Mesmo com números apontando para uma retomada da economia em 2017, a Cielo não vê o crescimento sendo puxado pelo consumo no ano que vem, o que tornará o ano ainda desafiador para a companhia.
“O consumo vai ter um crescimento nominal pouco maior em 2017, o grande driver do crescimento do ano que vem não será o consumo”, disse o diretor-presidente da empresa, Rômulo Dias.
O executivo, que será diretor-presidente da Cielo até o final do ano, afirmou que a empresa deve focar em diminuir as despesas. “As pessoas ainda estão receosas para voltar com o consumo, temos que trabalhar para diminuir as despesas e manter o negócio sustentável”, comentou Dias. O presidente espera que o crescimento do consumo privado aconteça de forma mais forte em 2018.
A Cielo obteve lucro maior no terceiro trimestre, uma vez que a combinação de controle de custos e melhores resultados financeiros compensaram os efeitos da desaceleração nas operações com cartões de crédito e de débito.
A maior operadora de meios eletrônicos de pagamento do país anunciou nesta terça-feira que seu lucro líquido de julho a setembro somou R$ 1,05 bilhão, alta de 14,5% ante mesma etapa de 2015.
Isso mesmo com o volume financeiro de pagamentos feitos por meio de terminais de pagamentos da Cielo somando R$ 143,5 bilhões, alta de 4,5% sobre um ano antes. No segundo trimestre, o crescimento anual tinha sido de 9,8%. De julho a setembro, o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, na sigla em inglês), foi de R$ 1,38 bilhão no período, alta de 1,5% sobre um ano antes. E margem Ebitda caiu 1,6 ponto percentual ano a ano, para 45,1%.
A desaceleração no volume financeiro reflete a queda das vendas no comércio, com o país no segundo ano de recessão. Segundo o IBGE, as vendas no varejo brasileiro caíram 5,5% em agosto sobre um ano antes.
O balanço mostrou também um esforço da Cielo para limpar sua base, desativando pontos de venda com baixa ou nenhuma atividade. No fim de setembro, o total de pontos de venda ativos da Cielo era de 1,7 milhão de unidades, queda de 2 por cento em 12 meses. A base de POS –as maquininhas de pagamentos– teve redução de 3,8% em relação a um ano antes.
A companhia, no entanto, conseguiu compensar o desempenho menos vigoroso em seu negócio principal com melhores resultados financeiros. O resultado financeiro de R$ 370,6 milhões no trimestre foi 43,5% maior do que um ano antes, refletindo mais receitas com aplicações, menos despesas nessa linha e mais ganhos com antecipação de recebíveis e lojistas.
As antecipações de recebíveis, líquidos do custo de captação com terceiros e dos tributos, cresceram 5,4%, para R$ 603,6 milhões no trimestre, refletindo parcialmente o aumento de spread, diante de maiores volumes de aquisições de pequenos varejistas, que pagam taxas de juros maiores.