Copom eleva taxa de juros para 13,75% ao ano

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Dinheiro, cédulas de real
Credito (Foto: ABr/arquivo)

Pode haver necessidade de um ajuste residual de menor magnitude

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, não surpreendeu e fixou a nova taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, aumento de 0,25 ponto percentual (p.p.), conforme o estimado no Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (1). “O Comitê decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 13,75% a.a. A inflação ao consumidor continua elevada. O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”, justificou o BC em nota.

Para 2023, as projeções subiram de 10,75% para 11% ao ano. Foram 11 aumentos consecutivos da taxa de juros. O aumento da Selic é a estratégia do Banco Central para segurar a inflação. O Índice de Preço Amplo (IPCA-15), prévia da inflação, medido pelo IBGE, veio em 0,13%, abaixo da taxa de 0,68% registrada em junho, mas essa queda é vista como temporária por economistas e analistas de mercado.

O economista e professor da Politécnica/UFRJ Roberto Ivo disse à reportagem do Monitor Mercantil que o IPCA-15 veio abaixo por conta ainda da queda do preço dos combustíveis – gasolina, etanol e do GNV (Gás Natural Veicular). “A bandeira verde de energia ainda reflete esse valor. Então têm fatores de interferência governamental e de sazonalidade que dão esse alívio para o IPCA-15”, ressaltou.

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Perguntado sobre a tendência mundial de aumento dos juros, o economista explicou que a elevação dos juros por todos os bancos centrais é em função do repique inflacionário. “Houve o boom das commodities, aumento dos preços do barril do Brent (valor de referência mundial, usado, inclusive, pela política de preços da Petrobras) e WTL (sigla para West Texas Intermediate, petróleo bruto produzido na principal região petrolífera dos EUA. Além do Texas, a região compreende os estados de Louisiana, Dakota do Norte, e Oklahoma).

Segundo Ivo, isso acaba respingando na cadeia de suprimentos no mundo inteiro afetando toda a economia. “E, quando tem normalmente esse movimento, acaba saindo capital aqui do Brasil indo para países ‘mais seguros’,” cita. Com isso, o câmbio fica mais elevado como temos visto nos últimos dias. É justamente isso que retroalimenta os produtos que são importados aumentando, consequentemente, a inflação, explicou o economista.

“Esse efeito acaba sendo um ciclo vicioso. Nesse sentido o Banco Central precisa ser bastante cauteloso no movimento de aumento de juros. Tem que esperar resultado de outros aumentos e se surtiu efeito para essa quebra de expectativa da inflação. Que na minha opinião é uma queda temporária e não permanente”, frisou

“Temos uma sensação de melhora em relação à inflação devido às decisões do governo em relação à diminuição do imposto de ICMS, redução dos preços de gasolina e energia, mas se trata de um alívio temporário. Ainda não temos o problema da inflação resolvido”, ressalta Cassiano Konig, sócio-fundador da GT Capital. Também acredita na possibilidade de uma ou duas novas altas da Selic até o final, podendo chegar a 14%.

Fim do ciclo de alta

Os economistas, que fazem parte do Grupo Consultivo Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Mercado Capitais (Anbima), projetam o encerramento do ciclo de alta dos juros, com a Selic estabelecida em 13,75% até o fim de 2022. Para 2023, a mediana da projeção da taxa foi revisada de 9,75%, apontada no relatório anterior do grupo, de junho, para 10,50%. A mudança reflete a análise de que as incertezas do cenário de curto e médio prazos exigirão que a Selic esteja mais alta por um tempo maior.

As estimativas para a inflação, entretanto, foram revistas para baixo, dadas as medidas de desoneração fiscal adotadas pelo governo federal. A projeção do IPCA (Índices de Preços ao Consumidor Amplo), que estava em 9,1% no último relatório do grupo, passou para 7,2%. Para 2023, a revisão foi para cima, de 4,3% a 5,4%.

Em relação à atividade econômica, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 subiu de 1,5%, apontado no relatório anterior, para 2%. Já para 2023, é esperada perda de tração, diante dos efeitos da política monetária restritiva na atividade doméstica e do contexto de desaceleração da economia mundial: o crescimento de 0,49% foi revisto para 0,30%.

Câmbio

Para o câmbio, é esperada pelos economistas uma desvalorização adicional do real frente ao dólar, por conta do aumento dos juros no mercado internacional e da redução dos preços das commodities. A projeção para o encerramento de 2022 foi revisada de R$ 5,00, apontados no relatório anterior, para R$ 5,20.

O Grupo Consultivo Macroeconômico é composto por 24 economistas de instituições associadas à Anbima. Eles se reúnem a cada 45 dias, em média, sempre na semana que antecede a reunião do Copom, para analisar a conjuntura econômica e traçar cenários para os mercados brasileiro e internacional.

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