Conselhos de empresas do Brasil têm menos de 30% de mulheres

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Uma empresa de capital aberto deve ter um mínimo de três a cinco conselheiros em seu Conselho de Administração, dependendo do segmento de listagem, com percentual obrigatório de independentes. Neste meio, a presença das mulheres ainda é pequena, mesmos diante do fato de que a ampla maioria (93%) têm um ou mais diplomas além do ensino superior, sendo os mais recorrentes os de Especialização ou MBA (57%) e Mestrado (27%).

Uma parcela menor(7%) completou o Doutorado e apenas 2% têm Pós-doutorado. Menos da metade (39%) delas dedicaram entre 1 e 5 anos se preparando antes de assumir o primeiro Conselho, enquanto 8% investiram mais de 5 anos nesse processo. Essas são algumas das conclusões da pesquisa Retrato da Conselheira no Brasil, realizada pela WCD (WomenCorporateDirectors) Foundation com apoio da KPMG Brasil.

O levantamento, inédito no país, também destacou que, entre as principais estratégias de preparo, estão as certificações para conselheiros (47%) e especializações na área de Governança Corporativa (46%). Entre as mulheres que atuam em Conselhos de Administração, 59% operam também em Comitês de Assessoramento ao Conselho – com destaque para os Comitês de RH, Remuneração e Sucessão (30%) e de Estratégia e Inovação (21%). Há, ainda, um grupo expressivo que concilia a carreira de executiva com a de conselheira – são 48% das conselheiras que responderam à pesquisa. Dessas, 28 % são CEO/Presidentes, 26% estão em cargos de diretoria executiva ou head de área em multinacionais e 10% carregam o chapéu de CFO.

Apesar da representatividade feminina ainda estar abaixo dos 30%, a maioria (80%) das conselheiras afirma que suas opiniões são sempre ouvidas e consideradas, enquanto 19% ainda sentem dificuldade em conquistar espaço e 1% diz que raramente têm voz. Sobre remuneração, a maioria das respondentes recebe anualmente de R$ 30 mil a R$ 100 mil (32%) ou atuam pro bono (25%).

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“A pesquisa WCD aponta que os principais obstáculos para as mulheres chegarem aos conselhos são, em geral, a falta de networking e relacionamento com a comunidade de governança e falta de engajamento de stakeholders com a diversidade nos conselhos”, afirma Marienne Coutinho, Sócia da KPMG no Brasil e Co-Chair da WCD Brasil. “Precisamos cada vez mais de líderes conscientes da importância e benefícios da diversidade nas organizações, especialmente em posições de alta liderança. Havendo a intenção de ter mais diversidade nos conselhos, podemos garantir que há muitas mulheres competentes e interessadas em ocupar esses espaços”, diz.

Segundo ela, uma das principais lições que a pandemia está nos ensinando é que para sobreviver e ter sucesso em um cenário volátil é preciso, além de resiliente, ser disruptivo e inovador. E as empresas que melhor fizeram isso foram as que se beneficiaram de pessoas com ideias, habilidades e experiências complementares e até mesmo antagônicas. “O conselho, como topo da pirâmide, tem a obrigação de ajudar as empresas a navegarem nesse cenário de incertezas e polarização, com o tema ESG e inovação no centro. E não há como falar em ESG e inovação sem diversidade”, afirma.

A ampla maioria das conselheiras é brasileira (98%), branca (97%), têm entre 51 e 60 anos (45%), é mãe (82%), cisgênero (88%), heterossexual (98%), e estão concentradas com residência no Estado de São Paulo (74%). A principal área de formação acadêmica é Administração de Empresas (28%), seguida por Ciências Financeiras, como Economia e Contabilidade (16%), e depois Engenharia e Direito (12%). A área de humanas também tem grande representação, com 9% delas formadas em Comunicação/Marketing e 7% em Psicologia.

Esta primeira edição da pesquisa Retrato da Conselheira no Brasil contou com 226 respondentes, de 10 Estados brasileiros, representantes de 11 setores de atuação. Para chegar a um perfil mais preciso das conselheiras, foram consideradas 200 respostas, considerando mulheres que atuam ou atuaram em Conselho de Administração, Fiscal ou Consultivo/Deliberativo. Desse recorte, 94% (187) das respondentes ocupam atualmente cadeiras em Conselho, sendo 75% em Conselhos de Administração, 70% em Conselhos Consultivos/Deliberativos e 34% em Conselhos Fiscais, sendo que a maioria atua em mais de um tipo de Conselho.

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