O Banco Central divulgou nesta quarta-feira a Ata da 61ª reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), realizada nos dias 27 e 28 de maio. Os membros do Comef analisaram a evolução recente e as perspectivas para a estabilidade financeira no Brasil e na economia internacional no primeiro trimestre.
Sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN), a ata destaca que no primeiro trimestre de 2025 o crescimento do crédito apresentou leves sinais de desaceleração, tanto no sistema financeiro quanto no mercado de capitais, embora siga em ritmo elevado. “Apesar das condições financeiras mais restritivas, o ritmo de crescimento do crédito amplo segue historicamente elevado, em linha com a resiliência da atividade econômica”.
No crédito às pessoas físicas, nota-se desaceleração do crédito não consignado e no financiamento de veículos, e queda mais forte no crédito rural. Nas pessoas jurídicas, o ritmo de crescimento do crédito bancário estabilizou, após aceleração ao longo de 2024.
No mercado de capitais, as emissões de títulos privados desaceleraram. Entretanto, fundos de crédito privado voltaram a apresentar captação líquida positiva. A combinação entre maior demanda por títulos de crédito privado e a redução na oferta desses instrumentos tem contribuído para a manutenção de spreads reduzidos, mas o mercado segue diferenciando o risco entre os emissores.
Fundos
Os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) apresentaram crescimento relevante. Embora as provisões cubram quase integralmente as parcelas em atraso nos FIDCs, as diferenças regulatórias em relação aos bancos dificultam a comparabilidade com o risco de crédito observado no SFN. A qualificação de investidores e o alto grau de subordinação das cotas contribuem para mitigar os riscos associados a esses fundos.
As provisões no SFN mantiveram-se adequadas, acima das estimativas de perdas esperadas. A entrada em vigor da Resolução CMN nº 4.966, de 25 de novembro de 2021, impactou as métricas de materialização de risco e a constituição de provisões. Nesse novo ambiente, observou-se um menor volume de baixas para prejuízo, o que levou a mensuração da inadimplência a valores mais altos do que os anteriormente calculados. Mantidos os critérios contábeis anteriores para as baixas, a leve tendência de queda teria permanecido, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas. O estoque de provisões teve aumento relevante, conforme esperado e antecipado no Relatório de Estabilidade Financeira publicado em abril de 2025.
Em relação ao contexto internacional, o Comef destaca que oO sistema financeiro tem demonstrado resiliência. As expectativas em relação às trajetórias das políticas fiscal e monetária permanecem como fatores relevantes, agora acompanhadas por uma crescente incerteza quanto aos efeitos líquidos dos reposicionamentos em política comercial.
Em abril, essa incerteza se traduziu em maior volatilidade e reprecificações abruptas. Após um alívio temporário na imposição de tarifas, os preços dos ativos – com relevante exceção do dólar – retornaram a patamares próximos aos anteriormente observados.
Desde a reunião anterior do Comef, as condições financeiras internacionais tornaram-se menos restritivas. Nas economias avançadas, o impulso do crédito continua convergindo para a neutralidade, com o ritmo de expansão se alinhando ao crescimento da atividade econômica. A liquidez segue em processo de contração ordenada, tanto nos balanços dos bancos centrais quanto nas reservas bancárias.