Compromisso com a unidade

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A crise entre o governador Garotinho e os partidos que compõem a aliança política progressista no Rio de Janeiro não é um evento isolado, ilhado da conjuntura nacional e mesmo internacional. Esta crise faz parte da intensa luta política, que cada vez mais se acirra, entre as forças políticas de esquerda, historicamente comprometidas com um projeto de transformação e justiça social, e as forças  agrupadas em torno das idéias do neoliberalismo, responsáveis pela grave situação que o país atravessa.
Não se trata aqui de assumir um lado como se estivéssemos travando uma luta entre opostos. É sabido que Brizola foi o grande construtor da unidade das oposições, o que mais uma vez surpreendeu a direita entreguista, corrupta e beneficiária da tragédia vivida pelo nosso povo. Brizola compreendeu de modo inequívoco a importância da unidade como instrumento fundamental da luta do povo, e deve ser enaltecido por sua visão política.
Já Garotinho, ungido a condição de candidato, tendo Benedita como vice, veio para avançar como grande liderança do campo progressista. Pela segunda vez candidato do PDT, o que demonstra que tem a confiança e o apoio do partido, foi vitorioso por seus méritos, e porque expressou, para a população do Estado do Rio de Janeiro, esta unidade fundamental do campo popular.
A unidade da esquerda não foi – e não é – apenas o desejo dos dirigentes e lideranças partidárias, mas uma necessidade concreta das classes sociais que estão sofrendo na pele os efeitos da política econômica de FHC. É o resultado da experiência de vida da população, que compreende a importância da união como fator chave para enfrentar e resolver os problemas. A coligação vitoriosa no Rio de Janeiro continua sendo a esperança do povo, e os índices de aprovação do governador Garotinho têm muito a ver com esta percepção e esta vontade popular. A queda da unidade pode significar a queda dos índices de popularidade.
Considerar a discussão travada hoje na frente de esquerda como um conflito de egos, ou mera disputa por cargos e espaços, como muitos querem fazer, é, na melhor das hipóteses, amesquinhar um debate rico e decisivo que a conjuntura impõe como ordem do dia. Em vez de discutir, provocar, em vez de apresentar idéias, distorcer fatos e distribuir mentiras e falácias.
Equivocam-se, desde que de boa fé, aqueles que procuram fazer coro com a direita atacando de forma desrespeitosa, ou adulterando conhecidos episódios históricos, a figura de Leonel Brizola.
O Governo Garotinho deve ser o instrumento das esperanças maiores do povo brasileiro, por isso é imperioso ver no Estado do Rio de Janeiro o comprimento das bandeiras e metas assumidas por todos em praça pública, o que apenas será possível com a unidade dos partidos que assumiram tais compromissos.
Ou ficamos unidos ou o nosso governo, inexoravelmente, será cooptado pela direita, sofrendo desvios e comprometendo os rumos de uma luta que tem como desaguadouro final o ano de 2002, salvo a desejável renúncia de FHC.

Paulo Ramos
Deputado estadual, é líder do PDT na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.

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