Ela está de volta. Estamos falando da Covid-19 e suas variantes, trazendo recordes de contaminação em países como EUA, Reino Unido, França, Itália e Argentina. Aqui, não tem sido muito diferente com a infecção aumentando, mesmo com esquema vacinal completo para 67,4% da população. A aglomeração de fim de ano (Natal e Ano Novo) deve ter sido a causa e isso já cancelou o Carnaval de rua em muitas capitais, incluindo o Rio de Janeiro.
Ontem, a Bovespa teve mais um dia de queda e sem acompanhar o exterior, fechando com perda de 0,39% (segundo dia), índice em 103.513 pontos e dólar pressionado em alta de 0,48%, cotado a R$ 5,69. Enquanto isso, o Dow Jones e o STOXX-600 bateram novos recordes de pontuação.
Hoje, os mercados da Ásia terminaram o dia com quedas (Tóquio com +0,10%), Europa tentando reabilitação neste início de dia e até acelerando das aberturas, com os futuros do mercado americano também recuperando, mas tenso pela expectativa da ata do Fed. Aqui, não acompanhamos o melhor momento do exterior e o risco está na aproximação dos 100 mil pontos do Ibovespa, que pode chamar novas vendas caso o patamar seja perdido.
A agenda do dia contém divulgações importantes, como a citada ata do Fed, que sairá às 16h de Brasília. Na China, governo e o BC do país (PBoC) se preparam para o extenso feriado de uma semana que ocorre logo no início de fevereiro, e devem prover intensa liquidez ao sistema financeiro, como sempre ocorre.
Na Alemanha, o PMI de serviços de dezembro mostrou contração da atividade ao cair para 48,7 pontos, vindo de 52,7 pontos, e o composto (indústria e serviços) com queda para 49,9 pontos (de 52,2 pontos). Na Zona do Euro, o PMI de serviços também cedeu para 53,1 pontos, mas ainda mostrando expansão da atividade, vindo de anterior em 55,4 pontos.
Os EUA dizem não terem perdido o controle da pandemia, apesar da contaminação em 24 horas ter ultrapassado a casa de 1 milhão de pessoas ontem. Já o senador democrata Joe Manchin é contra o plano de investimento do presidente Joe Biden de US$ 2 trilhões e pode comprometer a votação apertada.
No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava leve queda de 0,19%, com o barril cotado a US$ 76,84. O euro era transacionado em alta para US$ 1,131 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,64%, em queda. O ouro e a prata mantinham altas na Comex, e commodities agrícolas com desempenho positivo na Bolsa de Chicago.
No cenário doméstico, Jair Bolsonaro melhorou com a medicação aplicada e, aparentemente, conseguiu fugir de nova cirurgia, mas ainda não tem alta médica confirmada. Sua decisão na virada do ano de desonerar a folha de pagamentos sem compensação, via aumento de impostos ou corte de despesas, é ruim e traz insegurança jurídica. Também não é boa para o governo a movimentação no Banco Central por reajuste salarial. Como lembramos, cálculos indicam que 1% de aumento para servidores federal provoca despesas entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões por ano, e isso tende a se propagar.
Na agenda do dia, teremos o indicador IPP de novembro (preço do produtor), o IC-Br das commodities e fluxo cambial. Nos EUA, indicador PMI de serviços e composto de dezembro, a pesquisa ADP de criação de vagas no setor privado em dezembro (prévia do payroll de sexta-feira) e a ata do Fed.
Expectativa de mercados voláteis, mas a Bovespa anda devendo uma recuperação. Dólar ainda pressionado e juros também tensos, até por conta das taxas longas em alta nos EUA.
Aqui, o risco fiscal e as preocupações com o desempenho da economia no ano em curso tiram o apetite dos investidores ao risco. No exterior, temos a confluência das variantes Delta e Ômicron da Covid-19, e agora associada com a nova cepa da gripe influenza. Isso explica em boa parte a volatilidade dos mercados neste início de ano e mudanças bruscas de sinais ao longo do dia. Ontem não foi diferente, com destaque apenas para os mercados da Europa, que seguiram batendo recordes, e um pouco do mercado americano pelo Dow Jones e S&P. Aqui, começamos o dia bem posicionados, mas logo em seguida passamos ao campo negativo e ficamos oscilando entre positivo em negativo.
