Neste artigo vamos abordar alguns passos simples que qualquer empresário pode começar hoje mesmo a realizar em sua empresa, passos estes que tornarão sua empresa mais atrativa para receber investidores.
O mercado de M&A (Fusões e Aquisições) tem crescido substancialmente no Brasil, com cada vez mais investidores nacionais e internacionais comprando empresas total ou parcialmente.
Este é um processo que pode agregar muito valor ao empresário, pois ele tem a possibilidade de capturar todo o potencial futuro de sua empresa a valor presente.
São diversas possibilidades pelas quais uma venda ou investimento na empresa são melhor estratégia para os empresários. O motivo mais óbvio é para os empresários que não desejam vender o seu negócio no momento, mas precisam de capital para crescer rapidamente e se beneficiarem do potencial e momento de mercado atual; neste caso, atrair um investidor qualificado poderá elevar a empresa a outro patamar rapidamente.
Outros motivos também frequentes são casos de sucessão, em que o empresário não tem um sucessor interessado em gerir o seu negócio ou também em casos de conflitos entre sócios. Vender o negócio a um investidor qualificado é a saída perfeita tanto para resolução de conflitos como para realizar uma sucessão familiar, mas não nos limitamos somente a estes pontos, pois uma venda pode também ser interessante para qualquer empresário que tenha um bom negócio nas mãos, podendo vender sua empresa a preços substancialmente atrativos a depender de seu posicionamento, organização e diferenciais.
Cada empresa possui uma particularidade e cada uma delas deve ser analisada afim de viabilizar um investimento ou não, mas há alguns pontos que são padrão em todas as empresas, pontos que qualquer empresário pode começar a realizar de forma a preparar sua empresa, melhorando a atratividade do negócio na ótica de investidores. Seguem alguns pontos:
Organização
Investidores estão avaliando companhias o tempo todo e, a maioria não tem tempo para organizar os dados das empresas que os interessam, então precisam receber as informações das empresas de forma organizada. Muito mais do que simples informações, a organização da companhia demonstrará confiança aos investidores, mais confiança significa menor risco que o investidor vê neste negócio.
Assim, organização na contabilidade, nos relatórios gerenciais, nos processos, nas políticas de contratação, demissão, vendas, prospecção etc. farão com que tudo flua mais facilmente na companhia e esta possa atender rapidamente à demanda de investidores. Além disto, a organização da companhia é benéfica a qualquer empresa, independente de um processo de investimento ou não, pois o empresário terá mais clareza sobre o seu negócio e poderá tomar decisões estratégicas mais assertivas.
Regularidades
As empresas se tornam automaticamente mais atrativas a investidores quando são regulares, isto é, emissões de NFs e recolhimento de impostos em dia, CNPJ com certidões e obrigações acessórias em dia, funcionários regularizados em regime formal, dentre outros. Estas medidas todas também geram confiança dos investidores e aumentam a atratividade do negócio, diferente de empresas que acabam por ter vários CNPJs afim de não alterar regime tributário ou que possuem pagamentos de colaboradores de forma irregular.
Sabemos que o custo Brasil é muito alto e não é fácil para nenhum empresário conseguir seguir desde o início e à risca todas as exigências, mas o quão mais organizado e formalizada sua empresa estiver, melhor será a atratividade do seu negócio na visão de investidores.
Concentração de receita
Empresas que possuem alta concentração de receita em poucos clientes representam um maior risco, e o motivo é simples e óbvio: se a empresa perder um cliente, esta terá uma parcela significativa de sua receita perdida.
Embora isto não represente um impeditivo, o ideal é que você empresário possa começar a pensar e planejar o quanto antes a abertura de novos clientes de forma a pulverizar a receita. Assim, uma empresa que possui receita pulverizada, ou seja, que não possui alta dependência em poucos clientes, tem o risco de seu negócio reduzido e, por consequência, seu valor aumentado e também se tornando mais atrativas para investidores.
