Nos últimos meses, o café, uma das bebidas mais consumidas no Brasil, tem registrado aumentos significativos de preço. A economista Tcharla Bragantin, docente dos cursos de Gestão e Negócios do Centro Universitário Módulo, explica que a elevação está diretamente relacionada a uma combinação de fatores climáticos e macroeconômicos.
Apesar de o Brasil ser o maior produtor mundial de café, as condições climáticas adversas, como secas prolongadas e altas temperaturas, afetaram severamente as últimas safras, reduzindo a oferta do produto no mercado interno e externo.
“Essa escassez, aliada ao aumento da demanda global, pressionou os preços para cima, com parte da produção sendo direcionada para o mercado internacional”, destaca a especialista.
Outro fator determinante tem sido o impacto da valorização do dólar e o aumento dos custos de produção, impulsionados pela alta das taxas de juros. Segundo Tcharla, a escassez de produção em algumas regiões do Brasil e de outros países produtores reforça o cenário de preços elevados.
“Quando a oferta diminui, mas a demanda permanece estável ou cresce, a lei da oferta e da demanda faz com que os preços subam, tornando o café um produto ainda mais valorizado no mercado”, analisa.
A tendência é que os preços permaneçam elevados nos próximos meses, devido aos reflexos das condições climáticas nas safras futuras. Para mitigar os impactos desse cenário, Tcharla sugere algumas medidas:
“O governo deve focar no incentivo à produção, oferecendo linhas de crédito com condições favoráveis para pequenos e médios produtores. Já as empresas precisam adotar estratégias que visem à redução de custos e à otimização dos processos produtivos, logísticos e de venda”.
Embora o café seja um produto de baixa elasticidade de substituição, especialmente no Brasil, onde faz parte da cultura de consumo, os consumidores podem buscar alternativas para equilibrar o orçamento. “O consumo de bens substitutos, como chá preto, chá verde e chá mate, pode ser uma saída, assim como a pesquisa por melhores preços nos supermercados”, conclui a economista.
A safra total dos cafés do Brasil prevista para o ano-cafeeiro 2025, incluindo o somatório da produção das duas espécies cultivadas no país, Coffea arabica e Coffea canephora (café robusta + conilon), foi estimada em um volume físico equivalente a 51,81 milhões de sacas. E, assim, caso essa estimativa se confirme ao longo do ano, tal performance representará um ligeiro decréscimo de
4,4% em relação à safra efetivamente colhida em 2024, que foi de 54,21 milhões de sacas de 60kg.
Os números foram obtidos da edição de janeiro do 1º Levantamento da Safra de Café de 2025, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e, com base nos dados desta estimativa, verifica-se que o volume previsto especificamente para o café da espécie de C. arabica deverá atingir o correspondente a 34,68 milhões de sacas, as quais estão sendo cultivadas numa área de 1,48 milhão de hectares, o que permitirá obter uma produtividade média de 23,43 sacas/ha.
Assim, caso tais números se confirmem, a produção dessa espécie equivalerá a aproximadamente 66,94% da safra total prevista para 2025. Entretanto, vale destacar que esse volume do C. arabica denota uma expressiva redução na produção de 12,4%, caso seja comparada com a obtida no ano-cafeeiro de 2024, que foi de 39,59 milhões de sacas.
Complementando essa análise com base nos dados da safra de 2025 prevista para a espécie de C. canephora, cuja produção estimada estabelece um volume físico equivalente a 17,13 milhões de sacas de 60kg, que estão sendo cultivadas numa área de 369,7 mil hectares, merece destacar o fato de que, caso tais números se confirmem, essa espécie obterá uma produtividade média bastante expressiva de 46,3 sacas/ha.
O estudo aponta ainda que a produção total dessa espécie estimada para o ano-cafeeiro 2025 no somatório das safras dos diferentes estados produtores equivalerá a 33,06% da produção nacional, e que, além disso, tal estimativa também registrará um grande crescimento de 17,2%, na comparação com a safra anterior, que foi de 14,61 milhões de sacas.
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