Comer na rua tem inflação maior que alimentos e bebidas pela 1ª vez no ano

Trabalhador prefere almoçar em restaurante a quilo ou bufê com preço fixo: 39% ocasionalmente selecionam alimentos no prato para reduzir o custo

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Restaurante self service (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Restaurante self service (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referentes ao mês julho, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira, mostram que inflação no setor de alimentação fora do lar foi de 0,39%, enquanto para alimentos e bebidas houve deflação de -1%. Pela primeira vez no ano, a inflação em bares e restaurantes é maior que a de alimentos. Apesar da diferença, o setor de bares e restaurantes mantém os preços em linha com o índice geral, que fechou em 0,38% no último mês.

Bianca Fraga, especialista em negócios gastronômicos, comenta que os bares e restaurantes estão há muito tempo passando por diversos problemas para manter os clientes, conquistar os novos e evitar a falência. E esses números são reflexo de decisões tomadas pelos proprietários.

“Os bares e restaurantes estão segurando os preços e absorvido algumas perdas para reter os consumidores fiéis e ter preços atrativos para os novos clientes”, explica.

Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 60% das empresas operam sem fazer lucro em junho. Sendo que 36% dos estabelecimentos atuam em equilíbrio e 24% registram prejuízo. Além disso, 40% das empresas possuem dívidas em atraso, refletindo os desafios enfrentados pelo setor. Bianca Fraga lista os maiores vilões para os empresários.

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“A maioria desses débitos, são relacionados a com impostos federais, com fornecedores de insumos, taxas municipais, encargos, serviços públicos básicos como água, luz e gás. Não acredito que sejam mais reflexos da pandemia. A única consequência que fica até hoje são os empréstimos, atendo vários restaurantes que pegaram empréstimos durante a pandemia e que ainda estão pagando e não são empréstimos pequenos”, conclui a especialista.

Diante dos acontecimentos adversos e oscilações de preços e tributos, Bianca acredita que é necessário fazer contagem de estoque, entender o cálculo do giro de estoque, outro ponto importante levantado pela especialista é manter o hábito de olhar as contas a pagar, olhar as contas a receber e também fazer conciliação bancária.

Já pesquisa da Pluxee com 4.308 usuários dos benefícios da empresa entrevistados, distribuídos por todos os estados do país, descobriu que a opção favorita entre aqueles que almoçam fora durante o horário comercial são os restaurantes que servem refeições por quilo ou em buffets com preço fixo. Ambas as escolhas foram indicadas por 33% dos entrevistados cada.

Os restaurantes que oferecem refeições por quilo tornam-se cada vez mais atraentes para quem quer economizar, considerando que, em média, o custo de uma refeição completa no Brasil em 2024 é de R$ 51,61. Isso representa um aumento em relação ao preço médio de R$ 46,60 do ano anterior, conforme revelado em um levantamento anual realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT).

“A conjuntura econômica exerce um impacto direto nas decisões de consumo dos trabalhadores, particularmente no que diz respeito à seleção de estabelecimentos para alimentação. Embora a economia esteja demonstrando sinais positivos de recuperação e a inflação apresenta uma trajetória ligeiramente decrescente em comparação com o ano anterior, ainda observamos um aumento nominal no valor da refeição média. Isso sugere que os operadores de restaurantes, apesar da pressão no setor, começaram a transferir parte do encargo dos custos crescentes de insumos para os consumidores”, explica Luiz Louzada, diretor comercial da Pluxee.

De acordo com a ABBT, o prato comercial – uma refeição pré-definida com comida caseira – é a opção mais econômica em comparação às opções por quilo, executivo e a la carte. Mesmo com o preço, em média, 27% mais alto que o prato comercial, o quilo permanece como a opção preferida durante o horário do almoço. A flexibilidade na hora de montar o prato, controlando porções e escolhendo os alimentos de acordo com o apetite, orçamento e preferências, como a busca por uma refeição mais saudável com mais verduras e legumes, explica a popularidade dessa modalidade.

Embora o preço seja um fator relevante na escolha dos estabelecimentos, aspectos relacionados à conveniência desempenham um papel ainda mais significativo na decisão. Segundo a ABBT, 51% dos trabalhadores priorizam a conveniência ao selecionar onde irão se alimentar. “Optar por um restaurante pela sua conveniência é um comportamento típico de quem possui tempo limitado e precisa fazer uma escolha assertiva para não comprometer o cronograma do dia”, afirma Louzada.

Ainda segundo a pesquisa, 46% dos entrevistados afirmaram que não levam em conta o peso dos alimentos ao montar seus pratos em restaurantes por quilo e preferem montar suas refeições de acordo com suas preferências pessoais. No entanto, 39% admitiram que ocasionalmente evitam alimentos mais pesados para manter o custo do almoço mais baixo. Além disso, 15% dos entrevistados sempre optam por excluir alimentos mais pesados de suas refeições.

Em relação às preferências de tipo de serviço, além do quilo, a pesquisa revelou que 33% dos entrevistados favorecem buffets com preço fixo. Outros 19% mostraram preferência por refeições à la carte simples. As opções à la carte executiva e completa foram escolhidas por 7% e 5% dos entrevistados, respectivamente.

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