Confiança de serviços e do comércio recuaram em setembro

Para especialista, datas de fim de ano pode ter impacto positivo em parte do setor

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Salão de cabeleireiro (Foto: Fernando Frazão/ABr)
Salão de cabeleireiro (Foto: Fernando Frazão/ABr)

O Índice de Confiança de Serviços (ICS), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) recuou 0,5 ponto em setembro, para 96,9 pontos, segunda queda consecutiva. Em médias móveis trimestrais, o índice se manteve relativamente estável ao variar 0,1 ponto.

“O resultado de setembro pode ser entendido como uma acomodação do setor depois de passar por uma trajetória de alta durante o ano. A situação atual é de melhores condições de negócios em relação aos meses anteriores e de manutenção da demanda que vem sendo recuperada aos poucos, reforçando a resiliência do setor. O grande desafio é em relação aos próximos meses. Apesar de sinais positivos no ambiente macroeconômico, a maior parte dos segmentos ainda demonstra cautela em suas expectativas. No entanto, para as datas de fim de ano, a perspectiva de melhora dos fatores macroeconômicos pode ter impacto positivo em parte do setor, como nos serviços prestados às famílias”, avaliou Stéfano Pacini, economista do Ibre.

Em setembro, a retração do ICS foi influenciada exclusivamente pela piora das perspectivas em relação aos próximos meses: o Índice de Expectativas (IE-S) caiu 1,6 ponto, para 94,7 pontos. Entre os indicadores que compõem o IE-S, ambos contribuíram negativamente para o resultado: o de demanda prevista nos próximos três meses recuou 1,9 ponto, para 94,9 pontos, e o que indica a tendência dos negócios nos próximos seis meses retraiu 1,3 ponto, para 94,5 pontos, mantendo-se abaixo dos 100 pontos desde setembro de 2022 (100,1 pontos).

Já o Índice de Situação Atual (ISA-S) avançou 0,6 ponto, para 99,1 pontos. Entre os quesitos que compõem o ISA-S, o indicador de volume de demanda atual se manteve relativa estabilidade ao variar -0,1 ponto, para 98,6 pontos, enquanto o indicador de situação atual dos negócios subiu 1,3 ponto, para 99,6 pontos, maior nível desde outubro do ano passado (100,4 pontos).

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O fim do terceiro trimestre reforça a recuperação na confiança dos empresários do setor de serviços. Apesar de duas quedas consecutivas, o terceiro trimestre terminou com alta de 3,5 pontos na confiança em relação ao trimestre anterior. Além disso, a alta trimestral ocorreu tanto no ISA-S quanto no IE-S, ratificando a sinalização de resiliência do setor de serviços no ano de 2023.

“Apesar dos resultados ligeiramente negativos nos últimos meses, o setor mantém o momento de redução do pessimismo ao fim do terceiro trimestre”, completa Pacini.

Já o Índice de Confiança do Comércio (Icom) recuou 1,6 ponto em setembro para 92,2 pontos. Em médias móveis trimestrais também houve queda de 0,7 ponto, sendo a primeira depois de cinco altas consecutivas.

Comércio em shopping (Foto: divulgação)
comércio em shopping (Foto: divulgação)

A confiança do comércio voltou a cair em setembro, mantendo a volatilidade dos últimos meses. A piora ocorreu tanto nas avaliações sobre o momento atual quanto nas expectativas em relação aos próximos meses, mas chama a atenção a terceira queda consecutiva na percepção sobre a demanda atual. A dificuldade de manter a trajetória positiva dos últimos meses parece estar relacionada a desaceleração da confiança dos consumidores e também pelo tempo que o efeito da melhora das variáveis macroeconômicas, como a redução de juros, vai levar para refletir na atividade do setor”, avalia Rodolpho Tobler, economista do Ibre.

A queda do Icom em setembro foi disseminada em quatro dos seis principais segmentos do setor e nos dois horizontes temporais. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) recuou 0,4 ponto, para 94,2 pontos, o menor patamar desde maio desse ano (90,1 pontos). Entre os indicadores que compõem o ISA-COM, a queda foi influenciada pelo que mede o volume de demanda no momento presente, que caiu 1,1 ponto.

No mesmo sentido, o Índice de Expectativas (IE-COM) cedeu 2,7 pontos, para 90,5 pontos, influenciado pela queda de 5,1 pontos do indicador que mede a tendência dos negócios para os próximos seis meses, que havia subido 8,0 pontos no mês anterior.

Mesmo com a oscilação da confiança do comércio dos últimos meses, o Icom médio do terceiro trimestre ficou 4,2 pontos acima da média do trimestre imediatamente anterior. Pelo lado do ISA-COM, esse foi o segundo trimestre consecutivo de alta, mas já se observa uma desaceleração no ritmo de crescimento. E pelo lado das expectativas, houve avanço de 4,7 pontos nessa métrica trimestral, o primeiro resultado positivo desde o terceiro trimestre de 2022.

“Essa primeira alta do IE-COM trimestral parece estar muito ligada aos primeiros sinais positivos do ambiente macroeconômico, como início do ciclo de redução de juros e inflação desacelerando, mas ainda é preciso cautela dado o patamar baixo do índice”, completa Tobler.

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