O comércio carioca está animado com o expressivo número de pessoas que estão aderindo ao Programa Desenrola e acredita que boa parte volte a consumir, aumentando a esperança do lojista com vendas melhores. É o que mostra pesquisa do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) – e do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (Sindilojas-Rio), que ouviu 250 lojistas para conhecer o impacto do Programa Desenrola para o aumento das vendas no segundo semestre.
Para 65% dos lojistas ouvidos a tendência é que o grande número de pessoas que estão aderindo ao Desenrola e a outras iniciativas de recuperação de crédito contribua significativamente para o aumento das vendas já nos próximos meses e 35% disseram que o impacto somente será sentido no fim de ano, principalmente no Natal.
“O programa tem como característica intrínseca resgatar o cidadão ao incluí-lo numa perspectiva de volta às compras. Assim, acreditamos que o número, que já atingiu mais de 7,5 milhões de pessoas no Brasil, só tende a crescer, o que induz o comerciante a vislumbrar aumento das vendas com relativo otimismo no futuro mais imediato. Isso porque, após a renegociação de dívidas, as pessoas podem naturalmente retomar a capacidade de consumo. Elas abrem espaço no orçamento para gastos, uma vez que diminui o comprometimento da renda com dívidas após a renegociação. Em consequência, novas oportunidades para o comércio poderão surgir. Em particular, espera-se que no Rio de Janeiro esses fatores possam tingir de azul a atividade comercial”, disse Aldo Gonçalves, presidente do CDL-Rio e do Sindilojas-Rio.
Ainda de acordo com Aldo, essa expectativa tem a ver com a evolução de alguns indicadores do Rio de Janeiro, refletindo melhoria da economia. “Por exemplo, há pouco tempo o estado recebeu avaliação BB de acordo com uma agência internacional de classificação de risco. A nota representou que o Rio de Janeiro melhorou status, subindo da prateleira negativa para a positiva. sa. O grau BB traz pontos positivos para investimentos, como confere ao poder público capacidade para honrar compromissos”.
Outro ponto destacado por ele é que a evolução do consumo no comércio fluminense tem seu aspecto favorável através do recolhimento de impostos nos setores do comércio e reparação de veículos automotores e motocicleta. Nos seis primeiros meses do ano passado contra igual período de 2023 a arrecadação agregada subiu 6,29%, nominalmente, e 0,73%, em termos reais. Isso representou acréscimo de caixa ao governo estadual no montante de R$ 57,5 bilhões, fruto da diferença de R$ 913,0 bilhões para a arrecadação de R$ 970,5 bilhões no ano em curso até junho.
“Uma outra percepção – diz Aldo – é a de que se os indicadores das vendas do varejo do Rio de Janeiro acumulados em 12 meses e no primeiro semestre do corrente ano não se registraram favoráveis (-3,2% e -1,4%, respectivamente) – colocando o estado na contramão do restante do país (0,9% e 1,3%) -, no curto prazo podem sinalizar alguma recuperação, algo melhor para daqui em diante. Segundo o IBGE, as vendas comerciais no país se estagnaram em junho passado (0,0%), quando comparadas a maio; enquanto no Rio de Janeiro variaram mais (0,6%). O dado indica que de certa forma houve avanço.”
Ainda segundo ele, “se os indicadores de vendas evoluírem, mantendo a tendência de junho em julho, mês de férias; e como é esperado em agosto, considerando o Dia dos Pais, pode ser que o Rio de Janeiro esteja gravitando num ciclo de recuperação. Isso deriva de outros fatores que podem estar influenciando na mesma direção, também. Exemplo: aumento da geração de empregos; diminuição da Selic; estabilidade da inflação, junto com efeitos benignos do Programa Desenrola. A sensação é a de que o cenário produz confiança, podendo reverter-se em vendas maiores”.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre os dias 17 de julho e 11 de agosto, o Programa Desenrola Brasil soma R$ 8,1 bilhões em volume financeiro negociados, exclusivamente pela Faixa 2, no qual os débitos bancários são negociados diretamente com a instituição financeira em condições especiais. Essa faixa inclui as dívidas bancárias dos clientes que tenham renda mensal superior a dois salários mínimos e menor que R$ 20 mil e que não estejam incluídos no Cadastro Único do Governo Federal.
Da mesma forma, o número de contratos de dívidas negociados chega a 1,296 milhão, beneficiando um universo de 985 mil clientes bancários. A adesão ao programa irá até o dia 31 de dezembro.
Nesse mesmo período, apenas as instituições financeiras retiraram as anotações negativas (desnegativaram) de cerca de 5 milhões de registros de clientes que tinham dívidas bancárias de até R$ 100. O prazo para essa baixa de registros se encerrou em 27 de julho. Esse balanço não inclui baixas de registros de outros credores não bancários.