Comércio digital cresce e qualidade do emprego cai

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Armazém da Amazon (foto de Scott Lewis, CC2)
Armazém da Amazon (foto de Scott Lewis, CC2)

A expansão da modalidade de comércio digital, segundo artigo publicado no boletim de maio da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) pelo professor da USP José Paulo Chahad, deve promover mudanças significativas no mercado de trabalho.

É possível que a demissão de caixas e assistentes de vendas seja intensificada, enquanto serão criados postos nos setores de transportes, comunicações e armazenamento. Mesmo com o fim da pandemia, é provável que ocupações que eram exercidas dentro das lojas não retornem.

Em entrevista à RBA, Edgard Monforte Merlo, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-RP) da USP de Ribeirão Preto, destaca que o desenvolvimento do e-commerce representa um processo intenso de mudança na economia, e esses fenômenos são acompanhados pela geração de postos de trabalho diferentes do que havia anteriormente. Entretanto, essas mudanças também estão relacionadas com o fechamento de alguns postos da economia tradicional, como os de venda física.

Segundo Arnaldo Mazzei Nogueira, professor da PUC-SP e da FEA-USP, há dois tipos de postos de trabalho que são criados: o qualificado, normalmente ligado aos escritórios e à tecnologia; e o precário, ligado à realização das entregas e a ponta da linha de produção. O segundo tipo é o mais comum, conforme o processo de digitalização avança.

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De acordo com Nogueira, que é autor de um dos artigos presentes no livro Uberização, Trabalho Digital e Indústria 4.0, o trabalho precário é muitas vezes terceirizado ou em condições de subcontratação. “O que acontece é que há uma redução do trabalho regular”, afirma.

“Eles vão constituir uma força de trabalho sem direitos, sem regulamentação e muitas vezes são considerados prestadores de serviços”, comenta. Para Nogueira, é preciso repensar a regulamentação e a proteção desses trabalhadores para definir em que condições essas atividades serão realizadas.

“Nós estamos vivendo um novo mundo, que pode se desdobrar tanto numa tragédia quanto em alguma civilização maior, vai depender de todos os demais setores que estão observando essas transformações”, conclui o professor da PUC-SP, também falando à RBA.

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