De acordo com a Serasa Experian, o comércio brasileiro teve uma queda de 8,3% no primeiro semestre deste ano, o que representa o pior resultado desde o ano de 2001.
Já em relação ao comércio varejista paulista, os resultados foram ainda piores: o recuo foi de 11,1% no primeiro semestre do ano, ao comparar com o mesmo período do ano passado. Esses dados foram divulgados pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP). De acordo com a entidade, é a maior retração para o período, desde 1995.
Ainda de acordo com a entidade, entretanto, um segmento tem chamado a atenção: o de farmácias e perfumarias, que consegue resistir mais às fortes retrações. Nos quatro primeiros meses de 2016, o setor foi o único que não ficou no vermelho, apresentando ligeiro aumento de 0,8% no volume de vendas, frente a igual período de 2015. Enquanto isso, as vendas no comércio do estado como um todo recuaram 7,6% na mesma base de comparação. Durante o mesmo período, o faturamento das farmácias e perfumarias cresceu 10,1% sobre o primeiro quadrimestre de 2015. Essa elevação, contudo, é explicada pelo reajuste de 12,5% nos preços dos remédios em abril.
Os dados estão no levantamento que avalia o desempenho de nove setores do varejo e é elaborado pelo Instituto de Economia da ACSP, com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.
– Há uma hierarquia no consumo das pessoas: elas priorizam remédios e alimentos e os outros produtos vêm depois. Bens de alto valor, que dependem principalmente do crédito e da confiança, são postergados pelo consumidor em épocas de crise. Já as perfumarias conseguem resistir mais porque as mulheres substituem um produto de primeira linha por um de segunda, encontrando, assim, uma forma para continuar comprando produtos de beleza – explica Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Considerando-se todos os nove setores analisados pela ACSP, os piores resultados no quadrimestre em relação ao mesmo período de 2015 foram nas concessionárias de veículos (-18,8%) e lojas de departamentos, eletrodomésticos e eletrônicos (-17,6%), que justamente são mais dependentes de financiamento e da confiança do consumidor.
– Os resultados ainda são negativos, mas há perspectivas de atenuação nas quedas até o final do ano, em função principalmente da retomada gradual da confiança do consumidor, conforme têm indicado os indicadores mais recentes – finaliza.