O comércio carioca torce por um inverno rigoroso para aquecer as vendas e estima um crescimento de 2,5% se a temperatura realmente esfriar. Os lojistas também estão estimulando os consumidores com promoções, descontos e formas de pagamentos diferenciados. É o que mostra a pesquisa do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) e do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio), que ouviu lojistas do Centro e das Zonas Norte, Sul e Oeste.
Segundo Aldo Gonçalves, presidente do CDL-Rio e do SindilojasRio, o frio rigoroso sempre estimula o consumidor a comprar roupas de inverno e de produtos como cachecóis, luvas, gorros e acessórios além de edredons, colchas e cobertores, por isso o comércio torce para uma estação mais fria.
“Os lojistas compraram bem, fizeram um bom estoque e estão prontos para atender a demanda. O comércio precisa vender e o frio pode ajudar”, diz Aldo.
A pesquisa mostra que, com a queda da temperatura, 75% dos lojistas apontam que as vendas serão melhores e 25% apontam que serão iguais às do ano passado, que registrou crescimento de 1,5%. Dos lojistas ouvidos 80% afirmaram que a mudança da temperatura influencia bastante as vendas e que 65% da procura será por artigos do vestuário, como casacos e camisas de manga comprida, e 35% por acessórios como meias, cachecóis, segunda pele, luvas, toucas e cobertores.
Já segundo projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com previsão de temperaturas mais altas do que o habitual para a estação mais fria do ano, as vendas no setor de vestuário, calçados e acessórios devem ter retração de R$ 50 milhões em relação ao inverno passado, A estimativa leva em conta os até 2ºC previstos acima da média histórica no Brasil para a época, o que reduz a procura pelos itens típicos do clima mais gelado.
A expectativa de um inverno menos rigoroso, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, é atribuída ao fenômeno El Niño e ao aquecimento global. Tal mudança no padrão climático tem alterado o comportamento dos consumidores, diminuindo a demanda por roupas quentes e o desempenho do varejo no período entre maio e agosto.
De acordo com o estudo da CNC, a movimentação financeira total prevista para o segmento de vestuário no inverno de 2025 é de R$ 90,3 bilhões. Deste montante, R$ 9,09 bilhões devem ter relação direta com a queda dos termômetros, contra os R$ 9,14 bilhões do mesmo período em 2024. Confirmadas as projeções, isso representaria uma redução de R$ 50 milhões.
“O setor enfrenta um cenário desafiador, marcado por um inverno atípico e por condições econômicas que ainda impõem cautela ao consumo das famílias. A atual perspectiva exige do varejo maior capacidade de adaptação e planejamento diante de um consumidor mais seletivo e de um ambiente de negócios ainda marcado pelas incertezas”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
O cenário é agravado pela conjuntura econômica. Ainda que a inflação do ramo de vestuário deva fechar o ano abaixo da média geral (4% contra 5,5%), os preços avançaram em relação ao período equivalente, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aferido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fatores que também pesam são o encarecimento do crédito e o alto comprometimento da renda das famílias brasileiras. A taxa média de juros nas operações de crédito com recursos livres permanece alta e sem previsão de redução. Já o índice de endividamento das famílias segue acima dos 50% da renda, o que compromete o consumo.
O Brasil tem passado por invernos progressivamente mais quentes ao longo dos últimos anos. De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura média registrada durante os meses de inverno tem se mantido em torno de 21,5ºC desde 2014, com pequenas variações. A previsão de 2025, portanto, segue a tendência da última década.
“O setor varejista precisa se adaptar a uma realidade em que o frio já não é mais tão previsível ou intenso quanto antes, o que pode demandar mudanças nas estratégias de estoque, marketing e calendário promocional”, analisa o economista da CNC Fabio Bentes.
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