A crise no banco europeu Credit Suisse e os reflexos da quebra de dois bancos norte-americanos provocaram turbulências no mercado financeiro. A bolsa de valores caiu nesta quarta-feira para o menor nível desde agosto.
O índice Ibovespa, da B3, fechou esta quarta-feira aos 102.675 pontos, com queda de 0,25%. O indicador chegou a cair 2,18% por volta das 12h, aproximando-se dos 100 mil pontos, mas reagiu durante a tarde e quase zerou as perdas. Mesmo fechando praticamente estável, o indicador, que acumula cinco perdas consecutivas, está no menor nível desde 1º de agosto.
O dia também foi tenso no mercado de câmbio. O dólar comercial encerrou esta quarta vendido a R$ 5,294, com alta de R$ 0,037 (+0,7%). A cotação disparou até o início da tarde, chegando a R$ 5,32 na máxima do dia, pouco antes das 14h, mas arrefeceu perto do fim das negociações.
O dólar está no maior nível desde 5 de janeiro, quando era vendida a R$ 5,35. A divisa acumula alta de 1,32% em março e de 0,27% em 2023. Até esta última terça-feira, o dólar acumulava queda no ano.
O mercado financeiro teve um dia tenso em todo o planeta, após o banco Credit Suisse anunciar “debilidades significativas” nos balanços e nos controles nos últimos dois anos. A crise na instituição financeira ocorre dias após dois bancos norte-americanos ligados a empresas de tecnologia falirem e terem os depósitos dos clientes garantidos pelo Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano).
Ao longo da tarde, o anúncio do Banco Central suíço de que pode socorrer a instituição financeira, se necessário, arrefeceu a instabilidade no dólar e na bolsa.
Bom lembrar que, nesta quarta-feira, as ações do Credit Suisse caíram mais de 20%, para uma mínima recorde no dia. As ações abriram a 2,28 francos suíços (2,46 dólares americanos) por ação, caíram para 1,55 francos suíços por ação na sessão intraday e fecharam em uma baixa histórica de 1,70 francos suíços por ação.
Fundado em 1856, o Credit Suisse é o segundo maior banco da Suíça. Tem uma influência importante no mercado de capitais global. Desde 2021, o banco tem sido continuamente atingido por notícias negativas, como perdas em investimentos. O preço das ações continuou caindo e seu valor de mercado evaporou significativamente.
No início de fevereiro, o Credit Suisse anunciou um prejuízo líquido de 7,3 bilhões de francos suíços para 2022. Este foi o segundo ano consecutivo em que o banco registrou prejuízo líquido. Em 2021, seu prejuízo líquido foi de 1,7 bilhão de francos suíços.
De acordo com o relatório anual de 2022 do banco divulgado na terça-feira, havia “fraqueza material” em seu controle interno sobre relatórios financeiros.
O Saudi National Bank, um dos principais acionistas do Credit Suisse, disse nesta quarta-feira que não aumentaria sua participação no banco, informou a Bloomberg.
Devido ao colapso do Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos, os preços das ações dos bancos europeus em geral despencaram.
A divulgação dos problemas de controle interno do banco e a recusa de seu principal acionista em continuar a injetar capital pioraram ainda mais o preço das ações do Credit Suisse, disseram analistas.
A equipe econômica do governo brasileiro acompanha os desdobramentos da crise no Credit Suisse, disse nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em rápida conversa com jornalistas, Haddad informou que ele e a equipe estão em contato com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para avaliar possíveis impactos sobre o Brasil.
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