Cinco dias após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o fim de bandeira de escassez hídrica na conta de luz e a entrada em vigor da bandeira verde a partir de 16 de abril, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que ela deve vir para ficar. Novas mudanças não são esperadas até o fim de ano. Isso significa que provavelmente as tarifas não voltarão a sofrer acréscimos em 2022.
“Essa é a expectativa”, disse hoje Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS. A entidade é responsável por coordenar e controlar as operações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN).
No ano passado, foi criada a bandeira de escassez hídrica, que fixa um acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. Ela estava vigente há sete meses, desde setembro. Segundo o Governo Federal, a medida era necessária para compensar os custos da geração de energia, que ficaram mais caros em consequência do período seco em 2021, apontado como o pior em 91 anos.
Ciocchi afirmou que, com o volume de chuvas registrado desde o fim do ano passado, a atual situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas permitirá ao país atravessar o restante do ano de forma mais tranquila e segura do que em 2021. “Sudeste e Centro-Oeste terminam o período de chuvas no melhor nível desde 2012”, observou.
Segundo o diretor-geral do ONS, a geração térmica deverá se limitar às usinas inflexíveis, que são aquelas que não podem parar e que possuem uma capacidade em torno de 4 mil MW. Nos piores momentos da crise hídrica de 2021, as térmicas respondiam por mais de 20 mil MW.
Atualmente, as hidrelétricas são responsáveis por cerca de 65% da geração de energia no país. A matriz brasileira vem sendo modificada nos últimos anos com o crescimento de novas fontes renováveis, como eólica, que já representa aproximadamente 9% do total.
Apesar da recuperação das usinas hidrelétricas, Ciocchi considera ter sido acertada a decisão do governo de contratar térmicas emergenciais no ano passado. Elas deverão garantir, até dezembro de 2025, a reserva de energia que era considerada necessária para uma recuperação de longo prazo. “Na hora que tomamos a decisão, existia uma incerteza muito grande. Tínhamos duas escolhas: o arrependimento de contratar e o arrependimento de não contratar”, pontuou.
Já segundo Braz Justi, CEO da Esfera Energia, “a bandeira de escassez hídrica foi uma medida imposta pelo governo para compensar os custos de acionamento das usinas termelétricas e de importação de energia da Argentina e do Uruguai durante a crise hídrica em 2021, a maior dos últimos 91 anos. Seu custo é quase 50% mais alto que a bandeira vermelha patamar 2 e pagamos por ele não apenas na conta de luz, como também nos produtos que compramos e nos serviços que contratamos, um impacto considerável para toda a cadeia produtiva e para o consumidor final”.
A decisão de interromper a cobrança foi tomada com base no aumento do armazenamento de usinas importantes, como Furnas, que terminou o mês de março acima de 80% do seu volume útil. Em 5 de abril, o armazenamento atingiu 64,5% no Sudeste/Centro-Oeste, 47,8% no Sul, 96,6% no Nordeste e 98,6% no Norte do país.
“Ainda não é um cenário definitivo, pois dependemos de como irá se comportar o clima nos próximos meses. Mas se as condições esperadas se confirmarem, é possível que a bandeira verde seja mantida até o fim do ano, trazendo um grande alívio para o mercado e para todos os consumidores”, comentou.
Com informações da Agência Brasil
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