A COP30, que será realizada em Belém em 2025, coloca a Amazônia no centro do debate climático global e reforça a urgência de integrar a sustentabilidade às estratégias empresariais. Não se trata apenas de uma pauta ambiental, mas de um desafio estratégico que impacta empresas de todos os tamanhos — das pequenas às grandes corporações. Mais do que uma tendência, a adaptação a modelos sustentáveis se tornou uma necessidade competitiva.
A grande questão, no entanto, não é apenas o que as empresas devem fazer, mas como transformar a sustentabilidade em um fator real de crescimento e diferenciação. O amadurecimento da agenda ESG trouxe maior rigor no escrutínio público e regulatório, tornando ineficazes discursos vazios. Hoje, negócios que incorporam práticas sustentáveis de forma concreta não só se destacam, mas conquistam novos mercados e investidores.
A bioeconomia surge como uma das estratégias mais promissoras para esse cenário. Modelos que integram conservação ambiental e geração de valor econômico já não são apenas um nicho, mas uma alternativa viável e competitiva. Isso vale tanto para grandes empresas, que precisam alinhar suas cadeias produtivas às novas exigências globais, quanto para pequenos e médios negócios, que podem se fortalecer ao incorporar práticas sustentáveis desde sua base operacional.
Os números das COPs anteriores mostram que o setor privado já entendeu essa transformação. Na COP26, realizada em Glasgow, mais de 450 instituições financeiras, representando US$ 130 trilhões em ativos, se comprometeram com metas de neutralidade de carbono. Já na COP27, no Egito, empresas de setores-chave — como energia, transporte e alimentos — ampliaram compromissos de descarbonização e pressionaram governos por políticas mais ambiciosas.
Na Amazônia, diversos exemplos comprovam essa viabilidade. Empresas que mantêm a floresta em pé e fazem disso um diferencial competitivo mostram como ciência, tecnologia e impacto social podem gerar produtos e serviços de alto valor agregado. Esse movimento não está restrito a um grupo seleto de organizações, mas abre oportunidades para negócios de diferentes setores e portes.
A COP30 será um marco para essa transformação. O evento representa um momento decisivo para empresas estruturarem planos de adaptação e incorporarem a bioeconomia como um pilar estratégico. Encarar a sustentabilidade apenas como um custo ou uma exigência regulatória é um erro. O desafio está em construir modelos de negócio resilientes, que unam retorno financeiro e externalidades positivas.
Mais do que uma questão de compliance, a transição para um modelo sustentável precisa ser vista como uma oportunidade de crescimento e inovação. O equilíbrio entre rentabilidade e responsabilidade ambiental já não é um conceito distante — é uma realidade possível para empresas que olham para o futuro com visão estratégica.
Lucca Mendes, mestre em liderança de escritórios de advocacia, especialista em gestão de negócios.