Copel e Cemig a caminho da privatização

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Sede da Cemig, Belo Horizonte. Foto: Paulo JC Nogueira
Sede da Cemig, Belo Horizonte. Foto: Paulo JC Nogueira

Fundada em 1952, a Cemig é o principal alvo de privatização do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, interesse surgido já na primeira gestão de seu giverno. Na última sexta-feira (25), Zema anunciou que tem um projeto pronto para privatização da empresa, que é o segundo grupo de transmissão do país.

Faltando um mês para acabar o ano e a gestão do governo atual federal, alguns projetos de privatização seguem em curso e mudanças nos estatutos das empresas estão sendo feitas para garantir o processo. O primeiro caso é da Companhia Paranaense de Energia (Copel), cujo processo se encontra mais adiantado, e outro o da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou o texto que prevê a privatização da Copel, uma das últimas estatais do setor de energia do Brasil, por meio da pulverização das ações da empresa, de forma com que o controle acionário da companhia saia das mãos do governo estadual do Paraná.

A lei estadual permite, agora, que o Estado do Paraná, acionista majoritário da empresa, desfaça-se da maior parte das suas ações, vendendo-as na Bolsa de Valores, para sair do controle acionário da companhia e transformá-la em uma corporação de capital difuso sem acionista controlador, processo que deve acontecer até o segundo semestre de 2023.

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Fundada em 1952, a Cemig é o principal alvo de privatização do governador de Minas Gerais,

Analisando sob o ponto de vista financeiro, Felipe Pontes, diretor operacional da Economática (empresa que faz análise de dados sobre fundos de investimentos financeiros), comenta que uma privatização, de fato, da Cemig exigiria alteração do estatuto do estado de Minas. A Cemig é uma empresa pública, de economia mista e controlada pelo governo do Estado de MG.

A Cemig tem uma dívida líquida de R$ 6,5 bilhões. A média do setor é de R$ 9,6 bilhões e a mediana é de 6,7 bilhões. “O risco de a Cemig não conseguir pagar as suas contas é de 24%, contra uma média do setor de 22%. A título de comparação, Eneva, Transmissão Paulista e Rede têm risco de 21%. Engie tem risco de 23%. Copel tem risco de 25%. Taesa tem 18%. Alupar e Neo Energia têm 21%. CPFL, Light e Energisa têm 24%. Eletrobras tem 26%”, compara Pontes.

Ele explica que o Índice de Dívida Líquida sobre o Patrimônio Líquido (mede quanto a empresa tem de dívida em relação ao capital investido pelos sócios) da Cemig é de 31x, bem abaixo da média do setor que é de 98x. Pares como Copel e CPFL têm uma alavancagem neste indicador muito maior, até 4x mais.

“Se olharmos para o indicador EBIT/Dívida Líquida, Cemig está com 82x, contra uma média do setor de 20x. Com base no último número divulgado, a Cemig tem muita capacidade de geração de lucro operacional para pagar sua dívida”, destaca Pontes.

Ele cita que a Cemig também vem investindo muito mais do que seus pares, com base nos últimos números divulgados. O indicador de Investimento/Patrimônio Líquido é de 26x. A média do setor é de 1x. Copel, por exemplo, está com um indicador de 15x. “A liquidez geral do setor é de 1x – da Cemig também. Indica boa capacidade de pagar suas obrigações”.

A rentabilidade sob o capital investido, no entanto, da Cemig está em 8,5%, abaixo da média do setor que está em 11%. “Isso pode indicar que a Cemig não fez investimentos de forma adequada, ou que os grandes investimentos realizados ainda não estão gerando o retorno esperado”, explica. As margens de lucro da Cemig também estão muito abaixo da média do setor.

Bolsa de valores

Em relação ao valuation da empresa na bolsa, a Cemig negocia com desconto em relação aos seus pares. O Índice Preço/Lucro é de 6,6x, contra uma mediana de 7x no setor. O Índice EV/EBIT é de 6,5x, contra uma mediana de 7x do setor.

Apesar de o endividamento e liquidez serem melhores do que seus pares, a companhia tem rentabilidade muito abaixo. Isso pode justificar o desconto em relação aos seus pares, aliado ao fato de ter o risco do controle estatal. Na opinião de Pontes, uma privatização poderia destravar valor para a empresa. “Mas será que é preciso privatizar, ou apenas melhorar a alocação de recursos? Isso o mercado dirá”, acredita ele.

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6 COMENTÁRIOS

  1. E a dívida dos passivos com a forluz e os empregados como fica? Será que o ilustre governador está querendo dar o calote? Fez tudo pra depreciar e sucatear a empresa nos últimos 4 anos..Será que foi de propósito?

  2. Se colocasse pessoas competentes para conduzir a empresa e não apadrinhamento político, garanto que a CEMIG estaria muito melhor, porquê os funcionários são extremamente Técnicos e qualificados para exercerem sua função, o que falta é gestão e não Privatização.

  3. O Governador Zema, tem nos bastidores um grupo de compra onde ele é indiretamente representado, para nao demonstrar publicamente seu intetesse na aquisiçao da CEMIG, Nao precisa privatizar… preciso é primarizar suas funçoes, com pessoal tecnico altamente treinado, gerando milhares de empregos em Minas, abolir os contratos fraudulentos com empreiteiras e terceirizadas, e impor forte fiscalizaçao e auditoria interna.

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