Conversa com investidor: Banco ABC (ABCB4)

605
Sérgio Ricardo Borejo (foto divulgação banco ABC)
Sérgio Ricardo Borejo (foto divulgação banco ABC)

O Banco ABC (ABCB4) fechou o 1T22 com um lucro líquido de R$ 183,2 milhões, apresentando um crescimento de 13,1% em relação ao trimestre anterior e de 49,6% em relação ao mesmo período em 2021. O Retorno Anualizado sobre o Patrimônio Líquido (ROAE) no período foi de 15,5%, um crescimento de 140 pontos base em relação ao trimestre anterior e de 420 pontos base em relação ao mesmo período do ano – o sétimo trimestre consecutivo de expansão.

Conversamos sobre o Banco ABC com Sérgio Ricardo Borejo, vice-presidente executivo de Finanças e RI. Segundo Sérgio, “o resultado do trimestre, de um modo geral, mostra uma evolução contínua de captura de rentabilidade, com um custo de crédito bastante comportado, começando a mostrar o resultado de investimentos e de iniciativas que estão sendo realizados nos últimos 3 anos, impactando diretamente no crescimento das receitas e na complementaridade de negócios”.

 

Como o Banco ABC tem se posicionado no cada vez mais concorrido setor bancário brasileiro?

Espaço Publicitáriocnseg

Historicamente, o Banco ABC sempre se desenvolveu, majoritariamente, no setor corporativo. Nós temos clientes desde 1989, quando o banco chegou ao Brasil. Nós nos posicionamos como um banco de relacionamento e focamos nos mercados que chamamos de C&IB, com faturamento acima de R$ 4 bilhões por ano, e no segmento corporate, que são clientes com faturamento entre R$ 300 milhões e R$ 4 bilhões.

Há três anos, nós começamos a implementar a estratégia do segmento middle. Com o apoio da tecnologia e da ciência de dados, nós vimos uma oportunidade de escalar o que já fazíamos para empresas com faturamento um pouco menor do que estávamos acostumados a lidar: de R$ 30 milhões a R$ 300 milhões. Com essa estratégia, nós passamos e penetrar nesse segmento e vimos um mercado sedento por atendimento mais individualizado e mais pessoal, como fazemos com os grandes clientes.

Hoje nós temos, apenas no segmento middle, R$ 3 bilhões em carteira e 1.500 clientes, sendo que nós ainda vemos entre 25 mil e 30 mil empresas brasileiras como potenciais clientes. Este segmento tem sido um pilar importante, junto com os já consolidados C&IB e Corporate, e tem apresentado o maior crescimento entre três nos últimos três anos.

 

Como o banco está vendo a concorrência das fintechs?

Nós vemos de uma forma muito boa. O Banco ABC sempre foi um banco provedor de crédito. A maior parte das fintechs está no setor de varejo, que é um setor que lidamos menos, mas existem muitas fintechs que permitem melhorar o serviço no setor corporativo. Como ninguém acorda de manhã dizendo que vai investir duas horas do seu dia com o seu banco, as fintechs ajudam a associar o crédito a uma melhora de serviço, suavizando a vida do cliente, fazendo ela menos burocrática e sem fluxo de documentação física de um lado para o outro.

Como uma das nossas funções é fazer a relação do cliente com o banco mais eficiente, nós buscamos potenciais parceiros que possam ajudar nesse propósito.*

 

Como está o ABC Personal?

Nós começamos o Personal há alguns anos como produto de investimento. Nós fomos criando vários pilotos para lidarmos com um cliente que não estávamos acostumados: a pessoa física. O banco digital tem sido uma importante surpresa, principalmente no que diz respeito a funding. Hoje, mais de R$ 400 milhões do nosso funding vem de pessoa física.

Nós estamos desenvolvendo produtos para esse segmento. No ano passado, nós lançamos o crédito consignado privado para os colaboradores dos nossos clientes. A ideia é que lá na frente nós façamos a junção dessas duas ofertas, pois, no final, nós estamos falando de pessoa física tanto do lado da doação de recursos quanto do funding.

O foco do Personal está no produto, pois a parte de crédito é oferecida aos colaboradores dos nossos clientes. A parte de funding é aberta. É simplesmente abrir uma conta no aplicativo sem a exigência de valor mínimo.

 

Como o banco pretende aproveitar o Open Finance?

Toda vez que você democratiza a tecnologia e a informação, você tende a ter uma oferta de mais qualidade e de mais assertividade. O Open Finance vai trazer o barateamento de crédito e acesso a produtos que não haviam anteriormente. Se a instituição financeira entender melhor a vida do cliente, a chance dela ofertar um produto mais condizente com a sua necessidade aumenta muito.

Por exemplo, como o banco tem 0,5% dos ativos do mercado bancário e 1.500 clientes do segmento middle, num universo de superior a 25 mil empresas, nós vemos que a representatividade do Banco ABC ainda é pequena. A partir do momento em que você tem acesso à informação, a velocidade e a confiança com a qual você cresce nesses mercados aumenta muito.

 

É possível fazer com que o ESG se reverta em resultado para os acionistas?

Com certeza. De alguma forma, e com outras nomenclaturas, o banco sempre teve essa prática. Os dois principais setores de crédito do banco são os setores agrícola e de energia, principalmente o setor de energia limpa. Há muito tempo que o banco é parceiro desses dois setores.

Seja do lado de doação de recursos, melhorando a questão da sustentabilidade, ou do lado do funding, via organismos multilaterais, historicamente nós participamos de programas de fundos destinados a atividades específicas, como empresas que melhoram a situação do seu entorno. Isso nós já fazemos bem antes de existir o termo ESG. Essa onda só veio alavancar o que era feito há bastante tempo no ABC Brasil.

 

* No final de 2021, o ABC lançou o Startek, programa criado para facilitar a conexão com startups que ofereçam projetos de interesse da instituição. A primeira edição focou em três pilares de negócios: now, focado na melhoria de processos ou de produtos já existentes; next, focado na criação de novos produtos, especialmente relacionados ao Open Banking; e new, focado na exploração e experimentação de novos modelos de negócios, com foco especial na tokenização de ativos. O banco também lançou em 2021 uma legaltech focada na compra de ativos de precatórios, a Celeris Precatórios.

Leia também:

Conversa com Investidor: Log (LOGG3)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui