente recebe pensões num total acumulado 10.042 euros (em 2011), “sendo uma delas através do Banco de Portugal, a qual não esteve sujeita aos cortes aplicados aos restantes cidadãos da República Portuguesa”.
Ação entre amigos
O Governo de Portugal está prestes a colocar 6,6 bilhões de euros nos três grandes bancos privados do país – BCP, BES e BPI. Em troca, o Estado não vai ter direito a sequer uma ação em qualquer uma das três instituições, denunciam os jornais portugueses. A fórmula heterodoxa para permitir este escândalo – ainda maior se considerar que Portugal corta pensões e aposentadorias a partir de 600 euros – são instrumentos híbridos de capital contingente, conhecidos por CoCos, que poderão ser emitidos pelos três bancos e subscritos pelo Estado, segundo as novas regras do Banco de Portugal.
Alvo errado
Sem condições e vontade de enfrentar a banca, o Ministério das Finanças grego sai à caça de devedores de impostos: publicou uma lista com os nomes de 4.152 contribuintes que devem ao fisco quase 15 bilhões de euros em impostos. O primeiro nome da lista é Nicos Kasimatis, um empresário de 57 anos próximo do partido conservador Nova Democracia. Segundo o governo grego, Kasimatis tem uma dívida de 952 milhões de euros. Ele está preso desde 2009, condenado a 504 anos de prisão por evasão e fraude fiscal. Ex-jogadores e empresários ligados ao esporte também estão entre os nomes mais conhecidos.
De acordo com o jornal espanhol El Pais, pelo menos 15 contribuintes devem ao Estado mais de 100 milhões de euros cada um, e outros 15 são cobrados por dívidas entre 50 e 100 milhões de euros.
Na semana passada, a polícia grega já havia detido uma série de cidadãos no país, por acumularem milhares de euros de impostos em dívida.