O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começa hoje, em Brasília, a sexta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic, e deve repetir os aumentos promovidos nos últimos quatro encontros. Amanhã, ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.
Com a alta da inflação nos últimos meses, a previsão das instituições financeiras é de que a Selic deve subir de 5,25% ao ano para 6,25% ao ano, nesta reunião. A expectativa de alta está no Boletim Focus, pesquisa divulgada toda semana pelo BC. Para o final de 2021, o mercado prevê que a taxa fique em 8,25% ao ano.
Os membros do Copom também sinalizaram, na ata da última reunião, que devem manter a elevação da Selic no mesmo patamar de 1 ponto percentual, com uma política monetária mais contracionista diante da piora recente dos índices de preços.
Dessa forma, a Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegou a 6,5% ao ano, em março de 2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até chegar ao menor nível da história em agosto de 2020, em 2% ao ano. Começou a subir novamente em março deste ano, quando avançou para 2,75% ao ano e, no início de maio, foi elevada para 3,5% ao ano. Em junho e agosto, subiu para 4,25% ao ano e 5,25% ao ano, respectivamente.
Para 2021, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior é 5,25%.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país, fecharia o ano em 5,82% no cenário base, com Selic em 6,25% ao ano e câmbio em R$ 5,05. O novo relatório será divulgado na semana que vem, com a previsão atualizada, considerando a taxa Selic que será definida pelo Copom nesta semana e os aumentos inflacionários dos últimos meses.
Em agosto, puxada pelos combustíveis, a inflação subiu 0,87%, a maior inflação para o mês desde o ano 2000, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o indicador acumula altas de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses, o maior acumulado desde fevereiro de 2016, quando o índice alcançou 10,36%.
A projeção do mercado é de uma inflação fechando o ano em 8,35%, de acordo com o último boletim Focus. É a 24ª alta consecutiva da previsão das instituições financeiras.
Segundo Felipe Sichel, estrategista-chefe do Banco Digital Modalmais, dadas as nossas expectativas de inflação e as expectativas do boletim Focus, uma maior importância para 2023 representaria um viés dovish no documento. Destacamos abaixo a dispersão dos pesos atribuídos aos anos que compõem o horizonte relevante no comunicado. Nosso período de análise contempla os anos de 2016 até 2020, sempre focando nas três reuniões que antecedem a última do respectivo ano.”
Em sua análise, Felipe diz que “graficamente, atribuímos o peso de 100% quando há menção a apenas um ano no horizonte relevante. Quando se menciona dois anos, atribuiu-se um peso de 50% para cada. Já quando se dá preferência a um ano frente ao outro, damos 75% para o com maior peso e 25% para o outro. Assim, mostramos a evolução da definição de ‘horizonte relevante’ entre: (i) contemplar somente o ano t+1; (ii) contemplar o ano t+1 e, em grau menor, t+2; (iii) contemplar com igual peso t+1 e t+2.”
Ele lembra que em 2016 e 2017 o Banco Central passou a incluir no horizonte relevante para a política monetária o ano t+2 com o mesmo peso de t+1 relativamente cedo. Em 2018 e 2019 o Banco Central demorou para incluir o ano t+2 no horizonte relevante e, quando incluiu, seguiu priorizando o ano t+1 frente a t+2. Em 2020 o BC já incluiu no horizonte relevante o ano t+2 na reunião do mês de agosto, mas ainda priorizando o ano t+1.
“O ano de 2021 segue o padrão do ano passado de já incluir o ano t+2 no horizonte relevante e também dá um peso menor à ele frente a t+1. Portanto, dado que 2023 já ingressou com um grau menor no comunicado de agosto, um salto para pesos iguais corroboraria a tese de um movimento dovish do Copom.”
Com informações da Agência Brasil