Copom decide nesta quarta se corta ou mantém juros básicos da economia

Taxa Selic, em 10,5% ao ano, pode ser mantida ou cair 0,25 ponto pelo BC

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Banco Central (Foto: ABr/arquivo)
Banco Central (Foto: ABr/arquivo)

Com a possibilidade de divisão entre os membros, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decide hoje se corta ou mantém a taxa básica de juros, a Selic. A recente alta do dólar e da inflação e os juros altos nos EUA trouxeram a indefinição se o colegiado encerrará o ciclo de cortes, que começou em agosto do ano passado, ou se fará uma última redução de 0,25 ponto percentual.

Nos comunicados da última reunião, em maio, o Copom deixou de informar o que faria nos encontros seguintes. Segundo a edição mais recente do Boletim Focus, a taxa básica deve continuar em 10,5% ao ano até o fim de 2024. Há um mês, a estimativa era de que a Selic encerrasse o ano em 10%.

Nesta quarta-feira, ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão. Nas últimas sete reuniões, a autoridade monetária reduziu a Taxa Selic, com seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, na última reunião, em maio.

Na ata da reunião mais recente, o Copom informou que via alta nas expectativas de inflação. O documento informou que a divisão entre os diretores do Banco Central não se deveu a motivações políticas, mas sobre o comprometimento com as indicações das reuniões anteriores. Até março, o BC indicava que pretendia cortar a Selic em 0,5 ponto percentual em maio.

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Na última reunião, os diretores Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, indicados pelo governo anterior, votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira, indicados pelo atual governo. Coube ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, também indicado pelo governo anterior, desempatar a votação e decidir pelo corte de 0,25 ponto.

Segundo o último Boletim Focus, a estimativa de inflação para 2024 subiu bastante, de 3,8% há quatro semanas para 3,96%. Isso representa inflação cada vez mais próxima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.

Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, subiu para 0,46%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos puxaram o indicador após as enchentes no Rio Grande do Sul. Com o resultado, o indicador acumula alta de 3,93% em 12 meses, dentro da meta para 2024.

Para 2024, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas também são de 3% para os dois anos, com o mesmo intervalo de tolerância.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 3,5%, mas a estimativa foi divulgada antes da alta do dólar e das enchentes no Rio Grande do Sul. O próximo relatório será divulgado no fim de junho.

Em nota, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) diz esperar que a reunião do Copom mantenha a Selic no patamar atual, em 10,50% a.a..

“A decisão seria a mais apropriada para que sejam cumpridos os objetivos de convergir a inflação à meta dentro do horizonte de tempo relevante. Além de mitigar a volatilidade, esse direcionamento ajudaria a sustentar o aperto adicional da política monetária. A extensão e a adequação de eventuais ajustes futuros na taxa de juros deverão ser condicionadas pelo compromisso de convergência da inflação à meta e pela avaliação do balanço de riscos”, avalia Everton Gonçalves, diretor de Economia, Regulação e Produtos da ABBC.

Além disso, segundo a entidade, a comunicação do Copom deve indicar a sua avaliação dos possíveis impactos na inflação e atividade do ambiente gerado pelas enchentes que atingiram o Rio Grande Sul, entre o final de abril e início de maio deste ano.

“Com relação à dinâmica da atividade econômica e do crédito, é importante que o Copom manifeste a sua avaliação do ambiente gerado pela calamidade pública no Rio Grande do Sul e, também, da nova configuração produzida pela forte deterioração das condições financeiras”, assinalou Everton Gonçalves.

A entidade acredita que não há espaço para mudanças na taxa básica de juros em 2024, projetando o próximo corte para março de 2025, em 0.25 p.p.. Para a ata de junho, o Copom deverá procurar o fortalecimento da credibilidade na atuação da política monetária, em um claro contexto de forte volatilidade. Já em termos comparativos a números calculados pelo mercado, o comitê deve dar transparência na sua avaliação sobre as variáveis não observáveis, como a taxa de juros neutra, o hiato do produto e o crescimento do produto potencial. “Não há relação clara entre a condução da política monetária nos EUA e a Selic. Portanto, é fundamental que o Copom apresente a sua perspectiva dos possíveis mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária”, analisa.

Matéria atualizada às 11h15

Com informações da Agência Brasil

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