Copom reforça a piora na dinâmica inflacionária

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Felipe Sichel (Foto: Divulgação)
Felipe Sichel (Foto: Divulgação)

A ata da 247ª reunião do Copom reforça a perspectiva da necessidade de uma elevação adicional da taxa Selic na reunião de agosto e indica a manutenção da taxa básica de juros em patamar consideravelmente contracionista durante longo período de tempo. O documento é hawk vis-à-vis o comunicado de semana passada.

Em nossa leitura, destaca-se principalmente a informação contida entre o parágrafo 15 ao parágrafo 18. A deterioração nos determinantes de inflação de curto e longo prazo foi explicitada pelo Comitê e corrobora as projeções em nosso cenário.

Evidencia-se especificamente no parágrafo 16 que “a estratégia de convergência para o redor da meta exige uma taxa de juros mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência por todo o horizonte relevante.” Note-se que, no cenário de referência, a Selic estava em 13,25% para 2022 e 10,0% para 2023.

Assim, acreditamos que o Copom sinaliza de forma mais evidente que não há intenção de se reverter no curto prazo a dose de aperto monetário implementado. Portanto, ganha em probabilidade nosso cenário alternativo de que a taxa de juros possa permanecer no patamar de 13,75% até o segundo semestre do ano que vem.

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Em relação a outros pontos da ata, destacamos: (I) a leitura sobre os riscos internacionais pelo Copom; (II) a manutenção presente no comunicado da avaliação sobre as medidas fiscais para controlar a inflação em tramitação; e (III) a percepção de que a revisão e a surpresa positiva do crescimento da atividade estão ligadas ao processo de normalização da economia e ao estímulo fiscal transitório no primeiro trimestre.

Sobre o cenário global, em especial, o Comitê avalia que os desenvolvimentos decorrentes dos problemas nas cadeias globais de produção e da guerra na Ucrânia podem ser sentidos no longo prazo e ter impactos inflacionários prolongados no mercado de bens (“regionalização da cadeia de suprimentos”

Por outro lado, o Copom já antecipa uma desaceleração global em função das tensões geopolíticas e do aperto das condições monetárias e financeiras em diversas economias. Esses fatores podem reverter, mesmo que parcialmente, a trajetória das commodities em moeda local.

Em nossa leitura, o Copom reforça a piora na dinâmica inflacionária e nos riscos reconhecidos no comunicado. Mantemos nosso cenário para a taxa Selic inalterada, com mais uma elevação de 50 pontos base em agosto e posterior manutenção do juro neste patamar até o segundo semestre do ano que vem.

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Felipe Sichel

Sócio e economista-chefe do Banco Modalmais

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