Descentralização das tomadas de decisão
Empresários que centralizam muito as decisões do negócio e fazem com que a empresa dependa totalmente dele não têm valor, pois o valor não está na empresa e sim no empresário. Desta forma, investidores não se interessam por empresas que são totalmente dependentes do seu dono, pois se o dono da empresa deixar o negócio, a empresa não irá prosperar.
Já empresários que cultivam a cultura da descentralização e conseguem formar bons gestores com alçada na tomada de decisões criam empresas mais robustas e que não dependem do empresário para continuarem operando. É claro que as decisões mais críticas e estratégicas devem sim passar pelo seu sócio controlador, mas este deve ter um corpo de gestores com alçada para tomar decisões do dia à dia sem depender da figura do dono, pois a empresa valerá mais quanto menos dependente ela for de uma única figura.
Em suma, desenvolver a cultura da descentralização tendo bons gestores no seu negócio e tornando a empresa menos dependente de você empresário fará com que sua empresa não só seja mais atrativa para investidores, como também o valor da sua empresa será maior.
Confidencialidade
Ao optar por receber um investimento ou vender a totalidade de sua empresa, a confidencialidade desta informação e deste processo deverá ser total de forma a aumentar a taxa de sucesso nas negociações e também não incorrer em riscos para a empresa, gerando rumores desnecessários que podem prejudicar os negócios.
Veja alguns exemplos de rumores que podem prejudicar o negócio:
Concorrentes podem usar de rumores dizendo aos clientes que a sua empresa está à venda e que você não estará mais no negócio e que não devem fechar contrato com sua empresa porque você não estará lá para cumprir os termos. Este rumor não é verídico, pois os investimentos e vendas acontecem e os compradores/investidores cumprem com todos os contratos da companhia, além de que, em inúmeros casos, a qualidade do serviço pode inclusive ser melhorada, aumentando também a gama de soluções ao receber investimento ou ser incorporada por uma empresa maior, com mais produtos/serviços e mais capilaridade. Mas enquanto isto não ocorre, os rumores podem atrapalhar o negócio através de concorrentes que podem, eventualmente, agir de má fé e usar isto induzindo clientes sobre este risco, podendo atrapalhar os negócios da empresa.
Outro ponto é com relação aos colaboradores/funcionários da empresa. Somente os funcionários de extrema confiança do empresário poderão saber do processo, ou mesmo nenhum deles, pois rumores entre os colaboradores de que a empresa poderá ser vendida e que eles perderão o emprego poderá gerar desconfiança ou medo dos colaboradores, resultando em redução de sua performance. Uma transação ocorrerá se isto for bom para ambas as partes e não significa que o comprador demitirá os funcionários, muito pelo contrário, o objetivo do investidor é fazer a empresa crescer, então poderá, inclusive, contratar mais colaboradores, ou enxugar apenas áreas que precisam ser otimizadas, mas estas já deveriam ser otimizadas independente do investidor. Em suma, vender ou receber um aporte não tem relação direta de que todos os colaboradores estarão em risco, isto é um mito, mas um rumor desta natureza pode atrapalhar os negócios da empresa com seus funcionários pensando estarem em risco.
Existem outros pontos importantes, mas estes são exemplos clássicos sobre o que pode ou não ocorrer. Desta forma, o empresário deverá ser o mais discreto possível com relação a todo o processo e contratar uma assessoria financeira especializada em processos de M&A (Fusões e Aquisições), pois uma assessoria especializada saberá conduzir todo o processo em total segurança para o empresário, além de realizar uma avaliação correta e conectá-lo aos investidores estratégicos para o seu negócio, gerando mais valor ao empresário, com mais segurança.
Fabio Pagliuso é fundador da ATL Capital, sócio da Mentor International e professor convidado do curso de pós-graduação em Finanças Corporativas, M&A e Equity pela PUCRS.