Covid-19, eleições, fiscal e resultados

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São muitas as variáveis que os investidores estão tendo que avaliar para tentar extrair a tendência dos mercados, mas, por enquanto, assomam os fatores negativos. Ontem, foi dia negativo para os principais mercados de risco no mundo, com ênfase para a Europa, mas por aqui não foi muito diferente.

Hoje, mercados novamente amanheceram com comportamento até pior que na véspera. Na Ásia, o dia encerrou com mercados e investidores divididos, Europa começando o dia com quedas superiores a 2% e mercados futuros americanos com perdas superiores a 1%. Aqui, certamente devemos seguir o comportamento negativo do exterior, também influenciado por forte queda do petróleo no mercado internacional, afetando as ações de Petrobras.

Os motivos para as quedas dos mercados já são nossos velhos conhecidos. Contaminação pela Covid-19 aumentando em diversos países, com a Europa falando em segunda onda e lockdown (confinamento), também com os EUA tendo contaminação média diária de 7 mil pessoas, eleições americanas virando uma grande loteria e safra de resultados do terceiro trimestre afetando pontualmente muitas empresas.

Nos EUA, o presidente Donald Trump tenta assustar e sensibilizar eleitores dizendo que se Joe Biden vencer, a China será dona dos EUA e que vai destruir milhões de vagas na indústria de óleo e gás com seu projeto de energia limpa. O site da campanha de Trump também foi temporariamente hackeado. Hoje o Departamento de Energia dos EUA (DOE) anuncia os estoques de petróleo da semana anterior, mas ontem a API anunciou aumentos, que junto com a expansão da produção pela Líbia, derrubam as cotações do óleo.

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No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em Nova Iorque mostrava queda de 3,99%, com o barril cotado a US$ 37,99. O euro era transacionado em queda para US$ 1,175 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,75%, com investidores buscando proteção.

O ouro e a prata também tinham altas na Comex e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago.

Aqui, o presidente Jair Bolsonaro pediu aos produtores da área de alimentos que segurem um pouco as exportações, em função da alta interna e inflação, lembrando um pouco das políticas das décadas de 70 e 80. O plano de governo com metas até 2031 ignorou metas de desmatamento (área sensível para os estrangeiros e nossa diplomacia), e foi tido como parecido com o projeto do ex-presidente Michel Temer.

Já a safra de balanços do terceiro trimestre mostra forte desequilíbrio entre setores na retomada, situação já perfeitamente avaliada com antecedência pelos analistas. Administradoras de shoppings estão fracas, varejistas virtuais com boa expansão, siderúrgicas e aluguel de veículos mais fortes. O setor bancário começou ontem com bom resultado do Santander, mas com investidores promovendo queda por conta de novos aumentos da inadimplência e mudanças produzidas pelo BC.

A agenda do dia traz alguns eventos que podem mexer com os mercados, mas por aqui, o cerne está no quadro fiscal em deterioração.

No final do dia, o Copom anunciará sua decisão de juros, com 100% dos analistas estimando manutenção da Selic em 2%, mas projetando que o comunicado será mais duro (e a ata da próxima semana também), em função do recrudescimento da inflação e ausência de medidas, com o Congresso paralisado pelas eleições locais.

Expectativa para o dia de Bovespa em queda, dólar em alta e juros também. A volatilidade vai seguir forte e pode abrir espaço para boas aquisições progressivas de mais longo prazo para retorno.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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