Copom inicia última reunião sob comando de Campos Neto

Selic, em 11,25% ao ano, deve subir 0,75 ponto; para especialista, comitê 'deve adotar medidas mais rígidas, como aumento da taxa, para equilibrar a economia'

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Roberto Campos Neto (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Roberto Campos Neto (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia hoje a última reunião sob o comando do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Com o agravamento da alta do dólar e a subida de preço dos alimentos, a diretoria do BC decidirá em quanto elevará a Selic.

Esta será a terceira elevação consecutiva da taxa. Segundo a edição mais recente do Boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deve subir 0,75 ponto percentual nesta reunião, para 12% ao ano.

No comunicado da última reunião, no início de novembro, o Copom informou que a incerteza nos EUA se ampliou. Sem citar diretamente a eleição do ex-presidente Donald Trump, o texto mencionou “a conjuntura econômica incerta nos EUA, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”. Em relação ao cenário doméstico, o Copom informou que está acompanhando a política fiscal e cobrou ajustes dos gastos públicos.

Amanhã, ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão. Após passar um ano em 13,75% ao ano entre agosto de 2021 e agosto de 2022, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões, de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, no menor nível desde fevereiro de 2022, mas começou a elevar a Selic em julho deste ano.

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Na ata da reunião mais recente, o Copom alertou para o prolongamento do ciclo de alta da Taxa Selic. O órgão informou que o cenário econômico exige uma política monetária contracionista e não descartou um aumento no ritmo de alta dos juros. Os membros do colegiado afirmaram que todos concordaram em iniciar o ciclo de alta de forma gradual, principalmente pelo contexto de incertezas domésticas e externas.

Segundo o último Boletim Focus, a estimativa de inflação para 2024 subiu de 4,71% há quatro semanas para 4,84%. Isso representa inflação acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.

Para 2024, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas também são de 3% para os dois anos, com o mesmo intervalo de tolerância.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 4,31%, mas a estimativa foi divulgada antes da alta recente do dólar e do impacto da seca. O próximo relatório será divulgado no fim de dezembro.

“O IPCA registrou alta de 0,39% em novembro. Esse resultado ficou ligeiramente acima da expectativa do mercado, que projetava um aumento de 0,37% para o mês. No acumulado de 12 meses, o indicador atingiu 4,87%, superando o teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,50%. Para o consumidor, essa elevação significa uma pressão contínua sobre o poder de compra, especialmente em itens essenciais como alimentos e energia. Diante desse cenário inflacionário, o Copom deve considerar um aumento mais agressivo na taxa Selic. Segundo o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), há uma probabilidade de 60,2% de haver um aumento de 0,75 pontos percentuais na reunião de amanhã, para conter a inflação. Essa medida, embora necessária para estabilizar os preços, vai encarecer o crédito e pode impactar o consumo e os investimentos, bem como as perspectivas de crescimento do PIB de 2025”, avalia Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.

Já para João Kepler, CEO da Equity Fund Group, “o Copom deve adotar medidas mais rígidas, como um possível aumento da taxa Selic em 0,75%, para equilibrar a economia. Apesar disso, podemos estar vendo um momento estratégico para investidores atentos a empresas brasileiras. A inflação gera desafios, mas também oportunidades, especialmente para negócios que conseguem adaptar seus modelos e atender novas demandas. Investir em empresas resilientes e com visão de longo prazo no Brasil continua sendo uma forma eficiente de aproveitar o potencial de crescimento do mercado interno.”

Com informações da Agência Brasil

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