Os constantes aumentos nas contas de energia elétrica são o pesadelo de milhões de brasileiros e motivo de debate sobre as possíveis alternativas, uma vez que viver sem eletricidade se tornou quase impossível em sociedades em pleno desenvolvimento. É nesse cenário de incertezas que surgiu o modelo de geração distribuída (GD), voltado para resolver parte desse problema e se estabelecer também como um caminho sustentável, capaz de ampliar o alcance das energias limpas para cada vez mais pessoas.
Como as GDs funcionam
Esse tipo de serviço pode ser manejado de diversas maneiras pelas empresas do segmento. De acordo com números consolidados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) em 2024, a grande maioria desses agentes possui estruturas baseadas na obtenção de potência por meio de fontes solares, formando 99,86% do mercado. A soma restante é composta pela produção a partir do bagaço de cana, do biogás, da lenha e da eólica.
Um dos principais trunfos das gerações distribuídas é a integração dessa eletricidade diretamente às redes das concessionárias locais, diminuindo a burocracia e dispensando novos investimentos com equipamentos por parte do cliente. Como resultado, o consumidor pode aproveitar descontos significativos em suas contas de luz já a partir do primeiro mês, ao converter em créditos os recursos contratados que não foram utilizados e que foram “devolvidos” à distribuidora.
Antes caro, acesso à energia limpa foi democratizado
Ao atrair novos adeptos com o argumento da economia, as empresas promovem uma democratização efetiva do acesso às energias limpas, antes reduzido a um público limitado devido ao seu alto custo. Os impactos dessa prática são positivos para o meio ambiente, ao se aproveitar de fontes renováveis, como a luz do sol, em detrimento dos modelos altamente poluidores e nocivos à saúde, tal qual o termelétrico, que se baseia no carvão e no gás natural — muito utilizado nos momentos de crise hídrica no Brasil.
A inclusão dos mais diversos públicos também é observada ao considerar o perfil de contratantes desse serviço, formado por pessoas físicas, para uso residencial, e entidades de todos os setores. Atualmente, segundo a Aneel, São Paulo é a cidade com a maior capacidade instalada de GD, com 5.100 MW de potência, enquanto Brasília, Cuiabá, Campo Grande e Fortaleza aparecem na lista com maiores taxas de crescimento, explicitando um aumento da prática em várias regiões do Brasil.
Recorrer à geração distribuída como uma forma de combater as altas nas contas de energia elétrica é apenas a “ponta do iceberg” dentro do universo de benefícios que essa rota alternativa oferece. Afinal, ao aproximar cada vez mais o público das boas práticas em prol do meio ambiente, com preços acessíveis, desenvolve-se a ideia de sociedade global, na qual o indivíduo precisa estar atento às demandas coletivas e, juntos, podem caminhar rumo a um futuro mais verde e próspero.
Amanda Durante é CEO e fundadora da iGreen, empresa especializada em soluções energéticas.