Comércio marítimo global: 2019 fraco e 2020 sombrio

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China/EUA: divulgação
China/EUA: divulgação

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, prevê queda de 4,1% do comércio marítimo em 2020 devido à perturbação causada pela Covid-19. Em seu relatório Revisão do Transporte Marítimo 2020, a agência afirma que as perspectivas de curto prazo são sombrias e novas ondas de pandemia podem causar um declínio ainda mais acentuado.

A pesquisa afirma ainda que 2019 já tinha sido um ano fraco, devido a tensões comerciais entre China e Estados Unidos. Outros fatores foram incertezas em torno do Brexit, reclamações de vários países contra tarifas, disputa comercial entre Japão e Coréia do Sul e movimentos gerais em direção ao protecionismo.

O secretário-geral da Unctad, Mukhisa Kituyi, apresentou o novo relatório, e segundo ele, a estimativa é que o crescimento retorne no próximo ano, crescendo 4,8%. Existem, no entanto, muitas incertezas sobre a escala da recuperação. “A indústria de transporte marítimo global estará na vanguarda dos esforços para uma recuperação sustentável.”

Kituvi afirma que o setor precisa estar bem preparado para um mundo diferente depois da pandemia. Segundo ele, “a indústria deve ser uma das principais partes interessadas, ajudando a adaptar a logística de eficiência.”

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No auge da crise, o setor cortou a capacidade e reduziu custos para manter a lucratividade. Como resultado, as taxas de frete permaneceram estáveis, apesar da queda na demanda, mas graves limitações de espaço causaram atrasos nas entregas.

Além disso, vários governos, autoridades portuárias e administrações alfandegárias fizeram reformas para continuar com o fluxo do comércio e, ao mesmo tempo, manter as pessoas seguras.

Segundo o chefe da Unctad, “será importante avaliar as melhores práticas que emergiram para fortalecer o comércio nos próximos anos.”

Muitas das medidas requerem mais investimentos em digitalização e automação. Aceitar cópias digitais em vez de originais em papel, processamento antes da chegada, pagamentos eletrônicos e automação alfandegária ajudam a acelerar o comércio internacional.

Embora a Covid-19 tenha destacado como as nações dependem umas das outras, a pandemia também levantou questões sobre globalização e a utilização de locais distantes nas cadeias de produção.

A pesquisa diz que existem questões sobre encurtamento da cadeia de suprimentos, dependência de modelos de estoque reduzidos, diversificação de locais de produção, manufatura e fornecedores.

A crise de saúde também “expôs o quão despreparado o mundo parecia estar” destacando a necessidade urgente de investir na gestão de riscos e preparação de resposta a emergências.

Para a diretora de Tecnologia e Logística da Unctad, Shamika Sirimanne, as políticas de recuperação também devem apoiar o progresso em direção a soluções verdes e sustentabilidade.

Segundo ela, “a dinâmica dos esforços atuais para lidar com as emissões de carbono do transporte marítimo e a atual transição energética dos combustíveis fósseis deve ser mantida.”

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