Contas públicas têm superávit de R$ 104 bilhões em janeiro

'Gastos do governo melhoram mas não são suficientes para conter a inflação', diz especialista do mercado financeiro

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Banco Central (Foto: Luiz Kessler)
Banco Central (Foto: Luiz Kessler)

O setor público consolidado – formado por União, Estados, municípios e empresas estatais – registrou um superávit primário de R$ 104,1 bilhões em janeiro de 2025, informou hoje o Banco Central. O resultado representa uma melhora em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o resultado foi superavitário em R$ 102,1 bilhões.

Segundo o BC, no mês de janeiro, o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – registrou superávit de R$ 83,1 bilhões, enquanto os governos regionais registraram superávit de R$ 22 bilhões. As empresas estatais tiveram déficit de R$ 1 bilhão.

No acumulado de 12 meses, o déficit primário foi de R$ 45,6 bilhões em janeiro, o que equivale a 0,38% do Produto Interno Bruto.

O BC disse ainda que os juros nominais do setor público consolidado somaram R$ 40,4 bilhões em janeiro, ante os R$79,9 bilhões registrados em janeiro de 2024.

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Contribuiu para a redução o resultado das operações de swap cambial que registraram um ganho de R$ 36 bilhões em janeiro, ante uma perda de R$ 10 bilhões em janeiro de 2024.

No acumulado em 12 meses, os juros nominais alcançaram 7,67% do PIB em janeiro de 2025, ficando em R$ 910,9 bilhões. Para efeito de comparação, nos 12 meses até janeiro de 2024, o resultado foi de R$ 745,9 bilhões (6,77% do PIB).

Com isso, o resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi superavitário em R$ 63,7 bilhões em janeiro. No acumulado em 12 meses, o déficit nominal alcançou R$ 956,5 bilhões (8,05% do PIB), ante déficit nominal de R$ 998,0 bilhões (8,45% do PIB) em dezembro de 2024.

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) ficou em R$ 7,2 trilhões em 2024, o equivalente a 60,8% do PIB.

“Esse resultado refletiu, sobretudo, os impactos do superávit primário (redução de 0,9 p.p.), do efeito da variação do PIB nominal (redução de 0,4 p.p.), da valorização cambial de 5,8% (aumento de 0,7 p.p.) e dos juros nominais apropriados (aumento de 0,3 p.p.)”, disse o BC.

Em relação à Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) – que compreende o Governo Federal, o INSS e os governos estaduais e municipais – o resultado atingiu 75,3% do PIB, ficando em R$ 8,9 trilhões em janeiro, uma redução de 0,8 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.

“Essa evolução no mês decorreu, principalmente, dos resgates líquidos de dívida (redução de 0,8 p.p.), da variação do PIB nominal (redução de 0,5 p.p.), do efeito da valorização cambial (redução de 0,3 p.p.) e dos juros nominais apropriados (aumento de 0,7 p.p.)”, informou a autoridade monetária.

“O resultado positivo foi principalmente impulsionado pelo Governo Federal, que obteve R$ 83,1 bilhões de superávit, enquanto os governos regionais contribuíram com R$ 22 bilhões e, em contraste, as empresas estatais apresentaram um déficit de R$ 1 bilhão”, avalia André Matos, CEO da MA7 negócios.

Segundo ele, “esse resultado reflete o esforço do governo em manter a receita superior às despesas. Entretanto, o cenário fiscal do Brasil continua desafiador quando se considera o déficit nominal, que nos últimos 12 meses, somou R$ 956,5 bilhões. Embora haja melhorias no curto prazo, os desafios fiscais persistem, uma vez que a elevada dívida pública e os juros altos continuam a afetar a sustentabilidade fiscal do país. O superávit primário é uma conquista importante, mas a situação exige vigilância constante para evitar o retorno a um cenário fiscal desfavorável.”

“A queda da dívida pública bruta e o superávit primário robusto em janeiro refletem uma melhora na trajetória fiscal, o que pode influenciar as próximas decisões do Banco Central. Com um quadro fiscal mais ajustado, há menor risco de deterioração das contas públicas, o que, em tese, poderia reduzir a necessidade de uma política monetária mais restritiva. Embora o superávit contribua para conter as expectativas inflacionárias, a decisão do BC de elevar os juros em 1% demonstra a preocupação com a resiliência da inflação, e o grande desafio será esse, calibrar a política monetária para evitar que o aperto excessivo comprometa a retomada do crescimento econômico longo prazo”, pontua.

Matéria atualizada às 16h36, para acrescentar opiniões de André Mattos

Com informações da Agência Brasil

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