Cresce a preocupação com clima e meio ambiente no Brasil

Segundo pesquisa, com enchentes no RS e queimadas no Pantanal, 57% acreditam que o país está no rumo errado e para 43%, no rumo certo

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Desmatamento na Amazônia, crimes ambientais
Desmatamento na Amazônia (foto ABr)

Pelo quinto mês não consecutivo só em 2024, crime e violência (42%) é a maior preocupação da população brasileira, como mostra a pesquisa Ipsos What Worries the World. Embora tenha caído -4 pontos percentuais em junho, a apreensão ainda aparece no topo do ranking. Como venho comentando sobre este tema, os inúmeros casos midiáticos, bem como as políticas de segurança pública ineficientes, especialmente nos grandes centros urbanos, são fatores determinantes para que a apreensão como a criminalidade e a violência siga liderando no Brasil. Assim como nos meses anteriores, saúde e pobreza/desigualdade (ambas com 38%) fecham o top 3 das maiores precauções dos brasileiros.

Uma mudança bastante significativa este mês, no entanto, é o aumento da preocupação com as mudanças climáticas, que subiu 11% em relação ao mês anterior, atingindo um novo pico de 19% das menções. A preocupação com Ameaças ao Meio Ambiente, também subiu três pontos, fechando em 14% das menções e deixando o Brasil como o segundo país mais preocupado com o tema entre as 29 nações pesquisadas, atrás apenas do México.

As enchentes no Rio Grande do Sul seguem repercutindo fortemente na opinião pública, com danos catastróficos na economia e na infraestrutura do estado que continuarão impactando a vida dos cidadãos gaúchos por muito tempo. Recentemente, a região Norte também começou a vivenciar um problema ambiental grave, mas oposto ao do Rio Grande Sul: uma das maiores secas dos últimos anos atinge gravemente alguns estados da região, fazendo com que o tema ambiental siga crescendo entre as preocupações.

A pesquisa What Worries the World também sempre pergunta o que as pessoas entrevistadas estão achando dos rumos que o seu país tem tomado. Nesta questão, o Brasil mantém o mesmo número do mês passado: 57% acreditam que o país está no rumo errado, enquanto para 43% ele está no rumo certo. Sobre o que os brasileiros acham da economia do país hoje, 62% dizem que a economia do país está mal. Embora seja um número bastante expressivo, que reflete bem os desafios atuais enfrentados pelo governo, houve uma leve melhora no indicador se comparado ao mês de maio, quando 64% classificavam a situação como ruim ou péssima.

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Olhando ainda a situação de outros dois países que temos observado de perto, a Argentina mostra um número de rumo do país exatamente oposto ao brasileiro, com 57% dos cidadãos acreditando no rumo certo e 43% no rumo errado. Contudo, embora os hermanos estejam mais confiantes no rumo, 85% dizem que a situação econômica do país está ruim ou péssima – número que cresceu ainda mais este mês.

Já nos EUA, tanto rumo do país quanto a percepção sobre situação da economia, tiverem uma leve melhora este mês de 1 ponto percentual cada. Ainda assim, os números dos EUA se mantêm em patamares bastante negativos, 68% rumo errado; e 62% situação da economia ruim.

Isto segue sendo um sinal de alerta ao Governo Biden neste ano de eleição presidencial, já que como a Ipsos identificou em nosso modelo preditivo, o candidato que melhor performa no tema de maior preocupação da população, tem mais chances de vencer o pleito. E, a economia segue sendo a maior apreensão dos estadunidenses, com o tema da inflação (46%) há mais de dois anos liderando o ranking por lá.

Publicado no Diário Oficial da União de sexta-feira, a Medida Provisória 1.241/2024, editada pelo presidente Lula , abre crédito extraordinário de R$ 137,6 milhões para mitigar os efeitos da estiagem e combater as queimadas no Pantanal. Os recursos vão para três ministérios: Meio Ambiente, Defesa e Justiça.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima fica com a maior parte dos recursos: cerca de R$ 72,25 milhões. Desse valor, R$ 38,14 milhões vão para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que deve aplicá-los na prevenção e no controle de incêndios florestais em áreas federais prioritárias. Os outros R$ 34,1 milhões devem ser usados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na proteção e na recuperação da biodiversidade e no combate a desmatamentos e incêndios.

Na mensagem encaminhada ao Congresso Nacional junto com a MP, o Poder Executivo informa que os recursos devem ser gastos, por exemplo, na contratação de brigadistas, na aquisição de equipamentos de proteção individual, no pagamento de diárias e passagens e no aluguel de meios de transporte terrestres e aéreos.

“O Pantanal tem sido afetado por condições climáticas extremas em 2024, em decorrência da mudança do clima e dos fenômenos El Niño e La Niña, com grande aumento no número de focos de incêndio e da área queimada na região”, destaca o documento.

O Ministério da Defesa deve receber R$ 59,65 milhões para o emprego conjunto ou combinado das Forças Armadas. No caso do Exército, o dinheiro deve ser usado na aquisição de rastreadores e geradores, além de materiais de combate a incêndio, tratores de esteira e grades aradoras. Na Marinha, os recursos se destinam à compra de drones para sensoriamento térmico e ao estabelecimento de estação de tratamento de água, entre outros objetivos.

O Ministério da Justiça fica com R$ 5,72 milhões. A Polícia Federal deve aplicar R$ 3,75 milhões em pagamento de passagens aéreas, abastecimento de viaturas e aeronaves. Os recursos também devem custear o deslocamento de geradores, instrumentos de comunicação, helicópteros e aviões.

O Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) deve receber R$ 1,97 milhão. O dinheiro deve ser gasto com diárias, passagens aéreas, abastecimento e manutenção de viaturas de 80 profissionais em 60 dias de operações no Mato Grosso do Sul.

Os parlamentares podem oferecer emendas a essa MP até o dia 1º de agosto. A matéria entra em regime de urgência no dia 9 de agosto.

Com informações da Agência Senado

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