Depois de começarmos a terça-feira positivamente com as vendas no varejo na Alemanha e indicador de atividade na China, o presidente turco Recep Erdoğan prometeu superar a volatilidade da lira turca e inflação alta. Já o presidente do Banco Central japonês (BoJ), Haruhiko Kuroda, declarou que a inflação alta nos EUA e na Europa aumenta a incerteza na economia global.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) agenda reunião de ministros sobre a Ucrânia em momento de forte tensão e com a Rússia querendo moderação das forças. Nos EUA, tivemos a divulgação do PMI industrial de dezembro em queda para 58,7 pontos, vindo de 61,1 pontos. Já a abertura de postos de trabalho caiu para 10,56 milhões em novembro, vindo de 11 milhões, mas com o mercado de mão de obra ainda muito pressionado. Os EUA anunciaram que ultrapassaram marca de 1 milhão de casos de infecção pelo Covid-19, e recorde de casos também no Reino Unido.
O Fed começa a estudar alternativas para redução de sua carteira de ativos, hoje em US$ 8,76 trilhões. Já o presidente regional do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, acha que a inflação mais longa pode superar a meta de 2%, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) esperar redução da pressão por energia e gargalos de fornecimento em 2022.
A instituição JP Morgan calculou o PMI global de dezembro em 54,2 pontos, estável pelo terceiro mês seguido. No mercado internacional, o petróleo se manteve em alta, depois da decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de seguir ampliando a oferta de óleo no que estava acordado para fevereiro de mais 400 mil barris por dia. O petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava alta de 1,20%, com o barril cotado a US$ 76,99. O euro era transacionado praticamente estável em US$ 1,129 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,67%. O ouro e a prata com altas na Comex e oscilando muito com o dólar no mercado internacional, e commodities agrícolas com desempenho positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro teve mais um dia de recuperação em Qingdao, na China, com alta de 0,70% e a tonelada fechando em US$ 123,12.
No cenário doméstico, a audiência pública sobre vacinação de crianças entre 5 e 11 anos mostrou maioria contrária à obrigatoriedade de prescrição médica. O cronograma indica 3,7 milhões de doses infantis chegando em janeiro e algo como 20 milhões de doses até março. O sindicato do Banco Central disse que 1.200 servidores já aderiram ao movimento por reajuste. Enquanto isso, o cálculo da conta que 1% de aumento aos servidores federais agrega entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões por ano de custo. Em São Paulo, foram detectados 24 casos de flurona (Covid-19 e influenza).
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de óleo e gás em novembro cresceu 2,8%, puxada por Petrobras. No mercado, dia de dólar oscilando bastante em alta e baixa, para encerrar o dia com +0,48% e cotado a R$ 5,69. Na Bovespa, fechando o mês de dezembro, os investidores estrangeiros alocaram R$ 14,5 bilhões e, com isso, o fluxo em 2021 registrou entradas líquidas de R$ 780,7 bilhões. Ainda em dezembro, os investidores institucionais sacaram R$ 13,6 bilhões, os individuais com saques de R$ 2,34 bilhões empresas públicas com R$ 5,5 milhões e instituições financeiras com R$ 10,2 milhões.
No mercado acionário, a Bolsa de Londres encerrou a terça-feira com alta de 1,63%, paris com +1,39% e Frankfurt com +0,82%. Madri e Milão também com altas de respectivamente 0,36% e 0,81%. No mercado americano, faltando cerca de meia hora para o encerramento, dia de Dow Jones com +0,75% e Nasdaq com -1,29%, mas Dow Jones e S&P cravando novos recordes, assim como o STOXX-600. Na Bovespa, também meia hora antes, dia de -0,49% e índice em 103.417 pontos, com varejistas e construtoras novamente com baixa performance.
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Alvaro Bandeira
Economista-chefe do Banco Digital Modalmais
