Como aumentar a participação de mulheres nas posições de liderança?

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Adriana Mallet, Liliana Berthier, Lisiane Lemos, Marina Peixoto e Solange Gueiros (fotos divulgação)
Adriana Mallet, Liliana Berthier, Lisiane Lemos, Marina Peixoto e Solange Gueiros (fotos divulgação)

Estamos publicando hoje a segunda e última parte do artigo sobre os caminhos para se aumentar a participação de mulheres em posições de liderança nas empresas e as perspectivas de mudança para os próximos anos. Para fornecermos esse panorama, convidamos executivas em destacadas posições de liderança para que emitissem suas opiniões sobre o tema.

 

Adriana Mallet, CEO e cofundadora da SAS Brasil e médica especialista em inovações para acesso à saúde

Adriana Mallet (foto divulgação SAS Brasil)

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Ação. Gosto sempre de pontuar que é preciso ação, porque muitas organizações começam a debater a inclusão das mulheres nas lideranças, mas acabam ficando apenas nas discussões, sem iniciar, de fato, alguma ação de curto e médio prazo para que as mulheres cheguem aos cargos de gestão.

Para os próximos anos, é possível que o cenário mude, como estamos acompanhando em algumas instituições, porém será preciso que a diversidade de mulheres seja uma prioridade e realidade: raça, orientação sexual, idade, território, deficiências, entre outras interseccionalidades, precisam ser trabalhadas efetivamente para que tenhamos mais pluralidade nas lideranças e também respeito, acolhimento e plano de carreira (cargos, salários e promoções a curto e médio prazo).

 

Liliana Berthier, COO, head comercial da Lifetime Asset e Family Office

Liliana Berthier (foto divulgação Lifetime Asset)

As mulheres normalmente enfrentam mais obstáculos para chegar à liderança. Muitas precisam administrar outras responsabilidades paralelamente, como casa e família. Apesar dos desafios, a resiliência e superação permitem que ela se torne uma melhor líder.

Além das especializações na própria área de atuação, estudar sobre liderança e influência, são boas ferramentas para o desenvolvimento. Aprender técnicas de comunicação e negociação permite que ela tenha maior domínio e subsídios em processos de tomada de decisão. Temas que possam ajudar a mulher a lidar com a autocrítica, o perfeccionismo e o medo de falhar, ou seja, aprender a não se sabotar é fundamental.

Em paralelo, é vital que as empresas proporcionem uma cultura inclusiva, amigável e que promova a equidade de gênero para incentivar a liderança feminina.

A perspectiva para os próximos anos é positiva. Ainda tem muito a ser feito, no entanto, cada vez mais empresas reconhecem os benefícios da igualdade de gênero e defendem a causa. Empresas já reconhecem que mulheres possuem melhores soft skills, são mais detalhistas, incentivam um ambiente colaborativo e levam em consideração o lado humano e emocional da equipe, tomando decisões assertivas e gerando mais confiança e engajamento.

 

Lisiane Lemos (foto divulgação)
Lisiane Lemos, especialista em transformação digital, Forbes Under 30, conselheira consultiva no United Nations Populations Fund, conselheira emérita no Capitalismo Consciente Brasil e co-fundadora do Conselheira 101

O primeiro passo é encarar a realidade de frente. A discussão não é recente e precisamos avançar muito e acelerar a jornada. Existem algumas ações possíveis:

1) Mapear quantas mulheres temos em todas as camadas da organização, porque precisamos construir um pipeline de sucessão crescente e garantir condições para que essas mulheres permaneçam;

2) Entender a mentalidade das pessoas que estão na liderança, independente do gênero. Temos várias gerações vivendo ao mesmo tempo no ambiente corporativo, com mentalidades desenvolvidas de uma forma diversa. Ainda que eu considere um fator maravilhoso, a diversidade de pessoas e o que trazem, pode ser uma armadilha se o pensamento não evoluiu junto com a sociedade. Será que vivemos em uma cultura espelho, que contratamos pessoas iguais a nós?

3) Preparar as mulheres, pois não fomos preparadas para sentar nessa cadeira. Precisamos dar as ferramentas, mensurar, acompanhar e acolher essas pessoas.

E o futuro? Eu gostaria de prever, mas eu escolhi construí-lo. Eu compreendo que temos um papel de liderança, seja por influência, seja pelo caminho desenvolvido com aliados. É por isso que estamos mudando.

 

Marina Peixoto (foto divulgação Mover)
Marina Peixoto, diretora executiva do Mover

Há um cenário de desigualdade que está em transformação e essa mudança precisa ser acelerada. Para que a promoção de equidade de gênero seja efetiva, é fundamental que as empresas definam metas, revisem processos e implementem programas que estimulem a presença de mulheres em cargos de liderança, especialmente de mulheres negras. Como diretora do Movimento pela Equidade Racial (Mover), desejo contribuir, junto às 47 empresas que fazem parte do movimento, pela promoção da equidade de gênero e raça e pelo fim de todas as formas de discriminação no acesso, remuneração e ascensão.

 

Solange Gueiros (foto divulgação)
Solange Gueiros, desenvolvedora blockchain com foco em Bitcoin, Ethereum e Smart Contracts, mestre em digital currencies e palestrante em conferências mundiais

Algumas mulheres são naturalmente líderes, outras não. Contudo, todas podem desenvolver esta habilidade, desde que elas saibam disso e queiram ocupar cargos de liderança, ou seja, a mulher pode ser despertada para esta habilidade e desejo. Para isso, as empresas podem oferecer cursos de liderança específicos com esta finalidade. A mulher precisa ter consciência de que o seu lugar é onde ela quiser.

A diversidade e equidade de gênero são temas mais presentes na sociedade. Como vejo mais empresas conscientes disso, espero que a quantidade de mulheres em cargos de lideranças aumente nos próximos anos.

 

Coordenação: Jorge Priori

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