Conheça ativos que não sofrem influência da conturbada campanha eleitoral

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Gráfico de ações. Foto: divulgação
Gráfico de ações. Foto: divulgação

A eleição presidencial deste ano segue conturbada com clara polarização entre os dois principais candidatos, o que tem contribuído bastante para as incertezas do mercado. Até porque, o vencedor, seja quem for, vai herdar um país com graves problemas fiscais e as decisões a serem tomadas geram impactos na economia e na rentabilidade dos investidores que temem perder dinheiro. Não por acaso, uma pergunta bastante comum é: quais ativos sofrem menos impactos dos discursos e das decisões dos políticos?

Quando se trata de mercado tradicional não há ativo descorrelacionado totalmente das influências políticas. Especialistas até indicam, no caso de renda variável, investir em ações de empresas que oferecem serviços indispensáveis como o de energia elétrica, por exemplo. Realmente elas são bem resilientes, mas podem sim sofrer impactos negativos e perderem valor de mercado. Para os mais conservadores, produtos de renda fixa atrelados ao IPCA tem sido a saída. Mas a renda fixa também sofre influência política e pode, em pouco tempo, voltar a render muito pouco.

Uma opção para fugir da volatilidade provocada pela disputa eleitoral é o mercado de startups. Segundo Alcides Jarreta, cofundador da Efund, plataforma especializada em investimentos em startups, as startups são totalmente desatreladas de qualquer política governamental ou de qualquer decisão do Banco Central sobre taxa básica de juros. “São empresas trabalhando e você está investindo diretamente nelas. Não é como na Bolsa de Valores onde o discurso do político A ou B faz com que as ações subam ou desçam”, explica.

Jarreta faz uma analogia com um pequeno comércio à venda onde o dono queira precificar o seu valor. Ele não valerá mais ou menos motivado pelas mudanças no cenário político e sim pelos seus fundamentos. Se é uma empresa com potencial de crescimento, lucratividade, um produto bom de venda e um bom quadro de funcionários. O mesmo é relacionado às startups, são os seus fundamentos, o modelo de negócio, o tipo de produto, a qualificação do time, entre outros fatores que determinam o seu potencial de crescimento e a possibilidade de retorno dos aportes realizados pelos investidores.

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“Para o investidor que pensa a longo prazo pouca coisa deve mudar com o resultado da eleição. O problema está mais relacionado com as especulações e ruídos sobre indefinição momentânea da economia brasileira, levando os investidores a segurarem os aportes aguardando o resultado da eleição. E seja quem for o presidente, sabemos que nenhuma decisão absurda ou totalmente contra a economia do país será tomada de imediato sem o aval de outros setores políticos e em concordância com o setor empresarial”, avalia Jarreta.

Ativos alternativos

Outro caminho para não sofrer impacto da campanha eleitoral ou mesmo de decisões políticas do vencedor, seja quem for, é investir em ativos alternativos. Mas não exatamente em todos os ativos disponíveis no mercado. Há, especificamente, três opções altamente descorrelacionadas do cenário político/eleitoral. São eles investimentos em royalties musicais, em obras de arte e criptomoedas. Aconteça o que acontecer, esses três ativos seguem um caminho próprio, independente do mercado financeiro e principalmente de decisões de cunho partidário ou ideológico.

“Royalty musical depende da execução da obra nos streamings, rádios, shows e em outras mídias. Quanto mais tocada, mais pode render. Obra de arte é um segmento totalmente independente, voltado à classe alta e cuja valorização independe até mesmo das condições econômicas de um país. Se não houver compradores de obras por aqui, basta negociar no exterior. E criptomoeda funciona sem interferência dos bancos centrais”, explica Arthur Farache, CEO da Hurst Capital, maior originadora de ativos reais da América Latina.

Não que estes ativos estejam totalmente livres de riscos. Uma determinada canção pode não fazer o sucesso esperado no momento de sua originação e uma obra de arte pode demorar mais tempo do que o esperado para valorizar ao patamar projetado, mas nenhum cairá ou subirá por conta de comentários bem ou mal colocados pelos candidatos.

Esses investimentos até podem estar atrelados a índices como IPCA ou Selic, mas isso ocorre para garantir ganho real ao investidor. “Se eles apresentarem recuo, mesmo assim o retorno será positivo, mantendo a proporcionalidade da rentabilidade em relação à inflação, por exemplo”, comenta Farache.

E, por mais voláteis que sejam, as criptomoedas também não sofrem esse tipo de influência. A fala de um político pode até fazer o real se desvalorizar perante o dólar, mas não mexerá em nada na cotação das criptomoedas, cuja variação está diretamente atrelada à compra e venda no mercado internacional. Não existe esse negócio de o Bitcoin desvalorizar no Brasil e ao mesmo tempo valorizar na China. Seu movimento, para cima ou para baixo, acontece de forma igual em todo o planeta, não importando as condições econômicas, situação política dos países ou discursos eleitorais.

“Estas são as razões para esses três ativos serem opções interessantes nesse período de incertezas. O investidor faz o aporte sabendo o quanto pode ganhar em três cenários distintos – base, mais otimista e mais pessimista – e o retorno na maioria das vezes bate com o que foi projetado no momento da originação ou até supera”, explica.

Como exemplo, Farache cita uma operação com obras de arte do artista plástico brasileiro Abraham Palatinik. A expectativa era proporcionar retorno de 17% a.a, mas ao final da operação, em junho passado, a rentabilidade anual superou os 25%. Um desempenho completamente alheio às questões da política e da economia nacional. “Da mesma forma, operações com cripto e com royalties musicais seguem um caminho próprio. Só é preciso confiar seus recursos à empresa certa, que sabe fazer originação de ativos e administrar a operação”.

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