O Banco Central divulgou, nesta terça-feira, a Ata da 269ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 18 e 19 de março, quando a taxa de juros subiu 1ponto percentual, indo a 14,25% ao ano. Matheus Lima, analista de investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, disse que o conteúdo não trouxe muitas novidades, “mas reforçou preocupações com o cenário externo de incertezas”. A próxima reunião será em maio, quando um novo aumento será aplicado.
O analista acredita que haverá pelo menos mais duas altas de juros. “Mas não tamos certeza da magnitude, mas obviamente serão aumentos. Vamos aguardar se na próxima será um aumento de 0,25, de 0,5, de 0,75, para depois disso, quem sabe, a gente começar a ter um horizonte já de manutenção dessa taxa de juros nesse patamar”. Segundo Lima, a grande dúvida que fica é por quanto tempo ainda os juros serão tão elevados, com juros reais tão fortes. “A inflação acaba causando um pouco de preocupação ainda, principalmente agora com a liberação dessa nova linha de crédito do FGTS, que pode causar um impacto”, acredita o analista.
O Comitê segue avaliando que o cenário-base prospectivo envolve uma desaceleração da atividade econômica, a qual é parte do processo de transmissão de política monetária e elemento necessário para a convergência da inflação à meta.
De acordo com a Ata, o mercado de crédito se manteve pujante nos últimos trimestres em função do dinamismo do mercado de trabalho e da atividade econômica. No entanto, condizente com o cenário atual de aperto de condições financeiras e elevação de prêmio de risco, o crédito bancário tem apresentado alguma inflexão no período mais recente, com elevação de taxa de juros, menor apetite ao risco na oferta de crédito e redução no ritmo das concessões de crédito.
Na análise do Comitê, o cenário se desenrolou de tal maneira que a indicação anterior de elevação de 1,00 ponto percentual na taxa Selic se mostrava a decisão apropriada. Julgou-se que o aperto monetário era requerido para a convergência da inflação à meta em um cenário marcado por expectativas desancoradas, projeções elevadas de inflação e resiliência na atividade.
Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.