Consumidores estão convencidos de que 4G e 5G são idênticos

No Brasil, custo para cumprir metas de redução da exclusão digital até 2030 aumenta 12%

698
Antenas de 5G (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Antenas de 5G (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

O número de assinantes de 5G poderá atingir os 4,5 mil milhões até 2028 em nível global. O 5G tem sido promovido incansavelmente como o futuro da tecnologia sem fios, prometendo velocidades incrivelmente rápidas e latência mínima. No entanto, estudos recentes sugerem que os consumidores não notaram diferenças significativas entre as velocidades 4G e 5G, lançando dúvidas sobre se estas promessas estão a ser cumpridas.

“A expectativa de uma conectividade ultrarrápida com o 5G pode, por vezes, ofuscar o desempenho sólido já disponível com o 4G”, afirma Jason Adler, engenheiro de Software na Repocketk, responsável pelo levantamento.

O 5G, a quinta geração de tecnologia sem fios, promete velocidades teóricas até 100 vezes mais rápidas do que o 4G, com picos de downloads a atingir potencialmente 10 Gbps, segundo o relatório. Estas velocidades revolucionárias poderão alterar drasticamente a forma como usamos a internet e permitir aplicações em tempo real revolucionárias, desde veículos autônomos até cirurgia remota.

O 5G tem sido acompanhado por uma alegada melhoria significativa na velocidade de transferência de dados; melhor gestão de múltiplas tarefas complexas; e capacidade melhorada para um grande número de dispositivos conectados. No entanto, o utilizador comum de tecnologia fica confuso, questionando-se se há alguma mudança notável face à já eficiente experiência 4G.

Espaço Publicitáriocnseg

No entanto, um estudo global realizado pela Opensignal traça um retrato desanimador da experiência real do utilizador 5G. “Como prometido, esta tecnologia deveria oferecer uma velocidade até 10 vezes mais rápida. No entanto, muitos utilizadores notaram pouca ou nenhuma melhoria significativa na velocidade após a mudança para 5G”, diz o estudo.

Nos EUA, os utilizadores de 5G experienciaram velocidades de download de 141,4 Mbps – quando deveriam atingir até 596,7 Mbps. Por outro lado, os utilizadores de 4G reportaram velocidades de 28,8 Mbps.

Embora a velocidade média do 5G fosse quase quatro vezes superior à do 4G, os consumidores relataram que, no uso diário, como navegar na web, enviar e-mails ou até mesmo assistir a vídeos em streaming, a diferença não era especialmente notável. Isto é particularmente intrigante, uma vez que a maioria das tarefas diárias na internet não requer velocidades perto do desempenho máximo do 5G.

A velocidade pode ser enganadora e muitas vezes depende das condições em que é medida. Fatores como a distância da fonte, o congestionamento e a obstrução podem afetar a eficácia de qualquer ligação de rede. O movimento em áreas urbanas densas pode frequentemente levar a flutuações na cobertura 5G, fazendo com que os dispositivos voltem ao 4G. Esta transição, conhecida como fallback 5G, pode levar os utilizadores a sentir que a sua experiência global não melhorou significativamente.

Além disso, a distribuição do espetro de rádio 5G também pode afetar as velocidades. O 5G utiliza três bandas: baixa, média e alta. A banda alta oferece a velocidade mais alta com a cobertura mais estreita, enquanto as bandas baixas são mais lentas, mas têm uma cobertura mais ampla. Nos EUA, o 5G de banda baixa é mais comum, proporcionando velocidades apenas ligeiramente superiores às da rede 4G.

Embora isto não deva ser ignorado, Adler esclareceu que não é toda a história. “Há muito mais do que melhorias dramáticas na velocidade bruta”, afirma, na tentativa de fornecer informações úteis no meio da confusão geral.

Tendências de ação

Então, os consumidores devem apressar-se a adquirir dispositivos e subscrições 5G? “Não necessariamente”, opina Adler, acrescentando: “o comportamento do consumidor deve estar alinhado com as necessidades, não com o hype.”

As necessidades de investimentos para que o Brasil cumpra as metas de 2030 de redução da exclusão digital dispararam 12%, chegando agora a US$ 41 bilhões, razão pela qual autoridades e representantes de empresas começaram a discutir o subsídio à demanda para uma possível ferramenta que amenize a situação que exclui milhões de pessoas da economia digital.

O debate aconteceu durante o Mobile World Congress (MWC) 2024, organizado pela GSMA, organização global que representa os interesses das operadoras móveis em todo o mundo, com participação do Fórum Latino-Americanos de Entidades Reguladoras de Telecomunicações (Regulatel) e da Associação Interamericana de Empresas de Telecomunicações (Asiet), com o apoio estratégico da Vrio Corp., controladora da DirecTV Latin America e da Sky Brasil.

Estiveram presentes ainda autoridades dos governos da Argentina (Enacom), Bolívia (ATT), Brasil (Anatel), Chile (Subtel), Colômbia (Mintic), Equador (Ministério de Telecomunicações), México (IFT), Panamá (ASEP), República Dominicana (Indotel) e Uruguai (Ursec) bem como o vice-ministro das Comunicações da Costa Rica.

Na América Latina, 67% dos domicílios (71% da população) têm acesso a conectividade significativa, mas nas áreas rurais a porcentagem cai para 23% dos domicílios (37% da população), segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Apenas um terço das escolas tem banda larga necessária ou velocidade de Internet suficiente para acessar conteúdos, ao passo que países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) atingem 66% do total.

Com uma população de mais de 210 milhões de habitantes, estima-se que cerca de 7,6% dos domicílios brasileiros estejam fora das áreas de cobertura, deixando mais de 16 milhões de pessoas excluídas digitalmente, diz estudo apresentado pela Vrio Corp. O estudo mostra ainda que a exclusão digital pune 74,2 milhões de brasileiros, se forem levados em conta fatores como a lacuna de utilização, a má qualidade do serviço ou a falta de acesso a conteúdos audiovisuais de entretenimento e educativos.

Pelo menos 77 milhões de pessoas (23,9 milhões de domicílios) na América Latina e no Caribe estão privadas de acesso a educação, informação, jornalismo, cultura e entretenimento, segundo estimativas da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Nesse cenário, a televisão por satélite aparece como um caminho: a utilização de conteúdos audiovisuais para a redução da distância entre as possibilidades educativas ou digitais disponíveis entre as áreas urbanas e rurais ou entre as camadas ricas e pobres de uma sociedade.

Uma investigação do BID e do Centro de Telecomunicações da América Latina (Cet܂La) informou recentemente que, para atingir 99% de cobertura de 4G (incluindo tecnologia de satélite), 81% de 5G e 65% de fibra óptica em 2030, são necessários investimentos de 125.462 milhões de dólares, em média 16% a mais do que o projetado no início da década. Nesse contexto, as necessidades de investimento no Brasil para cumprir as metas de 2030 aumentaram para US$ 40.851 milhões, 12% a mais do que o projetado no início da década.

Dados sobre a América Latina e o Caribe da UIT indicam que o investimento per capita em telecomunicações (2021) foi de US$ 32,39 no Brasil, enquanto no México foi de US$ 38,5; no Chile, atingiu US$ 97,41; na Argentina, US$ 52,9; no Uruguai, US$ 69,83; na Colômbia, US$ 31,81; no Peru, US$ 23,17 e, no Equador, US$ 30,38.

Leia também:

Siga o canal \"Monitor Mercantil\" no WhatsApp:cnseg

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui