Como se posicionar na renda fixa em 2025?

Segundo Jansen Costa, o momento é muito bom para se fazer aplicações em prefixados para dois anos e IPCA+ para mais de cinco anos

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Jansen Costa (foto Fatorial Investimentos)
Jansen Costa (foto Fatorial Investimentos)

Conversamos com Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, sobre o posicionamento na renda fixa em 2025.

Como se posicionar na renda fixa em 2025?

O cenário hoje está com uma Selic de 15,5% para o final de 2025. Se a Selic realmente for para 15,5%, um título IPCA + 7% estaria com 8,5% de inflação, mas se a inflação não andar, esse título não vai bater 15,5%. Olhando para o curto prazo, o IPCA+, que pode ser comprado a 7%, 7,2%, teria que ter uma janela maior que 5 anos. Isso porque, historicamente, títulos de IPCA + 6%, próximos de 7%, ganharam do CDI em quase 90% das janelas de cinco anos.

Um ponto importante, que o investidor precisa entender, é que o pós-fixado é uma boa aplicação conservadora. A questão é o seu percentual sobre a renda fixa. Por exemplo, nós temos uma aplicação, em um título do Bradesco, com 128% do CDI, que foi feita quando o CDI estava a 2%. Quem pegou esse título, teve um belo resultado, mas hoje, com o CDI podendo ir a 15,5%, não existem aplicações de 128% do CDI. Isso porque quanto maior a Selic, menor o percentual do CDI, e quanto menor a Selic, maior o percentual do CDI.

Para aplicar no prefixado e no IPCA+, o investidor precisa ter certeza de que não vai precisar do dinheiro até o vencimento, mas se ele acerta a aplicação, e o mercado faz um movimento ao seu favor, ou seja, o investidor está aplicado em prefixado e os juros caem, ele vai ganhar dinheiro. Neste caso, o investidor pode antecipar o título, mas fora isso, ele tem que carregar o título até o vencimento.

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O momento é muito bom para se fazer aplicações em prefixados para dois anos e IPCA+ para mais de cinco anos.

Como utilizar o mercado futuro de juros na tomada desse tipo de decisão?

Quando falamos que o mercado trabalha com uma Selic de 15,5% para 2025 e de 12,25% para 2026, nós já estamos utilizando o mercado futuro para a tomada de decisão, mas eu sempre digo para as pessoas que o mercado futuro, não necessariamente, está certo, pois o que ele dá é uma referência da curva que está trabalhando.

Outro ponto é que, no início de 2024, a Selic terminal era 9%, mas nós fechamos com 12,25%. Isso porque o cenário pode mudar rapidamente com uma política fiscal equivocada, como estamos vendo agora. Assim, toda vez que um investidor opta por um prefixado, ele tem que lembrar que o cenário pode mudar muito rapidamente. É por isso que se o investidor aplicar em prefixados para dois anos, dificilmente ele perde muito dinheiro se a aplicação for feita em momentos de estresse. Por exemplo, hoje, se o investidor aplicar em um prefixado para dois anos, ele vai ganhar mais que o CDI. A questão é quanto ele vai ganhar a mais que o CDI, pois isso depende da Selic subir mais rápido ou mais devagar.

Títulos de governo ou privados?

O problema que temos agora no Brasil é referente a uma mudança tributária. O (Fernando) Haddad, ministro da Fazenda, está sugerindo a criação de um Imposto de Renda (IR) de 10% sobre os rendimentos superiores a R$ 600 mil. Isso vai afetar uma série de investidores pessoas físicas que investiram, por muito tempo, em LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) para viver de rendimentos sem IR. No momento da aplicação, se esse investidor soubesse que ia pagar 10% de IR sobre os seus rendimentos, ele teria aplicado em um título público, que é mais seguro e que não precisa ficar correndo risco desnecessário.

Em teoria, essa medida do governo vai aumentar a demanda por títulos públicos no Brasil e diminuir a demanda por debêntures, o que vai fazer com que fique mais caro para as empresas captarem. Por exemplo, vamos imaginar um investidor que prefere aplicar em uma debênture da Vale a um título do governo, já que um é isento de IR, e o outro não é. Se o título isento passa a pagar 10% de IR, fazendo com que fique indiferente aplicar nos dois títulos, os investidores vão aplicar nos títulos do governo.

Com essa mudança, a Vale, que antes pagava o mesmo preço do governo, terá que pagar mais para conseguir captar, o que vai encarecer o seu custo de captação. Como o spread de crédito vai aumentar no país, isso vai gerar um problema nos fundos de crédito privado, da mesma forma que aconteceu com os fundos de investimento imobiliário, já que o governo pretende cobrar CBS e IBS sobre alugueis.

Isso vai pegar os títulos em estoque ou apenas os novos títulos?

Isso vai pegar tudo, pois os títulos, naturalmente, vão ter uma nova marcação a mercado. Como o mercado vai exigir mais prêmio, vai haver um ajuste negativo nos fundos.

Como você está vendo a diferença entre os juros brasileiros e os juros americanos, que, a princípio, tende a aumentar?

A diferença de juros do Brasil para os Estados Unidos abre oportunidades para que os investidores pessoa física façam boas aplicações no Brasil. As pessoas físicas podem aproveitar essa oportunidade para pegar esse diferencial de juros investindo em fundos que aplicam em títulos de renda fixa no exterior e no Brasil, ou estruturas de COE (Certificado de Operações Estruturadas) chamadas bond repack. Isso porque o investidor pessoa física, dificilmente, vai conseguir fazer isso sozinho. Por exemplo, recentemente saiu uma taxa de 20% prefixada em uma dessas estruturas de COE.

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