Covid-19: pesquisa revela perda nos setores cultural e criativo

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Resultados preliminares da pesquisa Percepção dos Impactos da Covid-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil, divulgados ontem, no Rio de Janeiro, em videoconferência, revelam que os setores da cultura e da economia criativa foram os mais afetados pela pandemia, "porque tendem a voltar à atividade só no fim da crise".

A análise foi feita pelo sociólogo Rodrigo Amaral, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e um dos idealizadores do estudo. Segundo ele, a sondagem confirma o cenário de perda. "A preocupação das pessoas está muito negativa, de perda generalizada", disse.

Como em todos os setores da economia, o impacto da pandemia sobre a cultura e a economia criativa é muito forte, afirmou. Entre as organizações ligadas aos dois setores, mais de 40% disseram ter registrado perda de receita entre 50% e 100%.

Já para os trabalhadores, as perdas narradas ficaram na média de 35%. Os dois setores movimentam R$ 171,5 bilhões por ano, o equivalente a 2,61% de toda a riqueza nacional, empregando 837,2 mil profissionais. Antes da pandemia, esses segmentos culturais e criativos tinham previsão de gerar R$ 43,7 bilhões para o Produto Interno Bruto até 2021.

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Rodrigo Amaral informou que o trabalho recebeu uma forte participação da Região Norte, por meio do Amazonas e, sobretudo, de Manaus, onde foi percebido um comportamento mais acentuado de perda de receita provocada pela pandemia.

O menor impacto foi observado em São Paulo, onde 31% disseram ter perdido toda a receita entre março e abril. Em contrapartida, o maior impacto ocorreu no Rio Grande do Sul, onde 63% afirmaram que não tiveram receita no mesmo período.

O levantamento foi concebido a partir do esforço conjunto de pesquisadores, gestores públicos, universidades e instituições culturais, interessados em registrar a visão de indivíduos e coletivos sobre os impactos da Covid-19 nas suas áreas de atuação, nas cadeias de produção e distribuição.

O trabalho foi lançado no último dia 10 e ficará aberto para coleta de dados até o dia 16 de julho. A divulgação do relatório final está prevista para 31 de julho. Os resultados serão oferecidos às secretarias de cultura, como subsídio para a formulação de políticas públicas para os setores.

Até o momento, mais de 964 organizações e trabalhadores dos setores cultural e criativo responderam ao questionário, que pode ser acessado no link. Desse total, 69% foram respondentes individuais e 31% organizações, com predominância de artes performáticas, música e celebrações.

Rodrigo Amaral salientou que, embora todos estejam sofrendo igualmente, algumas áreas da cultura e da economia criativa não conseguem fazer uma transição muito simples para as plataformas digitais. A exceção é o setor da música. Afirmou que o meio digital pode ser uma porta de saída que oferece disponibilidade de infraestrutura a um preço adequado.

A coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Isabel de Paula, não tem dúvidas da importância do levantamento para mapear o setor cultural que sofre com a pandemia e vai encontrar caminhos para o desenvolvimento de políticas públicas para o setor. "Teremos que pensar em uma nova maneira de construir esse trabalho", disse Isabel, garantindo o apoio da Unesco a esse esforço.

 

Com informações da Agência Brasil

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