Não é difícil concluir quem perde com os ataques atribuídos à bandidagem do Rio: o alvo, nem um pouco disfarçado, é o governo do PT (que tomou posse em abril) e, por extensão, o candidato do partido à Presidência da República. Resta saber quem ganha e quais as ligações desse (ou desses) grupos com os traficantes cariocas. A extrema movimentação e o efeito de propaganda dos supostos atentados – como o ataque na noite de domingo a um deserto (inclusive de seguranças) prédio da Prefeitura – apontam na direção de que não são apenas bandidos contrariados com a perda de privilégios em Bangu I os mentores das ações.
Interesse$ especiai$
Cerca de 80% dos norte-americanos acham que o governo dos Estados Unidos “não funciona, trabalha para uma minoria e para interesses especiais”. O dado foi apurado por pesquisa do Instituto Gallup e é citado pelo neurolingüista Noam Chomsky, do Massachusetts Institute of Technology, ao justificar sua afirmação de que, embora exista uma cultura mais democrática nos EUA, a democracia naquele país “deteriorou-se substancialmente em termos do seu funcionamento” e, segundo Chomsky, “a população está consciente disso”.
Apatia
Em entrevista ao sítio Comunicação, Cultura e Política (Comcult) – http://sites.uol.com.br/denisdemoraes – Chomsky conta que, ao perguntar a seus entrevistados “a quem você acha que o governo serve?”, o Gallup colheu 80% de respostas “a interesses especiais, não ao povo”. Na pesquisa anterior, essa resposta era mencionada por 50% dos entrevistados. “Se o governo trabalha para poucos e para interesses especiais, então não funciona para o povo. E isso é um percentagem bem alta que responde. Eu suspeito que isso esteja ligado ao fato das pessoas não votarem”, salienta Chomsky, o intelectual mais citado em palestras em todo o mundo.
Cavalo de tróia
A pastoral social da CNBB distribuiu nota denunciando o avanço no Congresso Nacional do lobby de EUA, Austrália, União Européia e Japão para incluir nos acordos da Organização Mundial de Comércio (OMC) “água (inclusive saneamento), energia, transportes, turismo, construção, educação, saúde e diversos outros setores sociais nas regras de máxima liberalização”. Há quatro dias, audiência pública tratou do tema no Parlamento brasileiro.
Caso seja aprovada a proposta, empresas e fornecedores de serviços estrangeiros poderão processar governos se a legislação nacional for considerada “restritiva” à abertura de serviços como educação e saúde ao capital estrangeiro: “O que valer para a OMC, valerá para a Alca”, adverte a pastoral.
Golpe
Marco Antônio Dias, ex-diretor da Divisão de Ensino Superior da Unesco, considera a constituição da OMC um “golpe de estado de escala mundial, uma vez que esta organização espraia sua intervenção sobre praticamente todos os setores originalmente de competência do Estado Nacional, além do fato de concentrar os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário”.
O invasor
Presente ao ato contra o aluguel da base de Alcântara para os Estados Unidos, o deputado Babá (PT-PA) informou que é muito grande a movimentação de soldados norte-americanos no Porto de Manaus.
LulaláRúa?
A persistir na marcha batida para a capitulação frente aos especuladores, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, acabará mais próximo de encarnar o papel de um novo De la Rúa do que de da vitória nas urnas no mercado futuro. No limite, Lula corre o risco de, no mercado eleitoral à vista, ficar espremido entre um candidato que adote um discurso real de oposição e o continuísmo, mais ou menos assumido, de José Serra.