A alta taxa de compulsórios da China está limitando a influência do mercado sobre as taxas de juros oferecidas pelos bancos, disse Banco do Povo da China (Pboc), segundo a agência de notícias Dow Jones.
A China costumava usar taxas de juros definidas pelo governo e cotas de empréstimos para controlar a quantidade de dinheiro no sistema financeiro. Isso limitava o quanto os bancos podiam pagar aos correntistas como remuneração pelos depósitos, por exemplo. No entanto, como parte da reforma do sistema financeiro, o governo tem tentado liberalizar as taxas de juros.
Nos últimos anos o Pboc deixou de controlar as taxas de depósitos e de empréstimos, permitindo que os bancos as definam livremente. No ano passado o Pboc introduziu um mecanismo chamado ‘corredor de taxa de juros’ para substituir as taxas fixas, mas os bancos ainda usam taxas do governo para se balizar, em vez de usar taxas do mercado. A conclusão aparece em um estudo publicado pelo economista-chefe do Pboc, Ma Jun.
“As taxas de mercado de curto prazo influenciam as taxas de empréstimos bancários em certa medida, mas a eficácia da transmissão é de apenas 20% a 80% daquela vista nos Estados Unidos”, diz o documento. Parte disso se deve à taxa de depósitos compulsórios, que exige que os maiores bancos da China reservem no banco central pelo menos 17% dos depósitos de seus clientes, uma taxa alta se comparada ao resto do mundo.
No ano passado, o governo cortou a taxa do compulsório cinco vezes, o que atenuou este efeito, mas não solucionou totalmente o problema.
Além disso, a alta volatilidade das taxas de juros de curto prazo, a falta de instrumentos de hedge, a baixa quantidade de captação de recursos no mercado e a pequena proporção de ativos negociáveis nos balanços dos bancos os torna relutantes em adotar taxas de mercado como referência para suas operações.
O estudo do Pboc sugere que a China desenvolva seu corredor de taxas de juros e seu mercado de derivativos para criar um sistema de juros mais orientado pelo mercado.
