Confiança do consumidor caiu em setembro; trimestre terá venda moderada

Medido pela Fecomércio-SP, ICC caiu 10,6% ante igual período do ano passado

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Shopping center (foto: Valter Campanato, ABr)
Shopping center (foto: Valter Campanato, ABr)

A incerteza do ambiente econômico levou o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) a recuar 1,5% em setembro, na capital paulista. Apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), o indicador caiu 10,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. Atualmente, o ICC está em 110,2 pontos. O índice varia de zero a 200 pontos – abaixo de 100 indica pessimismo e acima, otimismo. Apesar de ainda apontar confiança, o resultado mostra perda de fôlego.

Dentre os subíndices que compõem o ICC, o Índice das Condições Atuais (Icea) foi o que mais influenciou as variações mensais e interanual do resultado. Em setembro, o Icea recuou 2,1% frente a agosto, chegando a 105,8 pontos. Na comparação anual, a queda foi de 9,3%.

O encarecimento de itens essenciais, como alimentos e habitação, continua sendo o principal fator para a percepção de perda do poder de compra dos consumidores. Além disso, o custo da energia elétrica acaba por comprometer o orçamento das famílias. O crédito ainda segue restrito e com juros elevados, limitando as aquisições de maior valor agregado, como bens duráveis. Também há de se mencionar os elevados índices de endividamento e inadimplência dos consumidores, o que deteriora a confiança, sobretudo porque o endividamento está concentrado no cartão de crédito rotativo – o mais caro e de maior risco ao orçamento familiar.

Ainda segundo o estudo, as conjunturas fiscal e política, marcadas por dúvidas a respeito da sustentabilidade das contas públicas, também contribuíram para enfraquecer as expectativas. Na comparação com setembro de 2024, a queda reflete, sobretudo, uma revisão do otimismo. De acordo com a Fecomércio-SP, no ano passado, havia expectativas em torno de cortes de juros e de uma retomada mais sólida da economia, projeções que não se concretizaram com a intensidade esperada em 2025. Embora o emprego se mantenha elevado, a renda real pouco avançou – o rendimento médio cresceu apenas em torno de 1% em termos reais -, enquanto a informalidade segue próxima de 40% da força de trabalho.

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Além disso, indicadores recentes apontam desaceleração do ritmo de crescimento da economia, o que afeta de forma significativa a percepção dos consumidores. No cenário internacional, barreiras comerciais e tensões geopolíticas ampliaram a percepção de risco e limitaram a recuperação doméstica. O momento, agora, é de esperar o que virá das negociações entre Brasil e EUA sobre as tarifas de 50% impostas pelos país norte-americano a produtos brasileiros. No entanto, o impacto é mais psicológico e de expectativas, pois afeta o sentimento de estabilidade do mercado mesmo sem efeitos diretos imediatos no consumo doméstico. Esse descompasso entre expectativas e realidade resultou em um consumidor mais desconfiado e seletivo.

O fim do ano, segundo a Fecomércio-SP, deve ser mais moderado para o Comércio. Embora o calendário inclua datas importantes (como a Black Friday e o Natal), a tendência é de um comportamento mais racional, com foco em itens de necessidade imediata e mais sensibilidade a preços e condições de pagamento. Nesse contexto, empresas que conseguirem oferecer facilidades financeiras, ampliar a eficiência logística e investir em estratégias de retenção e fidelização terão vantagens competitivas.

Enquanto o ICC mede a confiança no futuro e o ambiente econômico geral, o ICF captura a disposição imediata das famílias para consumir – ou seja, traduz o sentimento em comportamento. A Intenção de Consumo das famílias ficou estável em setembro, com queda de 0,4% em relação ao mês anterior, atingindo 105,8 pontos e recuando 0,1% no comparativo interanual.

Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, a intenção de consumo caiu 0,5% no mês, alcançando 104 pontos. O endividamento, o crédito caro e o encarecimento de itens essenciais pressionaram esses lares. No entanto, no comparativo interanual, houve alta de 2,6%. O movimento reflete, segundo a federação, a comparação com resultados mais baixos em 2024 e uma reposição gradual da renda, em decorrência da desaceleração do ritmo inflacionário.

No Rio, números têm queda no terceiro trimestre

Já na Região Metropolitana do Rio , sondagem do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ), ligado à Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro, feita com 891 consumidores da Região Metropolitana do Rio, entre os dias 23 e 26 de setembro, revela queda na confiança em relação aos segundo trimestre. Em junho, o índice estava 133 pontos e agora está em 131,4.

Os índices de situação presente e futura também caíram. O indicador presente registrou 118,3 pontos, contra 119,5 de junho. Apesar disso, o subitem renda familiar subiu de 89,9 para 96,4 pontos.

O indicador futuro, que estava em 142 pontos no segundo trimestre, agora está em 140,2. O destaque ficou com o subitem gastos com bens duráveis que passou de 109,5 pontos em junho para 113,8 em setembro.

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