Covid gerou a maior queda histórica na intenção de consumo de famílias

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A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), medida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou retração mensal de 13,1% em maio – a queda mais intensa desde o início da realização da pesquisa, em janeiro de 2010. Influenciado pelos impactos econômicos do coronavírus, o indicador chegou ao segundo resultado mensal negativo consecutivo. O índice caiu para 81,7 pontos e atingiu o menor patamar desde novembro de 2017, permanecendo abaixo do nível de satisfação (100 pontos), onde se encontra desde 2015. Em relação a maio de 2019, a retração foi ainda maior: -13,7%, a queda mais acentuada desde agosto de 2016.

O indicador referente ao acesso ao crédito foi o único entre os subíndices que apresentou variação anual positiva (+5,4%). Com 93,5 pontos, porém, o item registrou queda no comparativo mensal (-1,8%), após quatro meses seguidos de alta. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca que, apesar de a percepção das famílias em relação ao mercado de crédito continuar melhor do que no ano passado, os brasileiros já demonstram preocupação no curto prazo. “As taxas de juros cada vez mais baixas, com um nível inflacionário controlado, impactaram favoravelmente a percepção de acesso ao crédito. Contudo, o risco de maior inadimplência em virtude da crise provocada pela pandemia de covid-19 contribuiu para a desaceleração do consumo”, afirma Tadros.

Os brasileiros nunca estiveram tão pessimistas com relação à perspectiva profissional. Com 88,1 pontos, o indicador atingiu em maio seu menor nível na série histórica, com queda mensal de 15,6% e anual de 18,2%. Pela primeira vez desde janeiro de 2018, a maior parte das famílias demonstrou uma perspectiva profissional negativa: 51,5%, contra 42,5% no mês anterior e 40,7% no mesmo período do ano passado.

Influenciada pelo momento atual dos indicadores econômicos e pelo prolongamento do período de isolamento, a maioria dos brasileiros também acredita que vai consumir menos nos próximos meses. Em maio, 50,9% das famílias demonstraram essa insatisfação de forma mais intensa na expectativa de consumir – o maior percentual desde outubro de 2017 – ante 39,5% em abril e 37,6% em maio de 2019.

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Assim como em abril, a aquisição de bens duráveis se destacou negativamente. A parcela de consumidores que acreditam ser um mau momento para compra de duráveis, como eletrodomésticos, eletrônicos, carros e imóveis, atingiu 70,1%, percentual acima dos 60,7% observados no mês anterior e dos 61,5% aferidos em maio do último ano.

Outra pesquisa aponta que praticamente sete em cada 10 brasileiros (68%) não desejam retornar aos seus locais de trabalho nas próximas semanas – sendo que 48% dizem que não se sentiriam confortáveis e 20% afirmam categoricamente que não voltariam a trabalhar no período proposto. É o que aponta a 12ª onda da pesquisa Tracking the Coronavirus, realizada semanalmente pela Ipsos com entrevistados de 16 países.

O Brasil é a nação que apresenta maior resistência ao retorno. Na segunda posição, está a Espanha, onde 56% dos ouvidos localmente demonstram desconforto com a ideia de sair de casa para trabalhar em um futuro próximo. A África do Sul completa o pódio, com 53%.

Na outra ponta do ranking, figura a Coreia do Sul, onde apenas 18% dos participantes locais do estudo dizem que não se sentiriam confortáveis em voltar aos seus locais de trabalho. Logo depois vem a Austrália, com 29%; e a China, com 35%.

A expectativa de entrevistados de todo o mundo para que crianças e adolescentes voltem às aulas também foi colocada em questão. Mais uma vez, os brasileiros encabeçam a lista dos mais resistentes a este retorno. No Brasil, 85% dizem que não se sentiriam confortáveis deixando que seus filhos frequentem a escola nas próximas semanas. Destes, 44% não permitiriam de modo algum que isso acontecesse.

A objeção também é alta na África do Sul e na Espanha. Em ambos os países, 80% dos ouvidos não se sentem confortáveis com a volta às aulas de suas crianças. No terceiro posto, há outro empate, desta vez entre Canadá e Itália, ambos com 78%.

A pesquisa, virtual, foi realizada com 16 mil adultos de 16 países entre os dias 07 e 10 de maio de 2020, sendo 1.000 entrevistas no Brasil. A margem de erro é de 3,5 p.p..

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