A recente proposta do governo de expandir o crédito consignado privado, com início previsto para março, tem gerado debates sobre seus impactos nas finanças pessoais dos trabalhadores. A medida oferece crédito mais acessível, com juros mais baixos, mas também apresenta riscos que precisam ser avaliados com cuidado. Portanto, é essencial que os trabalhadores utilizem essa modalidade de crédito com responsabilidade e façam um bom planejamento financeiro antes de contratá-la.
O crédito consignado é vantajoso em relação a outras opções, como o cheque especial e o crédito rotativo, devido às suas taxas de juros menores. Com o desconto das parcelas diretamente na folha de pagamento, o controle financeiro se torna mais fácil, reduzindo o risco de inadimplência. Para quem já possui dívidas com juros elevados, essa modalidade pode ser uma oportunidade para trocar dívidas mais caras por um crédito com condições mais favoráveis.
No entanto, é fundamental planejar o comprometimento mensal das parcelas que serão descontadas diretamente da renda. Se o trabalhador não calcular corretamente o impacto no orçamento, pode comprometer outras áreas essenciais da sua vida financeira. A facilidade do desconto direto não deve ser confundida com uma solução sem riscos.
Além disso, a escolha da instituição financeira é fundamental. O trabalhador deve estar atento às condições do contrato, como taxas de juros, prazos e valores das parcelas. A Cédula de Crédito Bancário, que formaliza a contratação, deve ser completamente compreendida para evitar surpresas. A transparência nas informações prestadas pelas instituições financeiras é crucial.
Vale ressaltar que as fintechs estão desempenhando um papel relevante na oferta de crédito. Além de apenas concederem empréstimos, elas também têm um papel educativo, ajudando seus clientes a utilizarem o crédito de forma responsável. Essas empresas fornecem ferramentas de planejamento financeiro, consultoria personalizada e cursos sobre finanças pessoais, auxiliando o trabalhador a tomar decisões mais conscientes.
Outro aspecto importante é a mudança de emprego. Se o trabalhador trocar de empresa, as parcelas continuarão a ser descontadas diretamente da sua folha de pagamento. No entanto, a responsabilidade pelo pagamento do crédito permanecerá com ele. As instituições financeiras precisam deixar isso claro desde o início para evitar surpresas futuras.
Em resumo, o crédito consignado privado pode ser uma boa opção para trabalhadores formais que buscam condições acessíveis de crédito. No entanto, a decisão deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa da situação financeira. Planejamento, prazos realistas e a transparência das instituições são essenciais para garantir que o crédito não prejudique a saúde financeira do trabalhador.
Antes de contratar, o trabalhador deve se perguntar: “Esse valor cabe no meu orçamento mensal?” Se a resposta for positiva e houver um bom planejamento, o crédito consignado pode ser uma ferramenta útil para melhorar a saúde financeira. Buscar a orientação de um especialista também é recomendável, pois decisões financeiras precisam ser bem fundamentadas. Quando utilizado com consciência e planejamento, o crédito consignado pode ser uma excelente solução sem comprometer a estabilidade financeira a longo prazo.
Eduardo Wigman é Diretor de Produtos Financeiros da meutudo, com mais de 20 anos de experiência em produtos bancários para pessoas físicas e jurídicas. Ele possui expertise na criação e gestão de soluções financeiras, incluindo empréstimos consignados, FGTS, empréstimos pessoais, cartões de crédito e outras linhas de crédito.
