Começou o segundo estágio da globalização: o calote por parte das

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empresas norte-americanas. Essa parte do plano foi iniciada quando a empresa de energia elétrica do Sul da Califórnia, a Southern California Edison, uma das duas envolvidas na crise de energia do estado norte-americano, suspendeu o pagamento de US$ 230 milhões, correspondentes a juros e amortização da dívida, e de US$ 366 milhões pelo fornecimento de energia e outros serviços, decretando a moratória. Espertamente a companhia divulgou que tomou tais medidas para “conservar dinheiro em caixa, pois foi forçada a considerar outras alternativas para conservar e dinheiro e poder continuar a fornecer serviços aos seus usuários”. A Pacific Gas and Electric Co. e a Southern California Edison Co., unidade da Edison International, registraram perdas de US$ 9 bilhões, desde julho, porque suas instalações não forneciam eletricidade a preço atraente para os consumidores.

Aproveitando a nova moda, a Globalstar Telecommunications Ltd. também suspendeu por tempo ilimitado a amortização de sua dívida e o pagamento de juros, sob a alegação de que a medida dará à companhia o dinheiro suficiente para fundamentar suas operações em 2002. Com isso, a fornecedora de serviços de telefonia via satélite, 38% controlada pela Loral Space & Communications Ltd., pretende manter caixa de US$ 400 milhões neste ano. Em comunicado a companhia informou que o calote permitirá que “tenha dinheiro suficiente para cobrir as suas operações até 2002, dando aos seus parceiros tempo adicional para implementar novas iniciativas de marketing”.

A Globalstar contratou o Blackstone Group como conselheiro financeiro para fornecer ajuda, incluindo a reestruturação de sua dívida e identificar oportunidades de levantar verbas. Por enquanto, não se sabe se esse conselheiro é o mesmo da Southern California Edison. O engraçado é que a Globalstar faz questão de ressaltar que continuará pagando os empregados e fornecedores, pois no final do ano passado tinha caixa de US$ 195 milhões, dinheiro suficiente para cumprir tais obrigações. A companhia, no entanto, deixou de pagar de honrar no início desta semana compromissos no valor de US$ 45 milhões.

A queda na demanda por telefones celulares provocou a redução na produção da Motorola, uma das principais fabricantes de telefones móveis e microprocessadores. Por causa disso, a empresa fechará a fábrica de Harvard, Illinois, e eliminará 2.500 postos de trabalho. Com o encerramento das atividades dessa unidade, marcada para o dia 30 de junho, a multinacional pretende melhorar a eficácia de sua cadeia de montagem, a consolidação dos processos produtivos e a melhora da situação financeira da companhia.

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A Motorola PCS emprega 130 mil pessoas em todo o mundo. Enquanto isso, a Merrill Lynch afirma que tem 72 mil funcionários.

Quando a moda da moratória chegar ao Brasil, qual será a primeira empresa a adotar tal singela estratégia de aplicar o calote para poder continuar atendendo aos seus clientes? Atualmente, ter sócios estrangeiros não é mais nenhuma garantia para acionistas e consumidores, pois estão ficando sem caixa e sem fontes de abastecimento de recursos.

A propósito, todos sabem que as despesas financeiras da Light, até setembro do ano passado, atingiram a R$ 706 milhões, algo em torno de US$ 350 milhões? E que a companhia mantém instalações que fornecem apagões e, de vez em quando, energia a elevado custo para os consumidores.

A Aracruz Celulose resolveu imitar a Arábia Saudita e anunciou que paralisará sua produção entre os dias 22 e 30 deste mês. O objetivo é ajustar a oferta do produto e consequentemente obter melhores preços. Nos oito dias, a companhia deixará de fabricar 22 mil toneladas. Atualmente, seu estoque é de 124 mil toneladas, o equivalente a 33 dias de produção.

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